A imperdível Vancouver
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A imperdível Vancouver



Burrard Bridge vista do cais da Granville Island

       Quando constatei que o cruzeiro para o Alasca sairia de Vancouver, sorri. Seria uma oportunidade excelente para rever a minha cidade favorita no Canadá, aquela que considero a mais interessante. Afinal, já faziam treze anos que não pisava lá.

             Com o centro instalado numa península e assentada entre a montanha e o mar, Vancouver tem tudo o que considero legal numa cidade: qualidade de vida excepcional, violência quase zero, paisagens bonitas, parques em abundância, trilhas urbanas para caminhar e, para culminar, habitantes simpáticos. Dentre as grandes cidades canadenses, ela pode ser considerada a de clima menos rigoroso para quem mora nos trópicos: não tem frio excessivo no inverno, ao contrário de suas colegas do leste do Canadá. Seu único problema é o nevoeiro e a chuva que costumam assolar a região na maior parte do tempo. A exceção são justamente os meses de verão, e dei sorte nas três vezes que a visitei, duas em junho e uma em agosto, pois peguei dias ensolarados em todas. Desta vez passei três noites em Vancouver antes de embarcar no cruzeiro; no desembarque saí direto para o aeroporto rumo à Nova Escócia. Como estava acompanhado dos meus sobrinhos, que ainda não conheciam a cidade, fizemos um pequeno city-tour a pé no primeiro dia da nossa estadia, para mostrar-lhes os  pontos turísticos principais. Dedicamos o segundo dia ao Stanley Park, o parque gigantesco no final da península.

A localização das atrações de Vancouver mencionadas neste post

              Na vez anterior, me hospedei num hotel na Granville Street, uma localização ótima para se percorrer o centro comercial. Com crianças a tiracolo, desta vez optei por um hotel perto do Stanley Park, em pleno West End, bairro bem tranquilo e charmoso, ótimo para caminhadas a esmo por suas ruas arborizadas e sem movimento. O bairro conta com alguns restaurantes simpáticos. Jantamos duas noites no ótimo restaurante ucraniano The Ukrainian Village, a meia quadra do hotel, onde saboreamos frango à Kiev, estrogonofe, varenykys (pastéis de batata, que apareciam no menu sob a denominação de perogy) e outras delícias da culinária eslava, relembrando alguns quitutes cozinhados por minha avó.

A curiosa fachada do Times Square Suites

           O Times Square Suites, situado no final da Robson Street, é um bom apart-hotel - as suítes são grandes, muito bem equipadas, e o hotel não possui refeitório. Cheguei ao Times Square por táxi (os táxis vindos do aeroporto são tabelados por região; qualquer corrida ao centro de Vancouver custa 35 dólares canadenses fora a gorjeta) e ao pôr os pés no lado de fora do hotel já tive uma surpresa - meu nome aparecia ao lado do número do quarto num quadro junto à porta de entrada, como se fosse um daqueles prédios americanos que listam o ocupante de cada apartamento. Logo me depararia com outra surpresa - no térreo e na recepção (que fica na garagem no subsolo), não há botão para chamar o elevador, ele é acionado ao se girar a chave numa fechadura que existe no lugar do botão.  Café da manhã não foi problema, com um supermercado na esquina e um Starbucks no térreo do hotel.

As risonhas esculturas A-maze-ing Laughter - faces idênticas em diferentes posições

          Iniciamos nossos quilômetros de caminhada no primeiro dia descendo a Denman Street até a English Bay Beach, a praia mais central da cidade. Na desembocadura da Denman na praia, me espantei com a escultura A-maze-ing Laughter , que não conhecia por ter sido inaugurada há poucos anos. Suas quatorze estátuas sorridentes em círculo com três metros de altura, retratando o próprio escultor, estão acompanhadas de uma inscrição que me fez lembrar dos habitantes da cidade: "Que estas esculturas inspirem riso e alegria em todos que as vivenciem"(traduzido do inglês).

English Bay Beach com os edifícios de West End ao fundo

          A English Bay Beach, banhada pela baía de mesmo nome, é uma praia curiosa, com a areia tomada por troncos de árvore deitados. Seu calçadão, cheio de caminhantes, ciclistas e corredores, faz parte do chamado Seawall, um caminho de 28 quilômetros de extensão que acompanha a orla e circunda a península. A praia é sede de vários eventos ao longo do ano, como queimas de fogos no verão, mas o mais inusitado acontece sem dúvida no dia de Ano Novo, quando banhistas intrépidos enfrentam a água gelada de inverno incentivados por uma multidão.

A English Bay Beach de manhã cedo

         O passeio pelo calçadão é muito agradável. Percorremos a praia  de English Bay e sua continuação, Sunset Beach, em toda a sua extensão até alcançarmos o terminal de barco. Estas pequenas embarcações interligam diversas paradas em ambas as margens do False Creek, a enseada que separa o centro do sul de Vancouver. Pagamos 5,5 dólares canadenses ida e volta para o barco nos levar até a Granville Island, nosso destino para o almoço.

Passageiros saem do barquinho no cais da Granville Island

               Em seu trajeto curto, o barquinho passa por baixo daquela que considero uma das mais belas pontes urbanas do mundo, a Burrard Bridge, mostrada na foto de abertura do post. A ponte foi inaugurada em 1932, erguida em treliças no estilo art-déco típico da época.

            Apesar do nome, a Granville Island  é hoje uma península, pois a ex-ilha foi ligada ao continente na sua margem sul. Antigos galpões industriais agora abrigam uma variedade de estabelecimentos, incluindo várias lojas, galerias de arte e centros de cultura, além de um  mercado amplo que vende todo o tipo de frutas e legumes. A ilha sedia ainda uma cervejaria, a Granville Island Brewing, onde por acaso almoçamos.  O engraçado é que só percebemos se tratar de uma cervejaria após termos sentado à  mesa com as crianças. Saboreamos uma ótima batata poutine, um prato típico do Canadá composto de batata frita misturada a cubos de queijo derretido e molho gravy, ou seja, tudo o que os nutricionistas nos alertam para nunca comer. As poutines são oferecidas em muitos restaurantes e fast foods canadenses - até no Mc Donald's - e há até estabelecimentos especializados na iguaria, chamados de poutineries.

False Creek

              Para mim, o melhor de Granville Island é a vista fantástica obtida do seu cais para o False Creek e a massa de edifícios que compõem o centro de Vancouver. A ilha é atravessada por um viaduto (o que é ótimo para nos localizarmos e não nos perdermos dentro do complexo de galpões) que faz parte da Granville Street, a artéria que corta a cidade e que normalmente é o caminho para se chegar ao aeroporto. Principal rua de pedestres do centro no seu trecho inicial, a rua parte do Canada Place, o terminal de transatlânticos de onde sairia o nosso cruzeiro e também de barcos que atravessam o estreito rumo a North Vancouver. Além de terminal marítimo, o Canada Place ainda é um centro de entretenimento. Foi aqui na minha visita anterior que assisti a meu primeiro filme Imax em 3D sobre o espaço sideral  num cinema hoje desativado.

A estátua de Gassy Jack em Gastown

          A poucos quarteirões do Canada Place fica situado o núcleo histórico de Vancouver, Gastown, onde a cidade foi fundada em 1886. O nome não tem nada a ver com gás, sendo uma homenagem a Gassy Jack ("Jack Tagarela"), apelido de John Deighton, dono de um dos primeiros bares estabelecidos na área. Você pode conferir sua figura sobre um barril na esquina das ruas Water e  Crambie. Aproveite para apreciar o estranho prédio afunilado em frente, que lembra (em versão reduzida) o famoso Flatiron de Nova Iorque.

O relógio a vapor de Gastown

          A principal atração de Gastown no entanto é o Relógio a Vapor, construído em 1977 para comemorar a revitalização do bairro, tendo sido reformado e reinaugurado em janeiro último. O vapor que alimenta o relógio provém do sistema de aquecimento da cidade, mas parte do funcionamento do relógio é elétrica. Seu topo, além de soltar vapor, contém cinco apitos que tocam de 15 em 15 minutos  - o número de apitos soltando fumaça é proporcional ao número de quartos de hora passados. Nas muitas viagens que já fiz não lembro de ter visto outros relógios de rua a vapor; eles são bem raros, e a maioria está em cidades da Colúmbia Britânica, montados pelo mesmo relojoeiro.

Mais uma foto do relógio, soltando o vapor às nove e quinze da manhã

         A Water Street, onde fica o relógio, é uma rua bem charmosa, com alguns dos prédios mais antigos da cidade que abrigam restaurantes famosos como a Spaghetti Factory. Mas convém não se aventurar pelos quarteirões vizinhos ao sul que levam ao bairro chinês, Chinatown, pois são um dos maiores pontos de concentração de usuários de drogas.

          A meio caminho entre o Canada Place e Gastown se situa a Vancouver Tower. Seu observatório numa torre circular no topo fornece vistas bem legais da cidade e das montanhas que a cercam, dando uma boa ideia da geografia peculiar da área. A foto do terminal marítimo que ilustra o post inaugural da série foi obtida de lá em 2002.

Batata poutine comprada numa poutinerie

         O próximo post é todo dedicado ao Stanley Park.

* Este é o sétimo post da série sobre o cruzeiro ao Alasca. Para visualizar os demais, acesse  Navegando pela costa do Alasca.


 Postado por  Marcelo Schor  em 16.09.2015 




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