Cinco atrações em Chicago
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Cinco atrações em Chicago


A orla do centro de Chicago vista a partir do Shedd Aquarium

         Com quatro dias disponíveis para conhecer Chicago, fiquei matutando qual seria a melhor forma de percorrer suas atrações variadas. Acabei escolhendo comprar pela internet o City Pass, um passe que permite visitar cinco das mais concorridas atrações da cidade. Normalmente estes passes incluem lugares que não se encaixam nos meus planos, então não os utilizo, mas este se adequava perfeitamente ao que tinha planejado. O passe acabou servindo como guia para a divisão de atividades. A cada dia, visitava um ou dois dos lugares incluídos nos tíquetes, separados por localização geográfica, e aproveitava e conhecia as demais atrações das redondezas.

            A propaganda do passe alardeia uma economia de 50% no preço dos ingressos individuais, mas este desconto é sobre os ingressos VIP. A economia sobre os ingressos normais é bem menor, pelos meus cálculos 22% (considerando opcionais incluídos no passe, mas sem as facilidades VIP).  Quem compra pela internet troca o recibo impresso pela cartela de tíquetes na primeira atração que escolher visitar. Será a única fila “normal” que enfrentará, pois o passe dá direito à entrada expressa em todas as atrações. É verdade que, como cheguei a Chicago numa segunda e saí numa sexta-feira de final de setembro, em nenhum dos lugares vi filas longas para entrada. Esta facilidade deve fazer muita diferença em fins de semana, feriados ou alta temporada.

Parte da Water Tower, na Michigan Avenue

          O primeiro lugar visitado foi o observatório do John Hancock Center. Hoje o quarto edifício mais alto de Chicago, o prédio fica localizado na Michigan Avenue,  situado no final do que é conhecido como Magnificent Mile, o trecho mais chique da avenida. Como o apelido propala, a Magnificent Mile possui extensão aproximada de uma milha e concentra a nata do comércio de Chicago, dispersa por uma sucessão de arranha-céus. Aproveitei e percorri a pé a Michigan Avenue desde o meu hotel, na margem do rio Chicago, até a torre do observatório. O trecho inicial da avenida é soberbo, com os edifícios Wrigley e Tribune Tower, duas joias arquitetônicas de Chicago sobre os quais comentei no post sobre o cruzeiro no rio Chicago. Duas quadras antes de se chegar ao John Hancock Center chama a atenção a Water Tower. Mais parecendo uma torre de castelo, foi uma das raras edificações que sobreviveram ao Grande Incêndio de 1871. Originalmente era uma caixa d’água utilizada no combate a incêndios  e hoje sedia a galeria de arte do Escritório de Turismo.

A vista do centro de Chicago a partir do John Hancock Center. Na ponta direita, a Willis Tower.
A vista para o norte a partir do John Hancock Center, com destaque para o Lincoln Park

     O John Hancock é um edifício bem imponente, se destacando no horizonte de Chicago, especialmente para quem observa a cidade a partir dos cruzeiros do Lago Michigan. Após tomar o elevador mais rápido dos Estados Unidos, chega-se ao observatório do 94º andar em somente 39 segundos. Chamado de 360 Chicago e situado numa localização estratégica na cidade, o observatório permite distinguir duas vertentes diferentes de Chicago. As vidraças voltadas para o sul mostram um centro repleto de arranha-céus, bem no estilo Manhattan. Já as vidraças do norte apresentam uma visão mais relaxada, com parques e praias nos bairros junto ao lago.

O Lago Michigan, o Grant Park e o Campus Museum (à direita) vistos da Willis Tower. A foto que abre o post foi tirada diante do prédio semicircular com telhado branco da orla na direita superior desta foto, que é o Shedd Aquarium.

          O segundo ponto visitado foi outro observatório, o Skydeck, desta vez localizado no 103º andar da Willis Tower, antes conhecida como Sears Towers (como a Sears deixou a torre, mudaram seu nome; hoje abriga entre outros a sede da United Airlines). O prédio de 108 andares foi a edificação mais alta do mundo por 23 anos até perder a posição para as Petronas Towers na Malásia em 1996. O diferencial deste observatório são os balcões de  piso de vidro que avançam por um metro para fora da estrutura na face oeste, permitindo aos visitantes ver os subúrbios da cidade e o rio diretamente sob seus pés, mais de 400 metros abaixo. Uma experiência realmente diferente.  Espertamente, esta é a única face do edifício cujo horizonte não contém algum marco de Chicago. Com os balcões, acabou se tornando a área mais congestionada do andar.

          Vale a pena visitar dois observatórios na mesma cidade? Em princípio eu diria que não, apesar de os dois mirantes oferecem cenários bem distintos por se situarem longe um do outro. Mas como sou apaixonado por vistas aéreas, fui a ambos sem pestanejar. Aqui vale uma observação: a ida ao John Hancock no passe era alternativa ao Museum of Science and Industry. Optei pelo observatório e deixei o museu, situado no meio longínquo bairro de Far South (não se deixe impressionar pelo nome!), para uma outra visita à cidade. Outra alternativa para quem quiser evitar o preço alto do ingresso do mirante do John Hancock é ir ao bar no seu 96º andar e consumir algo apreciando a vista. Agora, se o tempo for curto e tiver que escolher apenas um  dos dois observatórios, fique com o da Willis Tower.

O Shedd Aquarium

          Vistos os mirantes, as demais atrações do passe eram dois museus e um aquário. Este último, o Shedd Aquarium, considerei a atração mais fraca do passe, sem muitas novidades para quem já conhece outros aquários americanos ou europeus. O Aquário de Boston, que visitei alguns dias mais tarde num dia de tempestade que assolou a cidade, é muito mais interessante, diversificado e bem bolado. Curiosamente o que mais curti no Shedd foi o cinema 4-D, com ingresso incluído no passe, onde assisti a um filme narrando as peripécias de animais aquáticos pré-históricos (filmes 4-D agregam experiências sensoriais à imagem 3D). Desagradável foi receber uma pontada nas costas a cada morte de animal que acontecia no desenho animado, parte integrante dos efeitos.

           O Shedd Aquarium fica no chamado Museum Campus, que abriga ainda o Field Museum e o  Planetário, o qual não visitei (era uma alternativa no passe ao Art Institute). O Campus fica a uns três quilômetros do rio Chicago, e peguei o ônibus 146 na State Street para chegar até lá. Além dos museus, o Campus tem um bônus para os turistas: a vista excelente da orla de Chicago. E junto ao Campus ainda se situa um ícone para os fãs do futebol americano: o estádio de Soldier Field.

Sue, o dinossauro no saguão principal do Field Museum

        Se achei o aquário decepcionante, aconteceu o contrário com o Field Museum. O museu  impressiona pela variedade de assuntos que aborda. Logo no saguão principal há o maior e mais completo esqueleto de um Tyranosaurus Rex em exposição no mundo, conhecido como Sue, que media 12,3 m de comprimento. O nome não identifica o sexo do dinossauro, mas sim é uma homenagem à descobridora da ossada.

Os infames leões de Tsavo. À esquerda, o crânio de um deles

          Outro chamariz são os dois leões empalhados de Tsavo, que se tornaram famosos através do filme  "A Sombra e a Escuridão”, que narra a caça a estes dois felinos, devoradores de dezenas de trabalhadores construtores de uma ferrovia no Quênia  em 1898. Os leões fugiam completamente do padrão da espécie, pois não tinham juba, se alimentavam de carne humana, atacavam em dupla e viviam numa caverna.

         Além do enfoque em história natural, o museu também aborda diferentes civilizações. Havia exposições sobre o mundo microscópico, totens indígenas, múmias egípcias, máscaras do Pacífico, povos do Saara, cultura asteca e por aí vai... Interessantíssimo.

A entrada do Art Institute of Chicago

          Para quem gosta de arte, outro museu imperdível é o Art Institute of Chicago, na Michigan Avenue junto ao Grant Park. Aqui os leões já são mais tradicionais, duas estátuas que adornam a entrada do museu, sediado num prédio imponente, construído no estilo neoclássico em 1893 para uma feira de exposições.

           O Art Institute é o maior museu de arte do meio-oeste americano e tem um grande acervo de obras impressionistas e pós-impressionistas de pintores europeus da categoria de Renoir, Toulouse-Lautrec, Monet e Seurat. O museu aborda outros segmentos, com obras de Picasso, vitrais de Chagall e tem uma vasta ala com expoentes da pintura norte-americana.  Há cinco anos foi inaugurada uma nova ala projetada pelo arquiteto que virou coqueluche em projetos épicos, Renzo Piano. A última obra de Piano com que eu havia me deparado foi o Parlamento maltês de Valletta, ainda inacabado, quatro meses antes.

O setor de arte oriental do Art Institute of Chicago

         Ainda visitei um outro museu ótimo fora do passe, o Histórico de Chicago, mas este vai ficar para o último post da série, que aborda os parques da cidade.


* Este é o terceiro post da série sobre Chicago. Para visualizar os demais, acesse  Chicago, uma metrópole fascinante.


 Postado por  Marcelo Schor  em 22.02.2015 



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