Lüneburg e o efeito nocivo do sal
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Lüneburg e o efeito nocivo do sal





Fachada na Praça Am Sande

      Não, a adorável cidade de Lüneburg não detém a maior taxa de hipertensão arterial da Alemanha! Na realidade, a Cidade Hanseática de Lüneburg (nome oficial), com cerca de 70.000 habitantes, fica situada a cerca de 45 km ao sul de Hamburgo, no estado da Baixa Saxônia, e seria apenas mais uma bonita cidade do norte alemão repleta de prédios no clássico estilo hanseático, com tijolos vermelhos e telhados com a fachada em degraus, não fosse por um atrativo extra...

      Como mencionamos no último post sobre a Liga Hanseática, a cidade cresceu graças à extração do sal,  que era enviado a Lübeck, e cujo comércio foi um dos impulsos para a fundação da Liga Hanseática. Esta extração, que sobreviveu ao fim da poderosa associação no século XVII e se manteve até 1980, cobrou um preço muito caro a Lüneburg. A quantidade de sal extraída de suas minas foi tamanha que parte do solo literalmente afundou. Existem inúmeros prédios tortos espalhados pela cidade, assim como ruas com o calçamento desnivelado. Hoje, a situação do solo é periodicamente monitorada por equipamentos técnicos, que verificam se não há perigo para os habitantes. Para os turistas, entretanto, é um ótimo passatempo apreciar as fachadas que em alguns casos mais parecem um gigantesco Lego mal-encaixado.


A Praça do Mercado, com a Prefeitura e a Fonte da Lua

        A praça principal é a do Mercado (Markt) , e como em quase toda cidade alemã, o seu grande destaque é a Prefeitura, uma obra-prima iniciada no século XIII.  Uma  fachada barroca impressionante foi posteriormente adicionada, com fileiras de estátuas e brasões. No meio da praça a Fonte da Lua presta homenagem à suposição inverídica de que o nome da cidade tem origem no satélite terrestre.

Detalhe da fachada da Prefeitura

         A outra praça bastante visitada é a Am Sande, que na realidade é um largo espichado, e contém vários edifícios atingidos pelo problema da acomodação do solo . Em uma das extremidades fica situado o prédio cinza e branco da  Câmara de Comércio e Indústria, originalmente uma fábrica de cerveja. Na outra ponta encontramos a Igreja de St. Johannis, inaugurada em 1370 e com a torre de 108 metros de altura fora do prumo em mais de dois metros. Reza a lenda que seu arquiteto ficou tão desgostoso com este resultado que tentou o suicídio se jogando do alto da torre, sendo porém salvo por um monte de feno no solo; logo depois, ao recuperar as forças bebendo em uma taverna, escorregou, bateu com a cabeça e morreu. Dentro da igreja, não se pode deixar de notar o histórico órgão que há três séculos foi tocado por Johann Sebastian Bach, que aqui viveu na sua adolescência.

A Praça Am Sande, com a Cämara de Comércio à esquerda

         Ainda digno de nota é o Wasserviertel, o antigo porto fluvial no rio Ilmenau por onde era escoado o sal rumo a Lübeck. Desta época ainda resta um guindaste medieval à beira do rio. Situado a meio caminho entre a Praça do Mercado e e estação ferroviária, o lugar hoje está repleto de bares, ideais para se descansar após bater perna ou pedalar pela cidade - a bicicleta é um dos meios de transporte preferidos dos habitantes de Lüneburg, como mostra a foto acima. Faça como os locais e pare para tomar uma  cerveja, aproveitando para apreciar o casario em volta, digno de um conto de fadas.
  
O Wasserviertel e o rio Ilmenau

         Uma outra opção para descanso é a Salztherme, um spa onde o diferencial são as águas... devidamente salgadas!

         Fechando a série de posts sobre cidades hanseáticas alemãs, no próximo falaremos sobre a maior delas, Hamburgo.

* Este é o segundo de uma série de três posts sobre a Alemanha Hanseática..



  Postado por  Marcelo Schor  em 12.02.2012  





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