Lübeck e sua herança hanseática
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Lübeck e sua herança hanseática


Vista do Rio Trave, os armazéns de sal e o Holstentor, em Lübeck
     A Liga Hanseática nasceu no século XIII como uma associação mercantil entre as cidades germânicas de  Lübeck e Hamburgo,  com o intuito de comercializar pelo mar Báltico produtos como o sal extraído em Lüneburg. Na realidade, seu maior objetivo era proteger  interesses mútuos de ambas.  Com o passar do tempo, expandiu-se e chegou a abranger dezenas de cidades, se estendendo da Bélgica à Estônia. Tornou-se uma autêntica potência militar e política, possuindo uma  frota imensa e fixando preços de mercadorias tão diversas como madeira, trigo e peles.  Na segunda metade do século XVII, com o aumento dos comércios inglês e holandês, o poder da Liga se esvaiu, até que foi extinta  algum tempo após o fim da Guerra dos Trinta Anos.
   
     A importância da Liga Hanseática na história alemã é tamanha que a companhia aérea nacional – Lufthansa (em alemão, “Hansa dos ares”) – foi batizada em sua homenagem.

      Lübeck sempre teve papel de liderança na Liga, atuando como árbitro e sendo a sede dos encontros  das cidades-membros. Sua importância diminuiu consideravelmente com a extinção da mesma, mas preservou suas construções como testemunho inquestionável desta época gloriosa . Hoje é um importante porto no mar Báltico.

O rio Trave e dois dos armazéns de sal à direita

      A Cidade Hanseática de Lübeck (seu nome oficial), com 215.000 habitantes,  é banhada pelo Rio Trave, a poucos quilômetros da sua foz, e está situada no estado de Schleswig-Holstein. Este estado de nome complicado é o mais setentrional da Alemanha, e foi objeto de disputa territorial com a Dinamarca ao longo dos séculos, tendo sido a região dividida entre os dois países em 1920 após um plebiscito.  Lübeck porém só foi incorporada ao estado dezessete anos mais tarde, encerrando sua independência como cidade livre.

      Seu fantástico centro histórico está bastante preservado. As construções em tijolo vermelho com a fronte do telhado em degraus compõem sua arquitetura característica, posteriormente espalhada para outras cidades da região. Patrimônico da Humanidade pela Unesco, hoje Lübeck é merecidamente uma das principais atrações turísticas alemãs.

O Portão Holstentor
O modelo representando a cidade no século XVII, no museu do Holstentor. Perto da calça jeans azul-clara, o próprio Holstentor e os armazéns de sal..

      Seu monumento mais famoso é o Holstentor, o antigo portão de entrada da cidade. Construído no estilo gótico em 1477,  é a terceira edificação mais conhecida da Alemanha, principalmente por ter sido retratado em uma cédula do marco alemão. Chama a atenção a ligeira inclinação de uma de suas torres gêmeas.  Dentro dele podemos visitar o imperdível museu que conta a história da cidade, com destaque para a maquete que retrata a sua época áurea nos séculos XVI e XVII. Na maquete aparece o próprio portão em meio ao muro que circundava todo o burgo, ladeado pelos armazéns  junto ao rio. Estes armazéns estocavam o sal oriundo de Lübeck , e existem até hoje, como mostram as duas primeiras fotos do post.

      O melhor é passear e se perder pelas ruas e vielas do centro histórico, que ocupa toda a ilha fluvial. É interessante notar a grande quantidade de passagens estreitas saindo das ruas, que levam a grandes pátios internos ajardinados. As passagens surgiram na Idade Média, quando um número grande de artesãos se estabeleceu na próspera cidade, e passaram a morar em casas diminutas nos fundos dos terrenos.

     O centro está repleto de construções que lembram a glória de outrora; dentre as construções marcantes se destaca a Prefeitura, uma das mais antigas e originais do país. Data do século XIII, e é composta por duas edificações, uma por trás do outra, totalmente contrastantes em aparência e estilo.

O prédio da Prefeitura - os enormes buracos foram supostamente construídos para suportar os ventos bálticos

       Na rua de pedestres que ladeia a prefeitura, a Breiterstraße, há no número 89 uma conhecida doceria onde se pode saborear o marzipã, tradicional confeito de Lübeck, feito com amêndoas.

        Já a melhor vista da cidade é a obtida do topo da Igreja Peterkirche, ao qual subimos por elevador. A vista é bem ampla, abrangendo todo o centro e o rio, com destaque para as inúmeras torres pontiagudas de cobre. As ruas ao redor da igreja são particularmente pitorescas, com destaque para a Kolk e a Große Petersgrube. Na estreita rua Kolk se localiza o Museu de Marionetes, com cinco mil bonecos, alguns utilizados nas performances efetuadas no teatro ali existente.

A rua Große Petersgrube
A rua Kolk com o Teatro de Marionetes

     Outra área que merece ser percorrida é o entorno da igreja Jakobikirche, ao norte da ilha. Nesta região também está localizado o prédio do Hospital Heiligen Geist, onde funcionou o mais antigo hospital do país. A bonita construção foi erigida por volta de 1260 e contém afrescos em seu interior, com entrada gratuita.
      Os interessados em literatura alemã podem ainda conhecer o museu dedicado ao escritor Thomas Mann na casa onde residiu, a Buddenbrookhaus.

A região de Jakobikirche

         No segundo post sobre as cidades hanseáticas alemãs, abordamos a interessante Lüneburg.



  Postado por  Marcelo Schor  em 07.02.2012  



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