Berlim é uma das cidades mais fascinantes da Europa. Não tem monumentos emblemáticos, como uma Torre Eiffel ou um Coliseu, mas tem um ambiente fantástico e imensos lugares para conhecer e se perder. Para além disso, tem excelentes museus e, para quem gosta de História, é como ter uma aula sobre II Guerra Mundial e Guerra Fria ao vivo e a cores.
Quando se viaja para Berlim uma das questões a ter em conta é a localização do hostel. Há que optar sempre por um hostel bem localizado, próximo do centro, ou próximo de uma estação de metro. Eu escolhi um próximo de uma estação de metro. Escolhi o Hostel A&O Berlim Friedrichshain, localizado próximo da estação de metro homónima e num bairro cheio de população jovem, com bares e restaurantes baratos. Este bairro localiza-se na parte de Berlim Oriental e os edifícios ainda têm estilo soviético mas foram ocupados por estudantes e artistas. É um bairro acolhedor e com um ambiente descontraído. Para além disso, existe um grande supermercado perto, o que permite fazer compras e poupar na comida. Infelizmente, o hostel não tem cozinha.
Circular na cidade é fácil e rápido. O sistema de metro é eficaz e basta comprar bilhetes individuais para circular. O metro pode ser um bocado confuso mas depois de algumas viagens entra-se no esquema.
Há vários lugares obrigatórios a visitar em Berlim. Aqui fica uma lista, que não tem a pretensão de ser exaustiva, mas que pode ajudar a programar uma viagem à capital alemã. Estas são as nossas sugestões:
1. Muro de Berlim (East Side Gallery)
Um dos ex-libris da cidade é o muro de Berlim. É uma das maiores marcas da Guerra Fria e embora já não reste muito do muro, há alguns lugares onde ainda é possível vê-lo. Se apanharem a linha de metro U1 chega-se rapidamente a Warschauer Straße, a paragem mais próxima de East Side Gallery. Esta galeria de arte ao ar livre oferece grande quantidade de sentimentos e desejos expressos por grafitis em restos do Muro de Berlim. O mesmo muro que dividiu a cidade de Berlim durante cerca de 30 anos, é hoje símbolo de liberdade. Inúmeros artistas de vários países preencheram as suas paredes de ilustrações e mensagens com elevada carga simbólica que apelam à liberdade e à força dos berlinenses. É aí que se pode encontrar criações tão emblemáticas e conhecidas quanto o graffiti “Beijo Fraternal” entre o líder soviético Leonid Brejnev e o líder da então RDA, Erich Honecker. Infelizmente, nos últimos tempos várias partes desta secção têm sido removidas com o intuito de aí se construir um condomínio de luxo, mas são vários os que se opõem a tal e se unem para preservar aquela que é uma das mais significativas memórias e símbolo maior da Guerra Fria.Vale a pena caminhar cerca de 2,5 km ao longo do muro para depois terminar na estação de Ostbahnhof.
2. Portas de Brandenburgo
As Portas de Brandenburgo, o monumento que simbolizou durante décadas a divisão de Berlim, é um dos símbolos da cidade. Após a queda do muro, em 1989, deixou de ser um monumento isolado em terra de ninguém, inacessível tanto para cidadãos da zona ocidental como oriental e converteu-se no emblema da Alemanha reunificada.
No final da 2ª Guerra Mundial, as Portas de Brandenburgo ficaram danificadas, na sequência de bombardeamentos. Aquando a divisão da Alemanha e da cidade de Berlim entre as potências vencedoras da guerra, as Portas, do lado soviético, retomaram a sua função original e passaram a fazer a divisão entre os sectores leste e oeste (soviético e britânico, respectivamente). A ligação entre os dois lados das Portas ficou completamente interrompida por quase 30 anos e apenas foi reestabelecida após a queda do Muro. Aquele que um dia separou as duas partes de Berlim, é hoje um monumento símbolo da prosperidade e reunificação alemã.
3. Monumento do Holocausto
Na rua Ebertstrasse chega-se ao Monumento do Holocausto, uma forma de começar a conhecer a cidade meditando sobre um dos acontecimentos mais marcantes da sua história: a elevada mortalidade dos povos perseguidos e assassinados durante a II Guerra Mundial.
4. Potsdamer Platz e Sony Center
Na Potsdamer Platz pode-se ter um primeiro vislumbre do que resta do muro de Berlim, assim como desfrutar da cúpula iluminada do Sony Center, um dos ex-libris de Berlim Ocidental e do mundo capitalista. Esta área, no final da II Guerra Mundial era um baldio destruído pela guerra e posteriormente foi atravessada pelo muro. Depois da reunificação, Berlim recuperou a zona erguendo uma construção simbólica da vitória do capitalismo europeu.
5. Alexanderplatz
Alexanderplatz é uma das maiores praças da Europa e o centro da cidade de Berlim Leste, durante a Guerra Fria. A atracção principal da praça é o Relógio Mundial (Weltzeituhr), que é, aliás, um relógio astronómico que exibe os diferentes fusos horários em diversas cidades mundiais, inclusive, Lisboa, Madeira e Açores. Desta praça é também visível a Torre de Televisão (Berliner Fernsehturm), que é o edifício mais alto de toda a cidade de Berlim (368 m). Esta praça é o coração de Berlim Oriental.
6. Catedral de Berlim
A Catedral de Berlim merece uma visita, quer ao interior, quer à sua cúpula para desfrutar de uma das melhores vistas da cidade. Designa-se Igreja de Santa Maria (Marienkirche) e é a mais antiga de Berlim. A fachada antiga não denuncia o interior surpreendente, onde o branco predomina e transmite uma calma e paz dignas do local de culto. Bem perto, existe a praça Marx-Engels e um aquário fantástico dentro de um hotel.
7. Ilha dos museus
Na Ilha dos Museus, deve-se visitar o Museu de Pérgamo (uma das colecções de antiguidades mais impressionantes do mundo). Este museu inclui uma Colecção de Antiguidades Clássicas, o Museu de Antiguidades do Médio Oriente e o Museu de Arte Islâmica. Entre as inúmeras riquezas do acervo encontra-se o monumental Altar de Pergamo (Turquia), a Porta do Mercado de Mileto (Grécia), a Porta de Ishtar da Babilónia (actual Iraque), o Palácio de Mshatta (Jordânia) e uma sala de um mercador de Aleppo (Síria). É um dos lugares obrigatórios em Berlim.
8. Bairro Judeu
O Bairro judeu localiza-se no antigo gueto de Berlim e hoje exibe o Tacheles, o centro cultural alternativo mais famoso de Berlim. Trata-se de um edifício ocupado por artistas excêntricos que criam e expõem as suas obras. No caminho passa-se por um mercado de rua com algumas preciosidades e antiguidades. O ponto principal deste bairro é a Sinagoga local. É ainda possível observar as paredes cravadas de balas que eram utilizadas como paredes de fuzilamento durante o período das perseguições nazis.
9. Friedrichstraße
Friedrichstraße é a rua comercial mais famosa da cidade. Vale a pena conhecer os hábitos sociais dos berlinenses, parar para tomar um chocolate quente ou um café.
10. Gendarmenmarkt
Gendarmenmarkt é uma praça com duas igrejas gémeas. è um lugar popular em Berlim e o ambiente é relaxado e descontraído. Um bom lugar para descansar e recarregar forças.
11. Avenida Unter den Linden e Bebelplatz
A escassa distância está a Avenida Unter den Linden onde se situa a Nova Guarda, um edifício que acolhe uma escultura emotiva de uma mãe com o seu filho falecido nos braços. Junto à Nova Guarda localiza-se a Bebelplatz, conhecida por ser o lugar onde se realizou a mais famosa queima de livros que os nazis consideravam inapropriados. Hoje, um memorial assinala o local dessas mesmas queimas: umas prateleiras brancas vazias símbolo da destruição dos livros e da destruição do conhecimento. Logo ao lado, a Universidade de Humboldt, um dos maiores geógrafos do século XIX, e onde estudaram ou leccionaram Karl Marx, Engels e Einstein.
12. Checkpoint Charlie
No centro da cidade existe a passagem fronteiriça mais conhecida entre o Leste o Ocidente, Checkpoint Charlie, o maior símbolo da Guerra Fria e da Cortina de Ferro eternizada por Churchill. Aqui vale a pena parar no exacto lugar onde passava o Muro de Berlim, agora marcado no chão por duas linhas paralelas.
13. Topografia do Terror
Aqueles que têm estômagos mais fortes devem visitar a Topografia do Terror. A Topografia do Terror é um retrato explícito que percorre toda a história do poder Nazi, dando enfoque a certas questões tais como as condições que tornaram possível a eleição de Hitler (“O caminho para a ditadura”), a propaganda contra os judeus e ainda as atrocidades cometidas nos campos de concentração e de extermínio. Dentro do edifício existem bastantes fotografias que dão conta do horror por que passaram milhões de judeus e outros grupos minoritários, desde perseguições, humilhações e condenações públicas, trabalhos forçados, fuzilamentos massivos e o enterro em valas comuns. Grande parte destes actos eram levados a cabo pela polícia política, a Gestapo, entidade a que é também dada alguma atenção nesta exposição.
14. Reichstag
É possível visitar o interior do Reichstag, o parlamento alemão, bombardeado na II Guerra Mundial. No entanto, é necessário agendar uma visita ao domo do Reichstag atráves do site. A visita é grátis mas tem que ser marcada com antecedência.
O Reichstag situa-se na margem do rio Spree. O domo do Parlamento é um edifício envidraçado que proporciona uma vista privilegiada (de 360º) sobre Berlim. Daí pode-se ver, de uma outra perspectiva, monumentos como as Portas de Brandenburgo, a ilha dos Museus, a torre de TV e a estátua da Vitória. A informação que é dada através do aparelho de visita guiada é bastante interessante e possibilita uma melhor compreensão e conhecimento da história alemã.
15. Tiergarten e Igreja Memorial Kaiser Wilhelm
O coração de Berlim Ocidental é atravessando pelo jardim Tiergarten (que vale a pena fazer a pé) até se chegar à Igreja Memorial Kaiser Wilhelm, uma lembrança especial dos estragos causados pela Guerra. Esta igreja é um bom exemplo dos estragos causados pelos bombardeamentos do final da Segunda Guerra Mundial. Foi preservada no seu estado danificado, de certa forma, como lembrança dos tempos bélicos. Junto à antiga igreja foi construída uma nova, num estilo moderno e em concordância com a Berlim Ocidental.
16. Berliner Unterwelten
Berliner Unterwelten corresponde a um sistema de bunkers e esconderijos subterrâneos utilizados durante a década de 30 e 40. O abrigo, erradamente denominado de “bunker”, foi construído durante a II Guerra Mundial, exactamente por cima da estação de metro Gesundbrunnen, a cerca de 8 metros de profundidade. Tinha como finalidade proteger os civis de ataques dos aliados. No entanto, este não era de facto um bunker, já que não era minimamente seguro, embora a população civil tenha sido levada a pensar o contrário. Foi nessa crença errada que milhares de pessoas aqui procuraram refúgio. As salas sóbrias, inacabadas e não muito espaçosas rapidamente excederam a lotação máxima determinada inicialmente, o que tornou as condições de vida dos que aí se refugiaram lastimáveis. Felizmente o abrigo nunca foi atingido por nenhuma bomba, no entanto não foram raras as mortes ocorridas neste local. Nós fizemos o Tour 3 – Cold War in Berlin (8€/pessoa).
Berlim é uma cidade fantástica. Vale a pena dedicar-lhe dois ou três dias e com tempo explorar os lugares que ela tem para oferecer.
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