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A vila de Sintra, com o Palácio Real ao centro, vista do Castelo dos Mouros |
Sendo um usuário habitual da TAP, faço conexões frequentes em Lisboa, muitas vezes passando alguns dias na capital portuguesa. Já fiz vários passeios de um dia conhecendo lugares maravilhosos como Évora, Estoril e Óbidos, mas sem dúvida considerei Sintra a minha favorita de todas estas localidades. A combinação de arquitetura, palácios e natureza me cativou.
Quando estive na Ilha da Madeira e segui para Lisboa, fiz questão de voltar a Sintra e visitar a cidade num ritmo mais calmo. Já tendo visitado o Palácio Real e o Palácio da Pena em outra ocasião, procurei focar numa atração que ainda não conhecia: o Castelo dos Mouros.
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A Estação do Rossio em Lisboa |
Sintra é facilmente acessada desde Lisboa por trem que sai da Estação do Rossio, recentemente restaurada. O prédio de 1886 em estilo manuelino é por si só uma atração turística lisboeta com seu relógio. Após percorrer dez quilômetros, o trem passa pela localidade de Queluz, onde se situa o famoso palácio onde nasceu D.Pedro I. Quarenta minutos após deixar o Rossio e subir a serra, o trem alcança Sintra.
A estação terminal ferroviária fica localizada a 600 metros da praça central da vila velha de Sintra, onde está situado o Palácio Real. Junto à estação fica o ponto final do ônibus 434, que interliga as principais atrações turísticas de Sintra - o Palácio Real, o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, passando a cada 20 minutos. O passe comprado permite soltar em alguns pontos do trajeto circular. Como era um domingo, o ônibus estava bem lotado, mas para quem não tem transporte próprio, é imprescindível para se chegar às duas últimas atrações, a não ser que você tope encarar uma subida pesada a pé.
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O Paço do Concelho de Sintra |
Como já conhecia Sintra, optei por utilizar o 434 somente em alguns trechos (os íngremes, naturalmente). No trecho inicial, segui a pé da ferroviária até a praça do Palácio Real. Desta forma, pude apreciar no caminho a linda fachada do Paço do Concelho, a Câmara Municipal, concluído em 1908. A torre do Paço lembra a de um castelo, sendo seu telhado revestido de azulejos e tendo no topo uma esfera armada com o escudo de Portugal.
Em seguida, prossegui pela Curva do Duche, descortinando à medida que caminhava a vila velha, cercada pelas montanhas cobertas por florestas. O caminho é muito agradável, passando pela entrada do parque da cidade. No meio do percurso, fiz uma parada na Queijaria Sapa para devorar as deliciosas queijadas de Sintra.
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Painel de azulejos retratando a vila de Sintra como era séculos atrás |
Cheguei à praça central da vila velha, situada em frente ao
Palácio Real. Este é
o palácio mais antigo de Portugal remontando ao século XIV e usado pela família real portuguesa para veraneio até a deposição da monarquia em 1910. O palácio com decoração nos estilos mouro e manuelino é conhecido por suas exóticas chaminés cônicas. Era uma manhã de domingo e a praça estava tomada por uma quermesse (confira as pessoas em círculo na praça na foto que abre o post). Aí se localiza também o escritório de turismo.
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Viela da vila de Sintra |
A vila antiga de Sintra é um lugar para sair andando pelas vielas pitorescas e tortuosas, apreciando o casario e se deparando com painéis de azulejos, como é comum nas vilas do interior português. De lá peguei o ônibus 434 que subiu lentamente a estrada íngreme até chegar ao Castelo dos Mouros. Ou melhor, até a entrada do parque onde se situam suas ruínas. A estrada é bastante sinuosa, e as pessoas que estavam em pé sofreram um pouco nas curvas fechadas.
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O Palácio Real e suas chaminés cônicas |
O Castelo dos Mouros, cujo nome oficial é Castelo de Sintra, é uma fortificação que data do século IX. Foi construído no alto da Serra de Sintra pelos muçulmanos que dominavam Portugal nessa época. Devido à sua ampla vista até a costa, sua principal função não era de defesa e sim de vigilância, visando garantir a segurança de Lisboa e dos arredores. A região foi conquistada em 1147 por D. Afonso Henriques (mencionado no post sobre Guimarães) e o castelo se rendeu às suas forças. A partir daí, a fortaleza foi caindo no ocaso até ser abandonada. O terremoto de 1755 acabou de destruir o que já se encontrava em mau estado. As muralhas do castelo foram restauradas somente no século XIX, servindo como atração turística desde então.
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A Torre da Alcáçova no Castelo dos Mouros |
Pode-se alcançar o castelo por dois acessos. O mais longo sobe morro acima a partir da vila; o segundo, o mais prático e portanto mais utilizado, tem sua entrada a poucos metros da parada do ônibus 434. Após pagar a entrada de €7 (ou €17 se combinado com o vizinho Palácio da Pena), entramos numa trilha que avança pela vegetação até alcançar o portão sob a muralha do castelo, onde se deve apresentar o ingresso comprado no início da trilha. A meio caminho do castelo existem algumas escavações na rocha, que eram usadas como silos pelos mouros para estocar cereais.
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As muralhas do castelo e a ampla vista |
O castelo propriamente dito hoje é composto de muralhas de pedra num perímetro de 450 metros e cinco torres remanescentes, das quais a mais conhecida é a Torre da Alcáçova. Esta era a porção mais elevada onde morava o governador do castelo, sendo portanto a sua área nobre. Sua segurança era reforçada para servir como último reduto em caso de ataques. Na área interna às muralhas resta pouca coisa e o destaque são os cones de ventilação da cisterna, o reservatório de água pluvial com nove metros de profundidade e capacidade para 972 m³ , também de importância fundamental para sobrevivência em eventuais cercos.
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A Quinta da Regaleira por entre a abertura da muralha do Castelo |
O que mais me encantou no castelo, além da vista soberba de Sintra e da planície até o Oceano Atlântico, foi a possibilidade de caminhar sobre as muralhas que serpenteiam pela encosta da Serra de Sintra. Guardadas as devidas proporções, me fez lembrar fotos da Muralha da China... Para tornar o percurso ainda mais interessante, ao longo da muralha se encontram hasteadas todas as bandeiras que Portugal já teve, desde a primeira bandeira branca com uma cruz azul usada por D. Afonso Henriques até a atual bandeira vermelha e verde, posta significativamente sobre a Torre da Alcáçova. Entre elas, a bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves adotada por D. João VI quando governou o país a partir do Rio de Janeiro. A única exceção na série é uma bandeira com caracteres árabes que traduzidos significam "Sintra", uma homenagem aos fundadores do Castelo.
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A bandeira fictícia com caracteres árabes em meio às bandeiras da história de Portugal |
Sintra teve uma peculiaridade - foi visitada pelos dois autores do blog em viagens separadas por um curto espaço de tempo. Enquanto um usou o trem, o segundo veio de automóvel. No próximo post, o Vinicius Buccazio apresenta as suas impressões de Sintra, detalhando os outros tesouros deste Patrimônio da Humanidade, entre os quais a Quinta da Regaleira e o magnífico Palácio da Pena.
- Para conhecer as praias das cercanias de Sintra, acesse o post Arredores de Sintra.
Postado por Marcelo Schor em 28.04.2013
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Sintra é uma ótima opção de passeio para quem está visitando Portugal, seja como um passeio de um dia a partir de Lisboa ou mesmo para pernoitar várias noites e conhecer esta região lusitana com mais calma. Meu amigo Marcelo...
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Confesso que adoro Sintra! Para mim é um dos locais mais românticos deste país à beira mar plantado e adoro lá voltar...e se em Agosto do ano passado não tive oportunidade de visitar o palácio nacional quando lá estive (encerra às quartas) este...
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