Berlim: as muitas atrações de Mitte
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Berlim: as muitas atrações de Mitte



A Catedral de Berlim, com a Torre de TV aparecendo de carona entre o domo e a torre à direita

         Berlim realmente é um caso raro. Até 1945, o centro comercial e administrativo da cidade ficava na região conhecida como Mitte ("centro" em alemão). Após a divisão da cidade, como o Mitte ficou na comunista Alemanha Oriental, o centro nevrálgico e comercial acabou se deslocando para a região da Kurfürstendamm.  Desde a reunificação em 1990, o Mitte renasceu e aos poucos foi conquistando novamente o seu lugar no pódio. Hoje é sem dúvida a melhor área para se hospedar em Berlim, sediando a maioria das suas atrações principais.

O final da Unter den Linden e o Portão de Brandenburgo

          O seu principal eixo é a Unter den Linden (literalmente "sob as tílias"), a avenida de 1,5 quilômetro de extensão que liga a Ilha dos Museus ao Portão de Brandenburgo, sobre o qual falamos no post anterior. A bonita avenida ainda contém as ditas tílias nos canteiros de um dos seus trechos, mas quando visitei Berlim há um ano estava parcialmente fechada devido às obras do metrô, excelente por sinal, que corta a cidade através de várias linhas. A parte de maior interesse para o turista é sua porção inicial, que contém alguns dos museus mais interessantes da cidade.

A amostra de como ficará o Castelo de Berlim a ser reconstruído. Ao fundo, a Torre de TV e a Prefeitura Vermelha

            O Castelo de Berlim, onde a cidade nasceu, foi destruído na Segunda Guerra e seus restos foram demolidos pelo governo da Alemanha Oriental nos anos 50. Localizado bem no início da Unter den Linden,  o palácio foi construído no século XV e nele moravam os Eleitores (governantes) de Brandenburgo. No final do século XIX se tornou a residência oficial dos imperadores alemães. Sua reconstrução polêmica foi decidida logo após a Reunificação da Alemanha e na frente do terreno em obras existe uma amostra de como vai ficar o conjunto, que deixa os turistas passantes bastante curiosos. A última previsão para inauguração era 2016, mas deve ser adiada devido a cortes de verbas. Somente a fachada seguirá o modelo do antigo palácio; o interior deverá ser moderno, abrigando um centro cultural.

A Fonte de Netuno

       Entre o terreno do Castelo e a Alexanderplatz, a Torre de TV é o ponto ideal para se ter um panorama amplo de 360 graus da cidade a 203 m de altura. Apesar de a visão ser mais abrangente, preferi a  obtida do Panoramapunkt que mencionei no último post, já que lá ícones como o Reichstag e o Portão de Brandenburgo podem ser vislumbrados bem de perto. Quem visita a Torre pode apreciar na praça à sua frente um monumento interessante, a Fonte de Netuno, inaugurada em 1891. A Fonte, com o deus Netuno e quatro mulheres representando os principais rios da Prússia, ficava justamente defronte ao Castelo antes da sua demolição, sendo então removida para sua localização atual. Junto à praça se situa ainda o prédio da Prefeitura, chamado de Prefeitura Vermelha pela cor da sua fronte.

        O rio Spree junto ao terreno do Castelo é um ponto excelente para se pegar um barco junto à Schlossbrücke (Ponte do Castelo) e  iniciar o cruzeiro pelo rio, que permite observar uma perspectiva diferente de Berlim.

O Altesmuseum

           A Ilha dos Museus, Patrimônio da Humanidade pela Unesco, é uma ilha no rio Spree e nela e nos arredores se concentram alguns dos principais museus europeus. Além da magnífica arte exposta, vale a pena atentar para as construções em si, a maioria obras-primas da arquitetura do século XIX. Dentre os museus, se destacam:  
         A entrada para o Neues Wache é gratuita. O ingresso para o Deutsches Museum custa € 8,50  enquanto os quatro primeiros museus podem ser visitados através de um passe único, o Combiticket, que custa € 12. Havia lido no Lonely Planet que a entrada para os museus era franca na quinta à noite, e retornei neste dia para aproveitar um pouco mais dos museus, mas tive uma baita decepção: a gratuidade havia acabado alguns meses antes.

A Altes Nationalgalerie
A única estátua do Neues Wache

         Além da infinidade de museus, a Ilha dos Museus ainda abriga outro ícone berlinense - a  belíssima Catedral, construída na virada para o século passado e frequentada pela família imperial que residia no Castelo fronteiro. Na Catedral está situada também a cripta onde repousam diversos de seus membros. Aqui acontecem ainda concertos de música clássica.

       A duas quadras da Unter den Linden, na altura da Friedrichstraße, se encontra a praça mais interessante de Berlim, a Gendarmenmarkt. A praça está numa das áreas mais elegantes da cidade e deve seu nome ao regimento prussiano lá localizado no século XVII, composto por gendarmes (gens d'armes) que eram huguenotes franceses. Sua beleza se deve a estar cercada por três edificações imponentes: as Igrejas Francesa e Alemã, estruturas idênticas espelhadas e de frente uma para a outra, e entre elas o Konzerthaus, casa de concertos que sedia uma orquestra. As igrejas foram erigidas no início dos anos 1700, sendo a Francesa frequentada pelos huguenotes, cuja história é mostrada em uma exposição no seu interior. No fim do ano, a praça abriga uma das mais famosas Feiras de Natal de Berlim.
       
A Gendarmenmarkt com o Konzerthaus à esquerda e a Igreja Francesa 

          O outro lugar de Berlim que valeu a pena visitar fica bem longe do Mitte, mas não poderia deixar de mencioná-lo: o Palácio de Charlottenburg, no bairro de mesmo nome. Para chegar até lá, tomei a linha U2 do metrô e soltei na estação Sophie-Charlotte-Platz, andando cerca de um quilômetro pela arborizada alameda Schlossstraße até alcançar o Palácio.

O Palácio de Charlottenburg
A cúpula do Palácio de Charlottenburg, com a estátua do Grande Eleitor, Frederico Guilherme I

          O Palácio data do fim do século XVII e foi construído a mando de Sophie Charlotte, a rainha nascida em Hanôver casada com Frederico I da Prússia e cujo irmão se tornou rei da Inglaterra (acesse aqui o post sobre Hanôver, que dá maiores detalhes sobre esta história intrigante). Baseado no Palácio de Versalhes, Charlottenburg recebeu o nome da rainha quando esta faleceu em 1705 aos 36 anos de idade, seis anos após a sua inauguração. O Palácio com decoração barroca aberto a visitação é uma das principais atrações de Berlim, oferecendo aposentos com ornamentação opulenta, além de porcelanas e joias da coroa expostas.  Após a visita, não deixe de caminhar pelos amplos jardins nos fundos do Palácio. Os jardins têm entrada gratuita e contam com um belvedere na ilha do lago e um mausoléu com sarcófagos da família real.

A exposição dos 775 anos de Berlim

         Dei sorte quando estive em Berlim - os berlinenses estavam comemorando 775 anos da fundação da cidade. Junto às obras de reconstrução do Castelo foi montada uma exposição para lembrar o aniversário, com uma quermesse no terreno ao lado. A quermesse, lotada de gente, oferecia os quitutes típicos alemães e contava com apresentações de artistas de todas as tendências, desde música clássica ao som de violinos até uma banda que utilizava baldes como instrumentos. Sem dúvida um programão bem divertido!

Uma apresentação musical na quermesse

           No próximo post, visitamos Potsdam e o Palácio de Sanssouci, nos arredores de Berlim.


 Publicado por  Marcelo Schor  em 23.12.2013 
 



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