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A paisagem deslumbrante no trajeto do Golden Pass rumo a Interlaken |
Interlaken é uma dessas cidades com localização muito singular. Está situada às margens do rio Aar, que também banha Berna, entre os lagos Brienz a leste e Thun a oeste. Daí vem o seu nome, uma adaptação ao idioma alemão do latim para "entre lagos". Imprensada entre duas cadeias montanhosas a norte e a sul, Interlaken é uma base excelente para passeios fantásticos de um dia aos picos e vales dos Alpes berneses (a região do Jungfrau) ou para aproveitar um cruzeiro de barco nos lagos. Para culminar, é ponto de passagem do trem Golden Pass, considerada uma das quatro ferrovias mais cênicas da Suíça. Chegamos a Interlaken justamente pelo Golden Pass, maravilhados com a paisagem alpina em três horas de viagem desde Montreux.
Outra peculiaridade é que apesar de ser uma cidade pequena, com 5.500 habitantes, possui duas estações ferroviárias, Interlaken Ost e West, cada uma perto de um dos lagos. Os trens que saem rumo às montanhas partem da estação Ost. Para viajar a outra cidade, é sempre bom checar qual é a estação correta de partida.
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O Hotel Victoria, remanescente da belle-époque em Interlaken |
A cidade em si não tem grandes atrativos, mas é bem charmosa. Sua rua principal, a Höheweg, possui vários hotéis situados em construções imponentes da belle-époque, quando Interlaken era um dos locais favoritos de descanso da nobreza europeia, competindo com cidades como Baden-Baden. Dois prédios interessantes são o do hotel mais famoso, o Victoria, e do cassino da cidade, o Kursaal. Já o bairro histórico se situa do outro lado do rio Aar. Na realidade se trata de outro município, Unterseen, que apresenta algumas ruas bem pitorescas e muito tranquilas.
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A bonita torre da Administração de Unterseen |
Fomos conhecendo Interlaken aos poucos, já que dedicávamos a maior parcela dos dias aos passeios pelas montanhas. Nosso hotel, o Toscana, ficava a 500 m da estação West e a pouco mais de um quilômetro da Ost. Escolhemos o hotel não só pela sua localização central, numa transversal da Höheweg, mas também por pertencer à rede Minotel, que estava oferecendo desconto de 10% para quem possuísse o Swiss Pass. De qualquer forma, era bastante agradável caminhar a pé do hotel até a Estação Ost, percorrendo a Höheweg e passando por um gramado imenso plantado bem no meio da cidade, o Höhematte.
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Os Alpes berneses com a rede de ferrovias e teleféricos de acesso às vilas e picos da área |
Já contamos no post passado como foi a subida ao pico Schilthorn, feita no dia da chegada. O segundo dia foi dedicado aos vales que levam ao Jungfrau. Quem quer conhecer o pico do Jungfrau pode optar por duas rotas ferroviárias, pelos vales de Lauterbrunnen e de Grindelwald, respectivamente. Muitos turistas optam por ir por um caminho e retornar pelo outro. Nosso plano então foi conhecer estes vales em detalhe.
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As gôndolas passam sobre Bort rumo a First, com o pico Wetterhorn ao fundo |
Iniciamos o dia conhecendo
Grindelwald, o outro vale existente na região do Jungfrau, bem mais florido que o de Lauterbrunnen. A vila de Grindelwald é conhecida como ponto de partida de trilhas de caminhada e normalmente vive apinhada de gente. Porém maio é um mês de entressafra de temporada, e quase tudo estava fechado na vila vazia, incluindo vários teleféricos de acesso às montanhas.
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Os prados de Bort |
Escolhemos subir na gôndola de First, um dos poucos teleféricos que funcionavam a partir de Grindelwald. A trilha que liga First ao belo lago de Bachalpsee em uma caminhada de 45 minutos é indicada em vários guias de viagem, mas estava ainda interditada devido ao acúmulo de neve. Por isso, soltamos numa parada intermediária da gôndola,
Bort,
já livre da neve. A vista obtida da gôndola à medida que subimos é fabulosa. A caminhada nas trilhas cercadas de gramados, algumas curtas e fáceis, foi bastante satisfatória, com passagem por locais muito bonitos, com riachos de água cristalina. Percorrendo as trilhas, passamos por diversas pessoas de idades variadas praticando a caminhada nórdica, que é feita com o apoio de dois bastões e que consome mais calorias que a caminhada normal.
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A vila de Wengen aos pés do Jungfrau |
Após o almoço, voltamos à vila de Lauterbrunnen, sempre por ferrovia, onde embarcamos em novo trem que subiu até Wengen. Esta vila, fechada ao tráfego de carros como Mürren, é famosa por sediar competições no inverno, além de ter sido o berço do slalom, o esqui por entre bastões. Achei Wengen bem menos pitoresca que Mürren, mas o panorama do vale abaixo é imperdível, especialmente ao se aproximar o pôr do sol. Esta vista é ainda mais espetacular no pequeno mirante existente defronte à igreja da vila. Pudemos ver do alto o vale de Lauterbrunnen, reconhecendo alguns marcos que tínhamos visitado no dia anterior, como a cascata de Staubbach.
Durante a alta temporada de inverno ou verão, o trajeto de Grindelwald a Wengen pode ser feito por gôndola e teleférico, com conexão em Männlinchen, formando o mais longo percurso deste tipo na Europa. Só posso imaginar a beleza do cenário, com a gôndola passando rente às montanhas que separam os dois vales.
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O vale de Lauterbrunnen com a cascata de Staubbach vistos desde Wengen |
O terceiro e último dia estava reservado para uma visita ao Jungfrau em si, mas uma chuva forte e muita névoa arrasaram nossos planos. Mudamos nosso roteiro e fomos conhecer as Quedas de Trümmelbach, programa à prova de chuva, já que são corredeiras que descem em ziguezague por dentro de cavernas e fendas. Sua velocidade e volume são espantosos - 20.000 litros por segundo, fazendo um grande estrondo. As quedas ficam três quilômetros adiante de Lauterbrunnen, na estrada para Stechenberg; chegamos lá pelo ônibus postal que sai de Lauterbrunnen. E essas dez cataratas internas se revelaram uma grata surpresa - acompanhamos boa parte do seu trajeto dentro da caverna por um caminho e escadaria que as ladeiam, após ascendermos até o miolo do morro por um elevador. As águas das quedas provêm diretamente das geleiras dos montes Eiger, Mönch e Jungfrau, e ao longo dos séculos cavaram seu caminho pelas rochas rumo ao rio no vale, moldando formatos curiosos. Minhas fotos ficaram péssimas, por isso mostro aqui uma retirada da internet.
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As quedas de Trümmelbach - fonte: myswitzerland.com |
Dos restaurantes onde comemos nos dias passados na região de Interlaken, gostei muito do Taverne, no Hotel Interlaken, situado na Höheweg, na região dos hotéis perto da estação Ost. Enquanto degustava um delicioso nhoque misturado com legumes ao molho de alho, ouvimos boa música se aproximando na rua. Era uma banda desfilando ao anoitecer pela rua principal. Um encerramento excelente para três dias de encantamento que ficarão para sempre na nossa memória.
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A banda desfilando na Höheweg defronte ao Taverne |
Para complementar, na área próxima a Interlaken, existem dois mirantes que não visitamos: o Harder Kulm, com um funicular que sai bem perto da estação Ost, e de onde se avista a cidade e os dois lagos, e o Schynigge Plate, cuja ferrovia só está aberta nos meses de verão, de junho a setembro.
Cidade em que me hospedei: Interlaken.
Acesso aos vales por: via ferroviária e teleférico.
Transporte pelo Swiss Pass: Coberto, exceto na gôndola Grindelwald-Bort, onde há desconto de 50% (30 francos ida e volta). O trajeto pelo ônibus postal até as quedas também está incluso no passe.
* Este é o terceiro post da série sobre a Suíça. Para visualizar os demais, acesse A Saborosa Suíça Postado por Marcelo Schor em 26.07.2014
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