Zeng Fanzhi, no Museu de Arte Moderna de Paris
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Zeng Fanzhi, no Museu de Arte Moderna de Paris


Esse final de semana fui ao Musée d'Art Moderne de Paris para conferir a exposição do artista chinês Zeng Fanzhi.

Conhecido desde os anos 90, ele utiliza na sua obra a tradição da pintura chinesa mas repleta de influências ocidentais. Uma excelente forma de descobrir cerca de 40 telas do artistas, realizadas entre 1990 e 2013, mostrando a evolução da sua obra.

Zeng Fanzhi é um dos artistas vivos mais cotados do momento: uma de suas sobras foi vendida recentemente por cerca de 20 milhões de dólares, a sua tela gigantesca (de quatro metros) "A última Ceia", de 2001.
Mais do que uma cópia contemporânea de Leonardo da Vinci, não fala ela da grande traição do comunismo? Um dos personagens não é representado com o lenço vermelho dos comunistas, mas com uma gravata (ocidental) e amarela, sinal do poder e do dinheiro? (para pensar)

Seu trabalho vai além de uma "mistura" de modelos ocidentais e orientais: o artista consegue provar uma verdadeira pesquisa intelectual e pictural.

Ele realizou uma série bem ampla de pinturas como tema central "as máscaras", onde ele queria representar as questões ligadas à individualidade, um conceito novo na China da sua época. 

Segundo ele, não é necessário ter um amplo conhecimento da história e cultura da China por compreender a sua obra, sendo a "arte uma linguagem universal", mas conhecendo melhor a arte tradicional chinesa fica mais fácil de entender no que está baseada a sua obra, principalmente as últimas séries. 

Quantos às críticas referentes à tanto mudar de técnica e de tema, ele diz que é devido à 3 razões: ao desenvolvimento da sociedade chinesa, a idade (hoje ele não vê mais as coisas como via antes) e ao fato de não gostar de se repetir!

Nessa série sobre as "máscaras", se seus personagens seguem uma ótica ocidental, vestidos à essa maneira, as mãos são grandes e disproporcionais aos corpos, parecem calejadas e vermelhas. As mãos os símbolos da luta operária, e segundo ele não podemos esconder nossas mãos, que revelam a nossa condição social. Porém todo o resto (rosto, expressões, emoções) pode ser escondido ou "mascarado". E, segundo ele ainda, não avançamos na sociedade (chinesa atual) sem máscaras. Será que só na sociedade chinesa mesmo?

Essa sua tela me faz pensar as fotos que vemos (ou postamos) todos os dias no facebook:
Podemos igualmente ver uma evolução quanto aos seus auto-retratos:
Esse mais antigo o situa em uma certa lógica pueril, ainda fortemente ligado à China comunista, o artista se representa com o lenço vermelho que ele nunca teve o direito de portar (seus pais não eram considerados dignos). A melância trata desse período da sua juventude em que teve que se alimentar dessa fruta, a única coisa que ele podia comprar.

Nesse outro auto-retrado de 2004, ele não porta mais as roupas da sua juventude, mas esse impermeável (vermelho igualmente) que esconde tudo, e nem mesmo as mãos podem ser vistas. O cavalo (um outro símbolo de uma sociedade agrária) se transformou em um brinquedo. Podemos observar as sombras dos dois "personagens", que seguem caminhos separados.
Cada vez mais individualista (e sozinho), o homem (chinês?) precisa aprender a conviver consigo mesmo.

Em seus trabalhos mais recentes, o homem parece desaparecer de suas telas, quase fugir do espaço urbano. Um retorno à natureza para ir ao encontro da sua própria natureza?


Observação:
A entrada ao Musée d'Art Moderne de Paris é gratuita para a visita da sua coleção permanente. Suas exposições temporárias são pagas.

Zeng Fanzhi, até o dia 16 de fevereiro de 2014.




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