No nosso último passeio por terras alentejanas, em agosto passado, passamos por
Avis, uma vila desconhecida por completo (pelo menos para mim). Apesar de, a nível histórico, lembrar-me perfeitamente da segunda dinastia reinante (entre os séculos XIV-XVI) em Portugal e da ordem religiosa militar, com esse mesmo nome!
Assim, nesse dia, antes do almoço e de seguirmos viagem para Portel, passamos uma boa parte da manhã no
CIOA- o centro interpretativo da ordem de
Avis e no
museu municipal ou
museu do campo alentejano, ambos instalados no convento do século XIII!
Para quem não sabe (ou lembra) o atual território de
Avis foi doado pelo rei D. Afonso II (que mais tarde passou a ser) à
ordem de S. Bento de Avis, tendo sido ali construído o castelo e o conjunto conventual.
Um século mais tarde, o rei D. Pedro I de Portugal entregou o cargo máximo desta ordem ao seu filho (ilegítimo) João.
Com a morte do rei D. Pedro, a população e a nobreza uniram-se a favor deste (filho) contra a filha legítima do rei : Beatriz de Portugal (que era casada com o rei de Castela)!
Após a famosa batalha de Aljubarrota em que Portugal saiu vitorioso (com o apoio da Inglaterra), foi aclamado nas cortes de Coimbra, o rei D. João I- mestre da
ordem de Avis (com sede nesta vila)-
o percursor dos descobrimentos marítimos portugueses!
Instalado na ala sul do claustro norte deste antigo convento, desde agosto de 2014, o
CIOA conta-nos a história dos primórdios da ordem de
Avis, as suas origens e respetiva evolução (como o infante João ter aqui sido criado conjuntamente com a sua mãe, a mando do rei), até à extinção das ordens religiosas, séculos mais tarde!
Apesar disso, o regime das ordens foi novamente regulamentado (em 1986) e é atribuído pelo Presidente da República- o grão mestre das ordens- a militares excepcionais!
No conjunto conventual estão bem visíveis: a igreja, o claustro, a cisterna, o refeitório e as salas do capítulo e a de leitura. Nestas últimas duas, onde está instalado o
museu do campo é possível ver os instrumentos utilizados na agricultura nos séculos passados e o interior de uma casa alentejana!
Na entrada, a cozinha que também funcionava como sala de estar e de trabalho, recebiam-se as visitas e possuía uma lareira no chão onde se defumavam os enchidos, aquecia a água e as várias divisões, incluindo os quartos mais modestos, nas traseiras!
Foram ainda descritas outras tarefas realizadas no campo como a tosquia nos meses de Abril a Junho (que apropriado, já que estive na "Ovibeja" a ver realizar esta tarefa, há dias atrás), a importância da ceifa, do pastoreio, dos olivais e as (já terminadas) exposições de Artur Azedo (mestre na arte da marcenaria) e Salgueiro Maia (militar que liderou a revolução do 25 de Abril de 1974, tendo marcado o final da ditadura em Portugal)!