Conhecendo Boston: de Back Bay a Harvard
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Conhecendo Boston: de Back Bay a Harvard


     
As fachadas típicas da Newbury Street

         Continuando o relato da minha visita a Boston iniciado no último post, me hospedei em Back Bay, um dos bairros mais charmosos (e nobres) da capital de Massachusetts. Situado perto o suficiente do centro, Back Bay encanta com suas ruas arborizadas e prédios homogêneos construídos em estilo típico com a fachada em tijolos vermelhos. O bairro é cortado pela Commonwealth Avenue, um amplo bulevar que se inicia nos Public Gardens, e pela Newbury Street, uma rua cheia de butiques e bistrôs que é um dos endereços luxuosos de Boston. Nesta rua se localiza o hotel aconchegante em que me hospedei, o Newbury Guest House, situado num prédio histórico do século XIX. Boston é uma cidade ótima para caminhadas, e era um prazer seguir toda manhã para o centro histórico (seja para conhecer suas atrações ou para pegar os ônibus nas incursões a New Hampshire e Newport) atravessando os jardins de Public Gardens e Boston Common.

Public Gardens, o trajeto mais agradável entre Back Bay e o centro

          Como o hotel fica a duas quadras de duas estações de metrô diferentes, também aproveitei bastante o sistema de transporte público em Boston. Só não contava com algumas pegadinhas.
  • Em primeiro lugar, a linha verde que serve Back Bay é a mais antiga do mais antigo metrô dos Estados Unidos, inaugurado em 1898. Seus vagões são mais vagarosos e menos confortáveis, e a linha é bifurcada (na realidade se divide em cinco) - ao voltar para o hotel, tinha que tomar cuidado para pegar o destino certo de forma a não ir parar bem longe.
  • Uma das principais estações de conexão no centro de Boston, a Government Center, está fechada para reformas pelo menos até 2016. Já aterrissei em Boston de mau humor, pois o voo vindo de Chicago sofreu um atraso de mais de quatro horas, e ainda tive que fazer duas conexões trabalhosas carregando mala dentro do metrô por conta dessa interdição. Claro que só soube disso por um aviso sonoro quando o vagão parou na estação anterior. Descobri depois que alguns meses antes haviam inaugurado uma linha de ônibus expressa ligando Back Bay ao aeroporto, com ponto a uma quadra do hotel. Muito mais prático para quem não quer pegar táxi;  desta forma, a volta ao aeroporto foi bem mais tranquila. 
  • Uma outra coisa com a qual impliquei eram as entradas separadas na rua em algumas estações para cada direção da linha do metrô. Da primeira vez não notei, passei pela catraca e só atentei ao fato dentro da estação; tive que sair e entrar pelo outro lado da rua, perdendo uma viagem no passe.
Trinity Church, na Copley Square

       Uma grande atração de Boston é a  Trinity Church, na praça principal de Back Bay, a Copley Square, A igreja lembra vagamente um castelo.  Inaugurada  em 1877, é considerada a obra-prima do arquiteto Henry Richardson, especializado num estilo romanesco que hoje leva seu nome. O curioso é que a igreja está assentada sobre mais de 4.000 pilares de madeira que penetram no solo, já que toda a área de Back Bay era um pântano há 200 anos atrás. A igreja é conhecida pelos seus belos vitrais  

Vista de Boston a partir do observatório, com Back Bay e Beacon Hill - a área verde à direita são os Public Gardens e o Boston Common. Parte da Trinity Church aparece no canto da direita.
   
      A uma quadra da Newbury Street está o Prudential Center, um shopping onde se localiza a Prudential Tower. A torre de 228m é conhecida como The Pru pelos bostonianos e tem 52 andares. No quinquagésimo se situa o observatório Skywalk, e, claro, paguei os 17 dólares de ingresso e subi até lá na primeira tarde de sol. A vista é bem legal, abrangendo todo o centro da cidade, o porto e os parques, além do rio Charles, dando uma boa ideia da extensão e beleza de Boston. Como a torre era praticamente vizinha ao hotel, deu até para vislumbrar a janela do quarto onde eu estava hospedado, de frente para a Newbury Street.

Back Bay, o Rio Charles, a Harvard Bridge e o MIT do outro lado do rio, já em Cambridge

         A vista alcança ainda a cidade do outro lado do rio Charles, Cambridge. Como sua homônima inglesa, Cambridge também abriga universidade famosa, só que nesse caso são duas: Harvard e o MIT. Achei interessante a Harvard Bridge ligar o Back Bay ao... MIT! Não deveria ser a Harvard??

Turistas cercam a estátua de John Harvard no Harvard Yard

      Sempre tive vontade de conhecer Harvard, um ícone no ensino superior americano. Lá estudaram oito dos 44 presidentes americanos, uma lista que inclui o atual, Barack Obama, e ainda passa por  George W. Bush, John Kennedy e os dois Roosevelt, Franklin e Theodore. A universidade se espalha por vários quarteirões ao redor do chamado Harvard Yard, o pátio central, e o acesso é bem fácil pela moderna linha vermelha do metrô. Fui de manhã cedo e encontrei um local vibrante, com os alunos chegando de bicicleta ou passando pelo pátio rumo às aulas nos prédios centenários junto à praça. Achei o ambiente extremamente agradável, bonito e acolhedor (ainda mais para quem estudou há muitos anos na inóspita Ilha do Fundão, para mim um exemplo gritante de antipaisagismo), Para completar, Harvard Yard foi o único lugar de Boston onde encontrei árvores com as folhas vermelhas de outono. E confesso que fiquei um pouco emocionado ao percorrer os corredores das salas de aula.

A estátua de John Harvard em detalhe

        Dominando a praça fica a estátua de John Harvard, conhecida como a "estátua das três mentiras", por apresentar três fatos equivocados. Seu letreiro informa que Harvard foi fundada em 1638 (na realidade o foi em 1636), que John Harvard era seu fundador (foi seu  primeiro grande doador), e o mais assombroso, a escultura não retrata John Harvard - ele nunca posou para pinturas, portanto não havia como se saber suas feições; para sanar a deficiência, um aluno posou para o escultor. O pé esquerdo da estátua de bronze está bem desgastado, pois uma superstição aponta que tocar no sapato traz sorte - quem sabe pode dar uma ajudinha para entrar na prestigiosa faculdade? Nos jardins da Harvard Yard estão expostos ainda alguns artefatos do início da colonização, como uma bomba manual de madeira para puxar água de poços.

Outro ângulo da Harvard Yard, com a bomba dos tempos coloniais

      Um prédio que chama bastante a atenção no conjunto arquitetônico de Harvard é o da sua biblioteca, a  Widener Library, pela sua fachada majestosa em estilo coríntio. Trata-se da maior biblioteca universitária do país, e entre seus três milhões e meio de publicações, abriga vários tesouros raros, incluindo até uma Bíblia impressa por Guttemberg.

A Widener Library em Harvard

        Nos quarteirões ao redor se encontram vários museus mantidos pela universidade, dentre os quais o Museu de História Natural e o Peabody Museum, dedicado à arqueologia. Acabei não conhecendo nenhum deles; como já estava com overdose de museus devido à estadia em Chicago (veja o post Cinco atrações em Chicago), preferi ao invés visitar um museu com conteúdo local. Tomei então o rumo do MIT Museum, que não fica no MIT e sim a meio caminho entre essa universidade e Harvard. Achei a mostra interessante, apresentando inventos patenteados  e exibições documentando a enorme contribuição da instituição para a ciência e tecnologia. A parte dedicada à holografia e inteligência artificial é bem legal, mas senti falta de alguma atração que fosse realmente um diferencial, digno da genialidade do MIT.

Boston Tea Party Ship

       Um outro ponto de interesse em Boston é a região do Waterfront, que inclui um calçadão com prédios modernos contrastando com uma réplica de barco colonial ancorada bem à sua frente. Trata-se do Boston Tea Party Museum, onde figurantes vestidos a caráter encenam a bordo um dos mais famosos momentos da História Americana.

Um esqueleto "flutuante" de baleia sobre o pinguinário no Aquário de Boston

       Não podia encerrar os posts sobre Boston sem mencionar o New England Aquarium. Situado à beira-mar, o aquário é um dos mais engenhosos que já conheci. Um tanque gigantesco com quatro andares de altura contendo animais oceânicos como tubarões e arraias ocupa o centro do prédio. Um corredor ascendente em espiral envolve o tanque de 900.000 litros, levando os visitantes a cada andar, ladeado por pequenos tanques com espécimes de outras ambientes. Muito bem bolado. Como é comum nos aquários norte-americanos, junto ao prédio se encontra um cinema IMAX 3D, apresentando filmes sobre a natureza. O preço foi um pouco salgado (32 dólares, com o cinema), mas valeu a pena. Um programão para crianças e adultos, especialmente no dia de dilúvio que assolou Boston na véspera da minha volta ao Brasil.


 Postado por  Marcelo Schor  em 26.06.2015      
     



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