A cidade de Berlim foi um dos focos mais importantes durante a Guerra Fria. Na conferência de Ialta (1945), no final da II Guerra Mundial, as potências vencedoras desmilitarizaram a Alemanha e a Áustria, dividindo a Alemanha e a cidade de Berlim em quatro zonas distintas. Cada uma delas ficaria sob administração francesa, britânica, norte-americana e soviética. No entanto, os contrastes decorrentes dos modelos sociais, económicos e políticos adoptados por estes países eram claramente distintos e não tardou a sentir-se um mal-estar na Europa.
Na União Soviética vigorava um modelo comunista e socialista, assente num partido único, ao contrário do modelo capitalista e democrático que vigorava nos restantes países. A oposição permanente entre estes países começou muito cedo a dar sinais de incompatibilidade política. Os países capitalistas fundem as regiões alemãs sob sua administração e nasce a RFA (República Federal Alemã), ao passo que do lado soviético surge a RDA (República Democrática Alemã).
A convivência pacífica tornava-se cada vez mais difícil, especialmente depois da ajuda norte-americana à Europa capitalista através do Plano Marshall. Em 1948, a União Soviética decide assumir o controle da cidade de Berlim e decreta um bloqueio terrestre, deixando o enclave de Berlim Ocidental completamente isolado no seio da RDA. Uma ponte aérea entre a RFA e Berlim Ocidental foi a solução encontrada pelo ocidente para abastecer a cidade durante quase um ano. A iminência de uma guerra entre os EUA e a URSS fez com que Estaline desistisse do bloqueio aéreo e abrisse as fronteiras e o acesso terrestre à cidade.
A história de Berlim aqueceu muito mais na década seguinte. Os contrastes entre as duas partes da cidade eram cada vez mais notórios e Berlim Ocidental começava a ser encarada pelo governo norte-americano como uma montra para o sistema capitalista, atraíndo cada vez mais jovens da RDA. Até 1960, muitos jovens berlinenses optavam por viver com o melhor dos dois mundos; residiam na RDA, onde as habitações eram providenciadas pelo Estado, estudavam nas brilhantes universidades berlinenses da parte oriental e usufruíam do sistema de saúde; uma vez terminados os seus estudos, ingressavam no mercado de trabalho de Berlim Ocidental, onde os salários eram bastante maiores, usufruindo depois de um nível de vida claramente superior. Esta migração crescente de Leste para Oeste “aquecia” diariamente as relações entre a RDA e a RFA e, em 1961, o regime comunista da RDA inicia a construção de um muro - o Muro de Berlim.
Durante as primeiras semanas, foram muitas as pessoas que conseguiram passar clandestinamente da parte oriental para a parte ocidental da cidade. À medida que o tempo foi passando, o muro foi ficando cada vez mais difícil de transpor, com vedações electrificadas, arame farpado, passeios de relva misturada com espetos de ferro (relva de Estaline), paredes duplas, etc. Muitos foram aqueles que padeceram na tentativa de transpor aquele que ficou conhecido como o “muro da vergonha”.
Uma das curiosidades ligadas à divisão da cidade de Berlim é a questão do metro. Berlim possuía algumas linhas de metro que serviam ambas as secções da cidade antes da construção do muro. Aquando da sua construção, as linhas saíam de Berlim Ocidental, entravam na Berlim Oriental e voltavam para o sector ocidental (linhas 6 e 8). Depois da construção do muro, as estações de Berlim Oriental foram muradas por dentro para impedir a circulação de pessoas, o que provocou a existência das chamadas "estações fantasma", lugares onde o metro não parava.
Durante 28 anos, a cidade de Berlim Ocidental ficou isolada por um muro da RDA e de Berlim Oriental. Durante este tempo, a parte ocidental tornava-se cada vez mais moderna, ao passo que Berlim Oriental parecia parada no tempo. Os modelos político-económicos vigentes em cada uma destas partes da cidade agudizavam os seus contrastes.
Hoje, 25 anos passados, a cidade de Berlim mantém preservados alguns fragmentos do muro espalhados pela cidade e uma área com cerca de 2 km de muro transformada numa galeria de arte ao ar livre – East Side Gallery.