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Os três picos de Eiger, Mönsch e Jungfrau, vistos do mirante do Schilthorn. Na parte de baixo da foto, um dos postes de sustentação do teleférico |
Um dos passeios mais fascinantes que se pode fazer desde Interlaken é a subida por teleférico ao Monte Schilthorn. Muito menos conhecido que o Jungfrau, este pico está incrustado num cenário alpino belíssimo e tem como grande vantagem poder ser visitado num passeio de meio dia. Além disto, a passagem é muito mais barata. Para terem uma ideia, chegamos no final da manhã a Interlaken; como o tempo estava ótimo, foi só deixarmos a mala no hotel e nos encaminharmos para a estação ferroviária. Ao anoitecer estávamos de volta a Interlaken.
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As localidades no caminho para o Schilthorn |
O Schilthorn é um pico do maciço de Jungfrau que alcança 2.970 m de altitude. Durante o inverno, é desde 1928 o ponto de partida de uma das mais famosas competições de esqui, a Inferno (pelo nome, deve ser bem desafiante...). O pico é acessível por teleférico que sai do vale de Lauterbrunnen, com uma estação intermediária na vila de Mürren. Para chegar até lá, encaramos o trajeto trem-bondinho-trem-caminhada-teleférico. Não é nada complicado como pode parecer, e o roteiro todo é extremamente cênico.
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Lauterbrunnen e a cascata de Staubbach |
Até Lauterbrunnen, o caminho pela ferrovia é o mesmo de quem segue para o Jungfrau. A partir da estação de Interlaken Ost, em 20 minutos de viagem o trem passa por muita floresta e riachos, entrando no vale até alcançar Lauterbrunnen. Enquanto os turistas rumo ao Jungfrau embarcaram em outra plataforma da estação para subir a Wengen (um dos focos do próximo post), atravessamos a rua para pegar o bondinho que sobe a encosta da montanha rumo a Grütschalp. Lauterbrunnen é uma vila típica suíça e merece uma parada de alguns minutos nem que seja para ver de perto a Cascata de Staubbach, uma bela queda d'água de 300 m, a mais alta da Suíça.
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Os verdejantes vales da região do Jungfrau |
O bondinho é bem moderno, pois foi inaugurado em 2006 - ainda se podia ver o funicular que ele substituiu, encostado numa linha lateral. Após galgar 700 m acompanhando a subida da encosta, o bondinho chegou a Grütschalp, onde um outro trem já nos aguardava rumo a
Mürren (os horários são sincronizados). Os trilhos com quatro quilômetros de extensão vão avançando pela encosta, sempre ladeando o vale abaixo.
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A pacata vila de Mürren |
Para chegar à estação do teleférico tivemos que atravessar a pé a pequena vila, o que não foi nenhum sacrifício. Mürren é linda, incrustada nas montanhas com os chalés alpinos típicos de madeira em meio à grama. Durante o inverno, ferve com os esquiadores que se hospedam em seus inúmeros hotéis, mas num plácido início de tarde de maio, estava bem deserta. Carros por aqui não existem, a vila só pode ser alcançada por trilhos ou teleférico e o abastecimento de mantimentos é feito pelo trem pelo qual viemos.
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Outra vista do vale de Lauterbrunnen a partir de Mürren |
A principal atração da vila de 500 habitantes a 1.690 m de altitude é a vista dos três picos Eiger, Mönch e o próprio Jungfrau, e do vale abaixo espremido entre as encostas. Claro que a toda hora parávamos para fotografar o contraste entre o branco dos picos nevados e o verde do vale.
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Deixando a estação de Mürren no teleférico rumo ao Schilthorn |
Como mencionei, Mürren é na realidade uma estação intermediária no teleférico entre Stechelberg e o Schilthorn. Desta forma, do mesmo modo que acontece com o circuito do Jungfrau, se pode subir por um caminho e voltar por outro. Nossa ideia original era na volta descermos em Stechelberg, para podermos conhecer o fundo do vale, mas o caminho da ida nos encantou de tal maneira que resolvemos repetir todo o trajeto já percorrido, voltando a atravessar Mürren a pé.
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Mürren vista de dentro do teleférico |
No topo do Schilthorn se situa um mirante com vistas fabulosas, que em dias ensolarados alcançam o Matterhorn e o Mont Blanc, ponto culminante da União Europeia na fronteira entre Itália e França. O mirante conta com um restaurante giratório movido a energia solar, o Piz Gloria, em um prédio circular que à distância lembra um disco voador pousado sobre o pico. Nada como degustar uma refeição suíça apreciando a vista dos Alpes nevados mudando aos poucos. Foi o que fizemos, já que estávamos famintos e ainda não havíamos almoçado.
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A torre do Schilthorn com o restaurante giratório no segundo andar |
Fiz uma brincadeira no título do post com o filme "As neves do Kilimanjaro", mas a fita vinculada ao Schilthorn é outra. Assim como aconteceu oito anos depois com o Pão de Açúcar, o Schilthorn foi cenário de cenas de um filme de James Bond, "007 a Serviço de Sua Majestade". É protagonizado pelo mais irrelevante dos atores que encarnaram Bond, George Lazenby. Nele, nosso agente secreto britânico favorito duela com os vilões no complexo no alto do pico. No final, ao som do tema de suspense que marca a série, os terroristas causam uma explosão que destrói o prédio. Esta propaganda toda se explica pelo filme ter sido rodado na época da inauguração do mirante, em 1969 (e, dizem, a grana obtida da produção do filme ajudou a concluir as obras do complexo). Quem quiser pode assistir às cenas dentro do mirante; confesso que não me senti muito confortável vendo o prédio onde eu estava ir pelos ares, mesmo sabendo que era só ficção.
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A multitude de picos alpinos nevados a partir do mirante do Schilthorn |
No próximo post, os dias restantes da nossa estadia em Interlaken.
Cidade em que me hospedei: Interlaken.
Acesso ao Schilthorn por: via ferroviária e teleférico.
Transporte pelo Swiss Pass: Coberto até Mürren; a partir daí, desconto de 50% (pagando 38,50 francos ida e volta) com a apresentação do passe. Quem resolver embarcar no teleférico em Stechelberg pagará o mesmo valor com o Swiss Pass, apesar de o tíquete sem desconto ter um valor muito maior.
* Este é o segundo post da série sobre a Suíça. Para visualizar os demais, acesse A Saborosa Suíça Postado por Marcelo Schor em 18.07.2014
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