Aviso importante: este post poderá conter linguagem de teor embriagante, ser altamente calórico e causar forte dependência no final (hahaha).
Piadas à parte, a par do turismo, parte da economia de S. Miguel passa pela agricultura, numa ilha em que (quase) tudo cresce e muitos dos produtos aqui produzidos são exportados para outros países. Um desses exemplos é o típico ananás dos Açores e seus derivados, como as compotas ou os licores.
Quer saber mais? Ver para crer...
Perto de Ponta Delgada, encontram-se algumas estufas de ananás e em Fajã de Baixo fizemos uma visita guiada à "Quinta das Três Cruzes", uma empresa centenária. Depois do vídeo explicativo sobre o cultivo do ananás acompanhamos as várias fases deste fruto, cultivadas em grandes construções rectangulares brancas com tectos de vidro.
Estas estufas estão separadas, pelas várias fases do plantio, da planta inicial até à colheita do fruto que demora pelo menos dois anos, num ciclo contínuo. Após a colheita, a velha planta é enterrada onde permanece 4 a 6 meses numa estufa e nasce uma nova planta. A planta jovem necessita então de ser transplantada para uma estufa maior e aí permanece 6 meses.
Depois de desenraizada e limpa de raízes e folhas secundárias é transplantada para a fase final, que demora entre 12 a 18 meses. Para dar origem ao fruto é necessário "stressar" a planta. Para tal, são soltos fumos de queimadas, dentro do interior das estufas, arejadas no dia seguinte, para provocar a fluorescência da planta devido à libertação de etileno, gás produzido pelas plantas e responsável pelo amadurecimento das frutas verdes.
Em todas as etapas da produção deste fruto, a terra tem de ser necessariamente preparada e fatores como a temperatura e humidade têm de ser rigorosamente controlados (por exemplo: necessita de temperaturas bem acima dos 22ºC, a temperatura máxima dos Açores).
Como é uma produção biológica (sem a adição de produtos químicos) o seu crescimento leva muito tempo e a produção deste fruto, com elevadas propriedades anti-oxidantes e anti-cancerígenas, torna-se bastante dispendioso. Depois de colhidos, os ananáses passam por um controlo de qualidade visual e os exemplares menos atrativos vão para outras fábricas, onde serão processados noutros produtos.
No primeiro dia da nossa chegada, visitamos uma dessas empresas "Mulher do Capote", uma fábrica familiar produtora e comercializadora de licores, situada no norte da ilha, em Ribeira Grande.
A partir de matérias primas 100% naturais (ananás, maracujá, amora, banana, ginja, todos produzidos na ilha à exepção desta última) são produzidos estes deliciosos elixires (nham...nham...) que ficam a ser envelhecidos, em cascos de carvalho, durante dois anos.
Posteriormente, são embalados em garrafas de vidro ou em girissimas e originais garrafas de porcelana. Outros produtos tais como o brandy de maracujá, o licor de natas (semelhante ao licor de whisky...delicioso) e o licor de maracujá "Ezequiel" (premiado com várias medalhas de ouro em todo o mundo...excelente) também aqui são produzidos.
Várias centenas de garrafas destes licores são exportados para a América do Norte, África do Sul e vários países da Europa, incluindo Portugal e ilhas, anualmente.
Depois de termos visto as instalações da fábrica (no momento existia apenas laboração no enchimento, rotulagem e empacotamento) onde observamos também uma pequena exposição de objetos ficamos a deliciar-nos com os inúmeros licores, oferecidos na loja.
A visita é gratuita embora (quase) ninguém resista a trazer algumas garrafinhas no final da visita (e a escolha como é grande torna-se algo difícil, só vos digo).