A beleza barroca de Braga
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A beleza barroca de Braga


A Praça da República enfeitada para a Festa de São João, junto à Arcada que encobre parcialmente a Torre de Menagem

        Braga é um destino perfeito para um bate e volta por trem ou ônibus a partir do Porto. Dista apenas 1h10min por trem, que sai da estação de São Bento, por si só uma atração turística. Confesso que pouco conhecia da capital do Minho, famosa pelo seu conjunto arquitetônico barroco. As raras imagens que tinha visto eram de uma atração que fica nas suas cercanias, a Igreja de Bom Jesus do Monte, que aliás acabei não visitando por uma razão simples: excedi o tempo que havia planejado para conhecer o centro histórico de Braga.

       Descobri uma cidade agradável repleta de monumentos históricos no seu centro, a maioria ilustres representantes da era barroca. Aliás, a arte barroca de Braga guarda muita semelhança com a das cidades  mineiras, como Ouro Preto.

A Avenida da Liberdade com seus canteiros floridos 

       Ainda tive dois brindes adicionais: era o final de maio e em plena primavera os vários jardins que colaboram para a beleza da cidade estavam muito floridos. Além disso, os bracarenses já haviam pendurado nas praças os enfeites coloridos para uma das duas maiores festas da região, o Dia de São João, comemorado em 24 de junho. Nessa noite, a população ocupa as ruas com cortejos, encenações e danças com roupas típicas. Uma tradição curiosa deste dia é o uso de martelinhos estridentes com os quais as pessoas batem umas nas outras. A outra grande festa é a Páscoa, com as maiores celebrações religiosas de todo Portugal na data.

       A cidade mais antiga de Portugal é a terceira em população, com 170.000 habitantes. Numa área anteriormente ocupada pelos celtas, foi fundada e batizada pelos romanos há mais de 2.000 anos com o nome de Bracara Augusta, dado pelo imperador Augusto. Além das atrações históricas, é um importante centro eclesiástico e universitário. Graças aos jovens universitários, Braga não tem aquele ar embolorado que costuma acompanhar cidades muito antigas e preservadas. Para confirmar essa impressão, Braga foi eleita a Capital Europeia da Juventude em 2012.

A Câmara Municipal bracarense

         A estação ferroviária fica a uns 400 metros do centro histórico, que é compacto e pode e deve ser percorrido a pé. Basta passarmos sob o Arco da Porta Nova, a entrada da cidade histórica mais próxima à estação, e andarmos pela rua principal de pedestres, a rua do Souto, para sentirmos a transformação de ambiente. 

          A uma quadra ao norte do Arco fica a Câmara Municipal, dominando a Praça do Município. O prédio do século XVIII é considerado um dos melhores exemplos de arquitetura barroca ibérica, mas levou mais de cem anos para ser completado.

O Pátio da Sé
        Voltando à rua principal, logo chegamos à , a catedral mais antiga de Portugal. A entrada para o seu pátio é tão discreta que pode passar despercebida por quem passeia pela rua, mas quando atravessamos o portão imediatamente somos transportados para séculos atrás ao nos depararmos com a visão de algumas ruínas, do claustro e da igreja propriamente dita. A catedral, cuja construção original foi iniciada no século XI onde antes existia uma mesquita, é uma mistura de estilos, passando do românico ao manuelino, e claro, ao barroco. Dignos de apreciação são o altar manuelino e os dois órgãos de tubos construídos em 1737, dos quais alguns tubos submersos simulam o canto de pássaro. Vários túmulos se encontram também espalhados pela Catedral, com destaque para os dos pais de D.Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal no século XII.

O Largo do Paço

       Do outro lado da rua fica o Paço Episcopal. A residência dos arcebispos de Braga teve sua construção iniciada no século XIV e na realidade é um conjunto de edifícios de épocas distintas voltados para três ruas diferentes. O edifício mais antigo fica no largo em frente à Sé, o Largo do Paço, uma pequena área livre rodeada por três lados pelos prédios que compõem o Paço. O Chafariz dos Castelos, de 1723, no centro do largo, ajuda a compor a atmosfera medieval.

       Os arcebispos dominaram Braga por sete séculos, acumulando a atividade religiosa com a administração da cidade, cobrando impostos e impondo leis. Por conta de todo este poderio, Braga era chamada de "A cidade dos arcebispos" e o seu governo com sede no Paço, de "República Bracarense", sendo extinto em 1792 por D.Maria I, rainha e mãe de D.João VI.

O Jardim de Santa Bárbara

        Complementando o conjunto arquitetônico do Paço está o bonito Jardim de Santa Bárbara, cujas alamedas floridas terminam nas muralhas medievais do complexo. Visto do Jardim, o Paço mais parece uma fortaleza ou castelo. O nome do Jardim provém da sua fonte central com uma estátua da santa. Nas suas redondezas existem vários cafés onde se pode saborear as  sobremesas deliciosas do norte de Portugal, em especial os doces mais famosos de Braga - os fidalguinhos e o Pudim Abade de Priscos, cuja receita inclui toucinho e vinho do Porto.

A muralha do Paço Episcopal junto ao Jardim de Santa Bárbara

         Ao chegarmos ao final da Rua do Souto nos deparamos com a praça principal de Braga, a Praça da República, com seu formato peculiar - a longa praça vai se afunilando cada vez mais à medida que caminhamos. A Secretaria de Turismo, na esquina com a Avenida da Liberdade, fornece um utilíssimo mapa com trinta atrações barrocas destacadas. A praça também é conhecida como Arcada, devido ao seu prédio mais famoso, construído junto à então muralha medieval do antigo Castelo de Braga, da qual só sobrou a Torre de Menagem. Uma fonte luminosa completa a paisagem da praça junto à Arcada. Todo esse conjunto pode ser apreciado na foto que abre o post e na próxima.

A fonte e a Arcada à esquerda na Praça da República

         Um museu cuja visita vale a pena é o Palácio dos Biscainhos, uma residência de nobres bracarenses erguida no século XVII. Seus salões possuem tetos luxuosos e painéis de azulejos. Destacam-se no acervo a mobília, cerâmica e instrumentos musicais da época, dando uma boa ideia de como era a vida da nobreza. O piso incomum permitia às carruagens adentrarem o edifício para maior conforto no desembarque dos seus ocupantes.

        Para não dizer que me desapontei com algo, não pude apreciar uma das fachadas mais bonitas, a do Palácio do Raio. A rua em frente era um enorme buraco em obras e vários guindastes tapavam a visão. Esta fica para a próxima visita, junto com Bom Jesus do Monte...



  Postado por  Marcelo Schor  em 08.03.2013  



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