Antibes, uma joia histórica na Côte d'Azur
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Antibes, uma joia histórica na Côte d'Azur


A cidade antiga de Antibes junto à costa

           As atrações da Riviera Francesa são infindáveis, cada cidade e vila desse pedaço da costa do Mediterrâneo tem alguma característica que a diferencia dos demais. É o caso de Antibes, que se encontra numa localização no meio do caminho entre Nice e Cannes, distando 22 quilômetros da primeira e 11 da última. O jeito mais fácil para chegar é por trem, enquanto o ônibus 200 serve como alternativa.  Relativamente calma, Antibes está colada à movimentada Juan-les-Pins e ao chique Cap d'Antibes, ambos com praias badaladas.

A parte pitoresca de Cannes: o Porto Velho e o bairro de Le Suquet

           O intuito naquela tarde era visitar Cannes, e no caminho, parar e conhecer Antibes. Cannes definitivamente não me conquistou; achei a Croisette decepcionante quando comparada à Promenade des Anglais em Nice, com um ambiente um tanto artificial com toda aquela aura de "Hollywood Europeia" da área do Palácio dos Festivais.  Antibes, da qual não esperava tanto, foi no entanto uma baita surpresa, com uma cidade medieval muito interessante à beira-mar e que também conta com o glamour adicional da sua marina gigantesca.

Rua da cidade antiga de Antibes

            A cidade foi fundada pelos gregos com o nome de Antipolis no século V A.C., algum tempo após Marselha. No tempo dos romanos, transformou-se em entreposto  comercial importante terrestre e marítimo, com a estrada para a Gália passando por ali. A partir da separação de Nice, Antibes virou um posto estratégico fronteiriço na Provença, da mesma forma que Saint-Paul de Vence. Assim, recebeu um reforço em suas fortificações no século XVIII por Vauban, o famoso engenheiro militar a serviço do rei Luís XIV (a mais importante é o Fort Carré, situado sobre uma colina com vista para a cidade, que pode ser visitado). Com a incorporação de Nice à França em 1860, a importância de Antibes foi para o brejo, e com o passar do tempo, os arredores de Antibes viraram sinônimo de lazer luxuoso para a elite francesa.

Plage de la Gravette  com a muralha do Port Vauban e seus megaiates por trás

          O local do antigo porto do tempo dos romanos hoje se transformou no Port Vauban, a maior marina do Mediterrâneo, com capacidade para 1.600 embarcações, estando situado perto da estação de trem. E não há como não se embasbacar com autênticos mastodontes marítimos, alguns dos enormes iates pertencentes às maiores fortunas do planeta, reunidos numa área apelidada de "Cais dos Bilionários". A concentração insólita tem sua razão de ser - são poucas as marinas que aceitam iates com mais de 90 metros de comprimento. Este píer é aberto a visitação, podendo-se transitar a pé livremente pelos barcos  após passar pelo portão do porto. Muros históricos separam o porto da cidade.

          Uma passagem nos muros do porto nos leva a uma das praias mais simpáticas da Côte d'Azur, a Plage de la Gravette. Diante do centro medieval, a praia pública de areia branca é compacta e tranquila, graças a um quebra-mar de pedras.

Vista aérea do Port Vauban, com a estação ferroviária na parte inferior. A Plage de la Gravette está à direita - fonte: commons wikimedia Abxbay

      Chegamos então à melhor razão para se visitar Antibes, sua cidade histórica. Impressionantemente tranquila, a área entre a Cours Massena e o mar é vedada a automóveis, apresentando casas e becos bem preservados, com atmosfera muito diferente dos quarteirões mais modernos da cidade.

Parte da fachada do Museu Picasso 

          Quase toda cidade interessante da região da Provença tem seu nome vinculado a algum mestre da pintura. No caso de Antibes, é Pablo Picasso; durante seis meses em 1946 o grande artista montou um estúdio no Château Grimaldi, que hoje abriga o Museu Picasso. O castelo, construído nas fundações da Antipolis original, abrigou por séculos  a família cujos membros mais conhecidos são os príncipes de Mônaco. O  museu, o primeiro no mundo dedicado a Picasso, contém mais de 240 trabalhos seus, muitos feitos no próprio castelo e doados por ele mesmo. O mais famoso é a pintura "Le Joie de Vivre", uma homenagem à obra homônima de Matisse.

Vista lateral da Catedral de Antibes

          A outra construção que chama a atenção fica praticamente colada ao museu, a Catedral de Antibes. Pequeno para uma catedral, o prédio data do século XIII mas foi bastante modificado nos cinco séculos seguintesO mais curioso é que a fachada da igreja, em estilo italiano algo berrante na cor rosa, não combina em nada com as laterais e os fundos que dão para o mar, em pedra ou pintados de amarelo, cobertura comum às casas da área histórica. Quem vê a igreja pelo mar e depois pela frente na rue St. Esprit dificilmente vai achar que é a mesma edificação.

Parte da fachada da Catedral e do Museu Picasso, atrás.

        Um atributo comum às cidades dessa região da França não poderia faltar em Antibes: o mercado. O  Marché Provençal fica bem à mão para quem visita a cidade medieval pela manhã exceto às segundas. Ocupando uma estrutura coberta ao longo da própria Cours Massena, o mercado oferece todo tipo de frutas, verduras, queijos, doces e temperos, naquele festival tradicional de sabores e odores. À tarde é a vez de artesãos ocuparem o mercado.

             No próximo post, minha cidade favorita na Côte d'Azur - Nice. 


 Postado por Marcelo Schor em 25.06.2016 



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