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A Fortaleza Espanhola dominando a paisagem sobre o porto de Hvar |
Uma vista inigualável aguarda os turistas que visitam Hvar e estão dispostos a galgar o morro junto à cidade para conhecer a
Fortaleza Espanhola, chamada de
Fortica na língua croata. O trajeto é simples para chegarmos até lá a pé. Subi até o fim os muitos degraus da primeira rua que sai da praça principal de Hvar, a Praça de São Estêvão, e atravessei o bairro de Groda (que por si só já vale um passeio detalhado pelas suas vielas pitorescas e casario). Em frente ao final da escadaria tem início o caminho que faz um ziguezague por um parque até chegar ao cume do morro. Para quem dispõe de carro, há uma estrada que leva até a entrada da fortaleza.
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Os degraus de subida à Fortaleza pelo bairro de Groda |
Apesar de parecer o contrário pela altura da fortaleza, a subida pela trilha sombreada é tranquila, não exigindo grandes esforços neste trecho. Leva cerca de vinte minutos. À medida que avançava, já dava para descortinar a cidade abaixo. O percurso passa por um portão sob a muralha defensiva, bem preservada, que desce da fortaleza até o meio da cidade. A extensão dessa muralha pode ser apreciada na foto que abre o post.
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A muralha defensiva que desce da fortaleza em direção à cidade |
Pouco depois alcancei a frente da fortificação, que se encontrava praticamente deserta, sem nenhum turista à vista - uma surpresa, já que havia cruzado com vários descendo a trilha. Curiosamente a entrada é feita pelos fundos por um portão secundário, após o pagamento de 25 kunas (cerca de € 3,50).
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O pátio deserto da Fortaleza Espanhola |
A Fortaleza Espanhola teve sua construção iniciada pelos venezianos em 1278, e seu nome se deve provavelmente à presença de engenheiros militares espanhóis durante suas longas obras. A fortaleza só foi concluída no século XVI, e em 1571 foi a tábua de salvação dos habitantes de Hvar, que lá se refugiaram quando os otomanos pilharam e incendiaram a cidade, conforme narrado no post anterior. Oito anos mais tarde, ocorreu o contrário - um raio causou uma explosão em um armazém da fortaleza, danificando suas instalações e destruindo novamente Hvar. A fortaleza foi desativada no século XIX, após Hvar deixar de ser base naval e portanto perder sua importância estratégica. Depois, durante o Império Austro-Húngaro foi acrescentado um quartel ao complexo e há 40 anos a fortaleza foi restaurada para se transformar em um importante ponto turístico da região.
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Outra tomada da Fortaleza Espanhola |
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Um dos canhões que defendiam Hvar dos invasores |
O que chama a atenção logo de cara é a vista soberba do seu pátio para a cidade e o mar abaixo, alcançando em dias claros a ilha de Vis, a 23 quilômetros ao sudoeste. Em seguida, dá para percorrer as instalações da fortaleza imponente, com canhões da época encravados no muro que protegiam a cidade, e as lúgubres celas das suas masmorras. Para finalizar, visitei um pequeno museu que expõe ânforas recolhidas do fundo do mar e outros artefatos arqueológicos. Após tanta caminhada, uma parada estratégica para beber algo no café existente no pátio da fortaleza, enquanto voltava a apreciar o visual.
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O porto de Hvar e as Ilhas Pakleni vistos da Fortaleza |
Como a fortaleza fechava cedo, estive lá no meio da tarde, o que já garantiu fotos sensacionais. Durante o verão (junho a setembro), o lugar permanece aberto até a noite, época em que se pode apreciar as vistas durante o pôr-do-sol.
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A ampla vista panorâmica, com destaque para a Praça de São Estevão unindo o Porto à Catedral, à esquerda |
Para quem quiser passar mais tempo na cidade de Hvar, uma ótima opção de passeio é a excursão de barco até a vizinha ilha de Vis para conhecer as Grutas Azul e Verde. Vis até a dissolução da Iugoslávia era uma instalação militar com acesso vedado aos reles mortais, sendo hoje uma ilha pouco povoada. As grutas levam os nomes das cores que a água adquire em seu interior ao ser banhada pela luz exterior, e a Gruta Verde tem um feixe de luz que sai de uma fenda no teto e avança até o fundo da água.
Já se a intenção é curtir uma boa praia no verão, a dica é pegar um táxi aquático no porto e rumar para as Ilhas Pakleni, em frente a Hvar. O significado do seu nome é 'Inferno', apesar de parecerem mais com um paraíso. Algumas das ilhotas entretanto são reservadas a nudistas, embora o traje (ou melhor, sua falta) não seja obrigatório.
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A orla de Hvar com as Ilhas Pakleni ao fundo |
Partimos no dia seguinte rumo a Dubrovnik. Fui dormir com a certeza de que poderia ter passado muitos dias a mais nessa ilha exuberante. Certamente voltar está nos meus planos futuros, para conhecer melhor e num ritmo mais calmo não só Hvar como as demais ilhas da região.
No próximo post, mostro em detalhes o lindo trajeto até Dubrovnik, com um percurso inicial atravessando toda a ilha de Hvar e em seguida uma passagem-relâmpago pela costa bósnia (e levantem as mãos aqueles que sabiam que a Bósnia possuía litoral!).
* Este é nono post da série sobre países da extinta Iugoslávia. Para visualizar os demais, acesse Atravessando os Bálcãs: Croácia, Eslovênia e Bósnia Postado por Marcelo Schor em 19.09.2013