Schwerin: sete lagos, uma ilha e um castelo
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Schwerin: sete lagos, uma ilha e um castelo


O Castelo de Schwerin visto da ponte que o liga à cidade

           Schwerin, uma cidade de 100.000 habitantes, é a capital do estado de Mecklenburg-Pomerânia Ocidental no nordeste da Alemanha. Visitei Schwerin num bate-volta a partir de Hamburgo, a 55 minutos de trem, mas a cidade pode também ser visitada a partir de Berlim, um pouco mais distante, a 1h40min por ferrovia.

            A primeira surpresa veio na pronúncia do seu nome, que é oxítono e soa como xvarrín. A segunda foi o nome do estado, que nos faz lembrar do simpático cachorrinho Lulu da Pomerânia. Mais uma lição de geografia em viagens, pois antes da visita, não tinha a menor ideia de onde ficava a Pomerânia. Aprendi que esta região histórica hoje está repartida entre a Alemanha e a Polônia.

O castelo em meio aos lagos - fonte: wikipedia

          A região é a de menor densidade demográfica de toda a Alemanha, oriunda da antiga Alemanha Oriental. O estado foi criado na reunificação alemã há duas décadas (no governo comunista, eram três estados diferentes), e a escolha de Schwerin para sua capital surpreendeu muita gente, pois a favorita era Rostock, porto mais importante da área. Schwerin renasceu após a reunificação, e hoje é um importante polo turístico, além das atividades inerentes a uma capital. Uma constatação interessante é a ausência dos prédios cinza típicos da administração comunista, o que deixa a cidade com um aspecto mais leve em comparação com algumas vizinhas.

O centro e a Catedral de Schwerin às margens do Pfaffenteich

          Schwerin  fica situada numa região muito bonita, rodeada por sete lagos em que alguns se comunicam entre si e sediam atividades aquáticas. A maioria dos visitantes chega lá com um único objetivo: conhecer seu famoso castelo, uma edificação no estilo de conto de fadas situada numa ilha ligada à cidade por duas pontes.

        O Castelo não fica muito longe da estação ferroviária (desci na Hauptbahnhof, antes passamos por outra estação, a Schwerin Mitte), e para chegar lá se atravessa o centro da cidade. A um quarteirão da estação, nos deparamos com o lago interno artificial da cidade, o Pfaffenteich, que não entra na conta dos sete lagos. De lá já dá para ver a torre da Catedral dominando o horizonte, na margem sul do lago artificial. A Catedral gótica é tão antiga quanto a cidade, com o prédio original datando de 1248; já a torre imponente com 118 metros de altura é bem mais recente, do final do século XIX. A catedral tem a construção típica dos templos do norte da Alemanha (Lübeck e Hamburgo, por exemplo), com tijolos vermelhos. 

A Catedral e o leão na praça principal

            Junto à catedral, a praça principal Markt, é dominada por um símbolo que se repete em Schwerin: a estátua de um leão, homenageando o fundador da cidade, Henrique, o Leão, Duque da Saxônia e da Baviera. Henrique foi o príncipe alemão mais poderoso da sua época e é considerado também o fundador de cidades importantes como Munique e Lübeck. Para coroar sua importância para Schwerin, o levantamento da catedral também foi feita sob seu ducado.

A fachada oriental do Castelo de Schwerin

            Prosseguindo por alguns quarteirões chegamos à margem do lago Schwerin, onde desponta a visão impressionante da fachada ocidental do Castelo de Schwerin, que contém alguns adendos exóticos. A cúpula dourada chama a atenção, mas consegue ser ofuscada por uma estátua plantada numa reentrância bem no meio da fachada, acima da entrada principal - confira na foto que abre o post. Mais estranho ainda é quando sabemos quem é o homenageado: o monumento equestre apresenta numa pose altiva Niklot, o último príncipe da tribo eslava que ocupava a ilha antes de ser derrotada por Henrique, o Leão. É um caso único em que o vencido tem mais destaque que o vencedor...

             O Castelo é uma mistura rocambolesca de estilos refletidos em diferentes tipos de torres e cúpulas. Ocupa praticamente toda a ilha Burg no lago Schwerin, o maior dos sete com 62 km² de superfície. Sua configuração atual em cinco alas e 653 salas  foi construída pelo Duque de Mecklenburg  no século XIX. Parte dele está aberta ao público para visitação, com a habitual ostentação da nobreza  da época nos seus salões, como a Sala do Trono com colunas em mármore de Carrara, e o Salão de Chá, além de uma coleção de porcelana e uma galeria de retratos com todos os duques que residiram no castelo por sete séculos desde o século XIV. Já uma outra parte do Castelo está fechada aos turistas por um motivo importante: sedia o Parlamento do Estado (imagino que esta deva ser a sede mais bonita de um Parlamento Estadual alemão). É até engraçado ver políticos engravatados entrando numa construção tão majestosa. 
               
             Como seus congêneres britânicos, o castelo possui até um fantasma residente, o Petermännchen, que supostamente habita o porão e se veste com roupas do século XVII carregando um molho de chaves. O castelo está aberto para visitação das 10 às 6 durante o verão, exceto às segundas quando o castelo fecha. A entrada custa € 6; é cobrado um adicional para quem deseja fotografar o interior.

Vista parcial do jardim e fachada do Castelo

          A outra ponte que une a ilha ao continente leva aos jardins barrocos do Castelo, cortado por canais ladeados por estátuas representando deuses da antiguidade. A trilha que acompanha o lago também sai daí e passa por um moinho restaurado.

          Schwerin é também um importante centro cultural no estado, e o Museu Estadual de Arte  fica localizado bem em frente à ponte de acesso ao Castelo, com uma coleção de pinturas e esculturas alemãs e holandesas de épocas variadas. Junto da ponte saem também barcos que fazem cruzeiro pelos lagos.

Os jardins junto ao Lago Schwerin

          Schwerin fica a 40 minutos de outro polo turístico da região de Mecklenburg, a cidade de Wismar, Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Wismar, que acabei não visitando por falta de tempo, é uma cidade que pertenceu à Liga Hanseática com arquitetura típica bem conservada. Para os cinéfilos, ainda possui um atrativo adicional - no seu porto foram filmadas cenas do clássico alemão Nosferatu em 1922.

 Publicado por  Marcelo Schor em 14.01.2014 


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