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Dicas para viajar pela Croácia
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A cidadezinha de Samobor nas cercanias de Zagreb, famosa pelas trilhas e pela sobremesa típica |
Conforme o que já é tradição no blog, fecho a série de posts sobre a viagem aos Bálcãs compilando abaixo algumas dicas e observações para conhecer a Croácia, um país com atrações surpreendemente diversificadas. Quem a visita encontra locais com natureza impressionante e também monumentos que remontam à época das dominações romana e veneziana - uma lição de história para ninguém colocar defeito.
Clima: A Croácia é dividida em duas regiões bastante diferenciadas - a parte norte, onde fica a capital Zagreb, com clima da Europa Central, e a região costeira junto ao Adriático, com clima muito mais ameno no inverno. Durante as duas semanas que lá estive em maio, a temperatura máxima variou de 17 a 25 graus. De meados de junho a final de agosto, época da alta temporada, a região costeira pode apresentar temperaturas superiores aos 30 ºC. Neste período, além do calor, se enfrenta congestionamento de gente nas principais cidades turísticas da região, como Dubrovnik, Hvar e Split, além de filas para os ferries. Em compensação, é a época ideal para quem curte uma praia.
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O porto velho de Dubrovnik e a ilha de Lokrum, onde se situa uma das mais conhecidas praias de nudismo na Croácia |
Idioma: É muito fácil encontrar pessoas que falem inglês. Não tive qualquer problema para me comunicar na Croácia, seja em lojas, restaurantes ou rodoviárias. A excelente infraestrutura turística também ajuda. O mesmo ocorreu na vizinha Eslovênia. Pensei encontrar alguma dificuldade em Sarajevo, na Bósnia, mas a comunicação também foi tranquila.
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A Placa, rua principal da cidade amuralhada de Dubrovnik, ao entardecer |
Moeda: - A moeda da Croácia por enquanto é a kuna, cuja cotação estava em torno de 7,5 kunas para um euro. A Croácia acabou de aderir à União Europeia em julho passado e não se sabe se o governo adotará o euro no futuro. As cidades costeiras do Adriático, por serem turísticas, possuem um custo de vida mais caro que a capital.
- Tanto na parte bósnia da estrada que dá acesso a Dubrovnik quanto em Mostar se aceitam kunas como pagamento, não sendo necessário adquirir marcos conversíveis, a moeda da Bósnia.
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A sofisticada ilha de Hvar |
Transportes:- Zagreb, Zadar, Split e Dubrovnik possuem aeroportos internacionais com voos oriundos das principais cidades europeias. Para as ilhas de Hvar, Brač e Vis o melhor é chegar em Split e no dia seguinte pegar o barco.
- Para consultar o horário de ferries e catamarãs, acesse o site da companhia Jadrolinija, www.jadrolinija.hr. O site permite a compra online para alguns percursos; infelizmente, os que servem Hvar não estão incluídos - neste caso, a compra tem que ser feita na hora. Durante o verão, um serviço de ferry interliga Split, Hvar, Corčula, Miljet e Dubrovnik.
- Usar ônibus como transporte entre as cidades croatas é fácil e eficiente. Os ônibus são pontuais.
- As autoestradas de pista dupla estão em ótimo estado de conservação. Prepare-se para pagar pedágio para utilizá-las. Encontramos boas pistas também nas demais estradas, exceto no trecho entre Stari Grad e Sucuraj, na ilha de Hvar, em obras.
- Para quem chega de ônibus ou barco a Dubrovnik, as estações ficam longe do centro histórico, a quatro quilômetros. Nas demais cidades da costa, as estações estão bem no centro ou nas suas cercanias. Em Split, a estação rodoviária interurbana se localiza junto ao cais, facilitando o transbordo entre barcos e ônibus para quem deseja viajar direto entre as ilhas e outra cidade croata no continente.
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Coluna romana nas ruas de Zadar |
Sugestão de roteiro: Além de Plitvice, as grandes atrações croatas são Dubrovnik, as ilhas do Adriático, cuja representante mais conhecida é Hvar, e um degrau abaixo na minha opinião, o conjunto Split/Trogir. Segue uma ideia de roteiro que pode ser feito por carro ou por ônibus e barco:
- Chegada em Zagreb com um pernoite na capital.
- Um dia em Plitvice, com pernoite no parque ou em Zadar (Plitvice é ligada por ônibus frequentes a Zagreb e Zadar, portanto é comum pegar ônibus de manhã em Zagreb, passar o dia no parque e seguir no final da tarde para Zadar, passando a noite lá). Se for pernoitar em Plitvice, outra opção é rumar direto para Split.
- Dois dias em Split, dividindo-se entre Split e Trogir. Aliás, considero um crime estar em Split e não conhecer Trogir, a poucos quilômetros de distância. A cidade-ilha encanta à primeira vista.
- Dois ou mais dias em Hvar, incluindo o passeio de barco à ilha de Vis com suas grutas. Se dispuser de mais tempo (vale muito a pena!), as ilhas vizinhas de Brač e Korčula também possuem lugares paradisíacos. O final de junho é a época da floração da lavanda em Hvar, um destes locais únicos que lamentei profundamente não ter permanecido mais tempo. A ilha é imperdível.
- Três ou mais dias em Dubrovnik. Além da ilha fronteira de Lokrum, podem ser feitas excursões de barco à ilha de Miljet, um paraíso natural, e a Kotor, no país vizinho de Montenegro. Existem até excursões rodoviárias a Mostar, na Bósnia, a 140 km de distância; neste caso se prepare para uma maratona de passagens de fronteira entre Croácia e Bósnia, das quais a última pode ser demorada.
Para quem tem poucos dias à disposição , aterrisse em Split, visite Hvar e volte de Dubrovnik.
Caso venha da Itália por terra, a península da Ístria abriga cidades costeiras bem bacanas a poucos quilômetros de Trieste, como Pula, Rovinj (as quais não visitei, mas conversei com pessoas que adoraram) e Opatija.
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O porto de Volosko, na entrada da península da Ístria junto a Opatija |
Cuidados e Segurança: - Eslovênia e Croácia são bem tranquilas com relação à segurança. Pode-se caminhar sem problemas nas ruas, mas lembre-se - batedores de carteira existem em qualquer lugar.
- A água da torneira é potável (mas preferi sempre beber água mineral).
- Olho vivo: graças às peculiaridades da língua croata, as ruas podem ter nomes ligeiramente diferentes nos mapas e na placa. Assim, a rua principal da cidade antiga de Zagreb pode aparecer como Ulica Ivana Tkalčića ("rua" em croata seguida do nome do homenageado) ou mais comumente é grafada apenas como Tkalčićeva ("de Tkalčić").
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Cantores se apresentam no Vestíbulo do Palácio de Diocleciano em Split |
Programas culturais: - Assisti a pequenas apresentações de cantores paramentados em roupas típicas nas praças de Split, Trogir e Dubrovnik. As canções, assim como estes coros de cantores de música folclórica, são chamadas de klapas, e são uma tradição nascida há séculos nas montanhas da Dalmácia. Há festivais anuais destas canções, e uma klapa representou o país no Eurovision deste ano na Suécia, o mais importante festival europeu da canção que aconteceu enquanto eu estava na Croácia.
- Como no restante da Europa, o verão é a época certa para se assistir a concertos noturnos fabulosos nas igrejas.
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A Praça João Paulo II em Trogir, com os prédios da Prefeitura e da Lógia |
Compras:
- O calçadão do porto de Hvar está repleto de barracas com garrafinhas e sachês de lavanda, o produto maior da ilha.
- Sendo originárias da Croácia, as gravatas são um artigo típico para compra, especialmente em Zagreb, onde se encontram exemplares de qualidade excelente.
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Vitrine de uma confeitaria em Zagreb |
Comida:
- Refletindo a povoação de cada área, as duas regiões da Croácia também possuem culinárias distintas: na costa do Adriático você vai se deleitar com os peixes e frutos do mar regados a muito azeite de oliva, como manda a tradição mediterrânea. A culinária italiana também está bastante presente. A costa e as ilhas da Dalmácia também são famosas pela produção de vinhos, que acompanham as refeições. No norte do país, a comida já é mais pesada, sob influências austríaca e húngara e do própria clima mais rigoroso, com destaque para a carne de porco e para as sobremesas calóricas.
- Para lanches mais rápidos, o burek (folheado recheado) e o kebab, heranças turcas, marcam ponto na Croácia e nas vizinhas Eslovênia e Bósnia.
- As konobas são alternativas mais baratas aos restaurantes tradicionais, com comida mais simples e tradicional do local.
- Quanto à gorjeta em restaurantes, na hora de pagar os croatas normalmente arredondam a conta para a cifra superior.
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Vista geral de Split |
PS: Se você não se lembra de eu ter mencionado nos posts anteriores Samobor, a cidade da foto que abre este post, está absolutamente certo - por falta de espaço no relato de Zagreb, deixei de falar neste passeio que fiz a essa cidadezinha a 25 quilômetros da capital croata, embarcando num ônibus na rodoviária zagrebina. Samobor possui uma praça central encantadora, com a arquitetura típica austro-húngara da região, mas é mesmo conhecida por duas outras atrações: é o berço do montanhismo na Croácia, sendo o ponto de partida de várias trilhas que escalam as montanhas Samoborske Gorje, fazendo o deleite dos amantes de caminhadas; além disso, aqui se pode provar o kremšnita, um doce quadrado folheado com creme de baunilha.
* Este é o último post da série sobre países da extinta Iugoslávia. Para visualizar os demais, acesse Atravessando os Bálcãs: Croácia, Eslovênia e Bósnia Publicado por Marcelo Schor em 26.11.2013
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