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A bandeira suíça tremula sobre um rochedo em Waldkirchli, na borda dos Alpes no nordeste do país |
A Suíça é um daqueles países que sempre povoaram nossa imaginação - quem nunca sonhou em saborear uma fondue deliciosa num chalé, apreciando da janela uma paisagem emoldurada por picos brancos de neve? Espalhada pelos seus 26 cantões há uma diversidade considerável de cenários, tanto naturais, abrangendo belíssimos lagos, montanhas e geleiras, quanto culturais, com museus interessantes e cidades medievais que não deixam nada a dever às colegas dos países vizinhos.
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Os picos eternamente nevados da região do Jungfrau |
Parte dessa variedade é resultado das três principais culturas existentes na Suíça, originárias das línguas faladas nos cantões: o alemão suíço (escrito como o alemão tradicional, mas falado de forma radicalmente diferente), o francês e o italiano. Ainda há o romanche, lingua latina falada por uma minoria na região leste. É impressionante como ao se trocar de região linguística, se alteram os costumes dos habitantes, mudança que se estende à arquitetura e à culinária. Aliás, a gastronomia é um ponto fortíssimo em qualquer viagem à Suíça. Particularmente sou fã da comida suíça, cujos representantes mais significativos dos lados francês e alemão são a fondue e a batata rösti, esta última com uma variedade surpreendente de apresentações. E já que mencionamos fondues, não podemos nos esquecer de ícones suíços como o chocolate e o queijo, ainda mais quando passamos por localidades com nomes gustativos como Gruyères.
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O Monte Pilatus visto a partir do Lago dos Quatro Cantões |
A série que se inicia com este post abrange duas viagens que fiz: a primeira, cinco anos atrás, realizei com minha família, quando percorremos grande parte da Suíça em 12 dias. Sendo eu o planejador da viagem, como era o primeiro contato com a Suíça para a maioria do grupo, procurei cumprir um roteiro eclético onde pudéssemos conhecer os pontos mais representativos das Suíças francesa e germânica. Era importante incluir pelo menos uma base alpina para conhecermos os picos nevados (escolhi Interlaken, deixando Zermatt e St.Moritz para outra oportunidade; além do mais, estas duas são mais isoladas) e uma base no lago de Genebra para acesso à Suíça francesa (Lausanne foi a selecionada pela posição geográfica central). Lucerna foi a terceira base, permitindo também fazer o passeio pelo lago até o mirante alpino do Monte Pilatus. Zurique, ponto de chegada na Suíça, fechou a lista como quarta base.
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A Suíça e seus cantões - as bases usadas para pernoites estão em quadrados pretos |
A segunda visita realizei há algumas semanas, quando fiz uma escala de alguns dias em Zurique voltando de Malta - um país maravilhoso sobre o qual contarei em breve no blog. Desta vez, procurei conhecer alguns lugares não muito visitados por brasileiros, mas que também são bastante interessantes, como Appenzell, Ebenalp e Murten.
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A encantadora cidade de Lucerna |
Realizei ambas as viagens num mês de maio, época de algumas peculiaridades na Suíça: é baixa temporada com temperaturas normalmente agradáveis, mas o tempo é um pouco instável e é bom estarmos preparados para alterar os planos caso apareça chuva. Nesta última viagem, enfrentei tempo chuvoso durante dois dias, e tive que improvisar. Tinha previsto subir ao mirante do Monte Rigi, um passeio muito bonito totalmente gratuito pelo Swiss Pass, mas uma furada completa sob tempo inclemente; acabei substituindo em cima da hora por uma ida até Lugano, perto da fronteira com a Itália. A desvantagem principal de maio é que algumas atrações alpinas se encontram fechadas, só reabrindo no final do mês. Além disto, até esta época o número de rotas lacustres também é menor.
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Usando o Swiss Pass: trem estacionado na gare da estação central de Zurique |
E já que falamos no
Swiss Pass, este é um companheiro inseparável para aqueles que querem percorrer a Suíça numa viagem, ainda mais se considerarmos que alguns trajetos já são uma atração por si só pela paisagem indescritível, como é o caso do Golden Pass, ferrovia entre Montreux e Lucerna. O passe de transporte suíço dá acesso ao transporte ferroviário, e de quebra, aos ônibus municipais e a diversas rotas de barco nos lagos. Permite também o acesso gratuito a diversos museus e castelos, dentre os quais os Castelos de Gruyères e o de Chillon, em Montreux. Para complementar, dá descontos substanciais nos principais teleféricos alpinos.
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A cadeia dos Alpes de Appenzell, vista do mirante do pico Ebenalp |
O jeito mais fácil e barato (leia-se sem sobretaxas cobradas pelos sites de vendas) de adquiri-lo é fazê-lo quando chegar ao país, nos aeroportos ou estações ferroviárias, bastando apresentar o passaporte na ocasião. Pode ser comprado para dias corridos ou saltados, e como se trata de um passe relativamente caro, é interessante perder algum tempo fazendo as contas para verificar se ele realmente vale a pena - a forma mais prática é consultar o custo das passagens ferroviárias pelo site www.sbb.ch/en. No nosso caso, a economia chegou a 30%. Junto com o passe vem um utilíssimo mapa da Suíça com as rotas cobertas, incluindo os teleféricos e barcos com desconto parcial, mostrados em cores e tracejados diferentes que indicam o percentual de desconto.
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Lugano, na Suíça de idioma italiano |
A Confederação Suíça é um dos países europeus de padrão mais elevado, com pessoas educadas, ruas limpas, cidades pouco violentas e transportes rigorosamente no horário. E quando alguma coisa dá errado, se desculpam. Aconteceu comigo - no aeroporto de Zurique, a espera pela minha mala vinda de Malta demorou longuíssimos (para os padrões suíços) 40 minutos. Lá pelos 25 minutos de espera, quando a maioria das malas já tinha aparecido, mas um número razoável de viajantes ainda aguardava a aparição da sua bagagem na esteira, o alto-falante anunciou em inglês: "Senhores passageiros do voo da Air Malta, ainda há malas a chegar na esteira. Houve um problema e em alguns minutos a bagagem aparecerá. Lamentamos profundamente o ocorrido e pedimos desculpas".
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Schaffhausen, cidade no norte suíço perto de Zurique |
E para ninguém levar susto, sim, a Suíça é um país caríssimo. Desde os hotéis até os restaurantes, tudo custa muito, mesmo para quem infelizmente já se acostumou com os preços extorsivos agora praticados no Rio de Janeiro. Quase caí para trás ao constatar que o refrigerante mais barato que paguei em restaurantes de Zurique, sempre servido em copos ou garrafinhas e nunca em lata, custou 4,50 francos (R$ 11,30).
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Uma fonte medieval na cidade histórica bilíngue de Murten (ou Morat, em francês) |
Como vou focar em locais visitados nas duas viagens, desta vez não vou seguir a ordem cronológica de roteiro na publicação dos posts, mas vou encerrar cada um informando a base de onde fiz o passeio e como o Swiss Pass pode ser utilizado em cada visita. Começamos a série com os próximos dois posts mostrando a região de Interlaken e suas paisagens alpinas.
Posts já publicados na série:
- As neves do Schilthorn
- Interlaken e seus arredores
- Gruyères: queijo, vila e castelo
- Appenzell, onde a Suíça é mais tradicional
- Ebenalp - em busca da rösti perfeita
- Murten, uma cidade medieval na Suíça
- Os encantos de Lucerna
- Passeio ao Monte Pilatus
- Lugano, a Suíça à italiana
- Berna, a capital dos ursos
- Lausanne, Capital Olímpica
Postado por Marcelo Schor em 10.07.2014
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Ali estava eu, finalmente, na Suíça! Um daqueles países que ambicionava conhecer há muito! E não precisei de pensar muito para o fazer desta vez...sozinha [o meu marido tinha de estar a trabalhar neste período]! Afinal, tinha alojamento gratuito...