Museus de Madri
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Museus de Madri


Quem acompanha o blog sabe que não consigo viajar sem visitar os principais museus. E para quem curte, Madri possui um grande acervo, seja em quantidade ou qualidade! Uma das vantagens, na minha opinião, é que geralmente eles ficam abertos até às 20. Visitei 3 dessa vez, mas acredito que são os mais importantes da cidade:

1. Museo del Prado
Como ir a Madri e não visitar o Prado? Só mesmo para quem tem horror a museus, pois mesmo para os leigos é um local incontornável. Trata-se de um dos museus mais ricos do mundo, apresentando coleções que os reis da espanha começaram a colecionar desde o período de Charles Quint. Infelizmente nada pode ser fotografado (o que me fez ter que garimpar pela internet as minhas obras preferidas), o que eu não entendo, já que são obras muito antigas cujo direito de autor expirou, mas consegui entender ao final, pois podemos escolher QUALQUER obra do museu, cuja cópia é impressa em tela ou papel, e podemos receber em casa. Interdição puramente econômica. Dommage.

Confesso que ficamos (chéri e eu) um pouco decepcionados com o museu, do qual esperávamos muito mais. Nos quesitos diversidade, qualidade de obras apresentadas e beleza dos locais, consideramos o Louvre imbatível, seguido pela National Gallery de Londres, pelo Hermitage de São Petersburgo. Sem esquecer a Alte Pinakothek de Munique. Mas ele vale a pena por ser a residência permanente de algumas obras imperdíveis:

- O Jardim das Delícias, de Bosch (que eles chamam El Bosco), uma pintura flamenga do século XV. Para quem não conhece o artista e sua obra, ele consegue retratar com um simbolismo incrível as agonias da época medieval. Podemos dizer que foi "O" percursor do surrealismo. A gente acha que os filmes de terror ou suspense sobre o céu e o inferno, os monstros e tudo o mais são invençéoes modernas? Nada disso, Bosh já tinha desenhado tudo isso há 6 séculos!!!

- Auto-retrato (ano 1500), do alemão Albrecht Dürer, de quem eu já tinha falado anteriormente. Essa pintura o retrata no auge dos seus 26 anos e ricamente vestido, mostrando que a pintura era uma nobre arte. Sublime.

- A Anunciação, de Fra Angelico, uma transição entre o Gótido tardio (utilização de ouro, senso do detalhe  e técnica da miniatura) e a Renascença (tratamento da perspectiva e arquitetura).

- O Cardeal, de Rafael, com seu rosto enigmático (inspirado da forma como Leonardo da Vinci gostava de pintar seus persogens). A imagem da internet não condiz com a pintura: o olhar é penetrante, o vermelho e detalhes da roupa são impressionantes. O museu possui outras obras do artista, sendo a mais bela de lá a Sagrada Família, mas que está nesse momento sendo apresentada no Louvre.
- A grande estrela do Prado é sem dúvida o pintor espanol Velazquez, com uma enorme sala dedicada somente (sem contar as outras salas) a ele e com dezenas de obras ali expostas, dentre elas a sua mais famosa: As Meninas.

A tela é enorme, e nela o artista joga com o espaço e a luminosidade. Ele consegue nos transportar para a tela e nos sentimos parte da obra. Os personagens parecem nos olhar, mas na verdade, estão observando o casal real que está sendo pintado por Velazquez! Complicado? Nem tanto, pois a resposta está no espelho ao fundo (com a imagem do casal). O artista se representa ele mesmo na cena, portando a cruz de Santiago que faz dele parte da nobreza. Os críticos também analisam que a sua pose séria e reflexiva quer mostrar que o seu trabalho e mais de ordem intelectual que manual. Interessante, não?
Outras atrações do museu realmente confirmaram que não admiro em nada outros artistas espanhóis como El Greco (com seus personagens alongados e de cores vivas) e o mais recente Goya (até mesmo seus croquis são horríveis!), cuja obra não me atrai em nenhum sentido. Gosto é gosto!!!

2. Museo Thyssen-Bornemisza
Uma das grandes surpresas!!! O museu é muito agradável de visitar e as obras ali representadas séao de uma qualidade impressionante. Quase todos os movimentos do mundo da arte estão ali representados, o que pode ser uma vantagem para os não especialistas, já que desta forma podemos ver de tudo um pouco em ordem cronológica e não se torna tão cansativo. Podemos observar os primitivos italianos e arte medieval, o ciclo do Renascimento e do Classicismo, até a pintura veneziana dos séculos XVII e XVIII. Pintura flamenga, alemã, espanhola, italiana e holandesa. Depois vem a pintura Impressionista e pós-Impressionista, a pintura norte-americana do século XIX e o Expressionismo alemão. Para finalizar, pinturas do século XX desde o Cubismo e os movimentos de vanguarda  até o Pop Art. 
Caravaggio (1508)
Canaletto (1723-24)
Salvador Dali (1944, à esquerda) e Francis Bacon (1968, à direita)

Roy Lichtenstein(1963). Parece uma impressão, mas são muilhares de pontinhos feitos com o pincel!
Hopper (1944), cuja exposição em Paris (Grand Palais) nesse momento está fazendo um imenso sucesso

3. Museo Centro de Arte Reina Sofia
A obra momumental de Picasso, Guernica, já justifica por si só a visita. Detalhe incompreensível: nesse museu se pode fotografar sem flash... Menos na sala da Guernica! Ali ficam sentados dois funcionários, um de cada lado da obra, somente para impedir as fotos "roubadas"! 

Uma das obras mais famosas de Picasso. Em 1937, durante a Guerra da Espanha, a cidade de Guernica foi bombardeada pela aviação alemã fazendo mais de 2 mil vítimas civis e se tornou um dos símbolos da crueldade, violência e repressão da ditadura Franquista. Hoje representa o horror da guerra de uma forma geral. Podemos observar os rostos torturados, e os tons cinzas e preto aumentam ainda mais o sentimento de sofrimento e dor. Mas a obra representa igualmente a esperança (a luz e a florzinha discreta). Uma emoção muito grande. Uma boa coleção de peças de Miró e Kandinsky. Infelizmente as grandes obras de Dalí não estavam ali, pois já tinham vindo para a grande exposição que começou essa semana em Paris (e que verei, com certeza!)



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