Viagens
Sul da Islândia: de geleiras a vértebras de baleia
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O aviso inquietante na chegada à geleira |
O post de hoje, último da série sobre a Islândia, relata a excursão de dia inteiro à sua Costa Sul, percorrendo ida e volta pouco mais de quatrocentos quilômetros a partir de Reykjavik, e com uma sucessão inacreditável de mudanças no tempo. Como mencionei anteriormente, visitei a ilha em final de maio; na teoria, a época mais ensolarada e menos chuvosa do ano, mas não consegui escapar das chuvas ocasionais. Casacos impermeáveis são uma excelente pedida, já que guarda-chuvas têm pouca valia devido ao vento.
A primeira e soberba atração é a geleira de Sólheimajökull, com oito quilômetros de extensão montanha acima, dos quais percorremos uns quinhentos metros. Por estar situada ao lado do vulcão Eyafjallajökull, o responsável pelo caos aéreo na Europa em 2010, recebeu grande quantidade de cinzas. Sua tonalidade atual é de um cinza escuro assustador, conferindo um aspecto desolador e único à região. Quando comparamos com o branco de propaganda de pasta dental que aparece nos cartões postais à venda, anteriores à erupção, levamos um baita susto.
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A geleira de Sólheimajökull |
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Repare na diferença de cores nas faces superior e inferior da rocha na geleira. |
Rumamos após para a praia de Reynisfjara, junto à cidade costeira de Vík, a mais chuvosa da ilha. Devido à pluviosidade, esta região possui mais vegetação que as cercanias da capital. A praia, considerada a mais bela da Islândia, é de areia preta, com cavernas e diversos rochedos no horizonte.
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Cachoeira Skógarfoss |
O almoço aconteceu em Vík e em seguida iniciamos o retorno a Reykjavik. A primeira parada é na magnífica cachoeira Skógarfoss, de mais de sessenta metros de altura. Perto se situa o Museu Skógar, dedicado às criativas ferramentas usadas pelos islandeses ao longo dos séculos. Vale a pena visitá-lo e se deter nas vértebras gigantescas de baleia usadas como utensílios de cozinha. Adjacente ao museu se encontra uma aldeia reconstituída, com casas de telhado de relva, típicas do campo.
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As vértebras de baleia do Museu Skógar, usadas no passado como panelas e vasilhames |
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As casas com telhado de relva, vistas antigamente no interior do país |
A última parada é em mais uma cascata, Seljalandsfoss, ligeiramente mais alta que a anterior. Sua característica marcante é cair de tal modo que permite se caminhar por trás dela em um vão na rocha, fazendo deste local um dos preferidos para pedidos de casamento. A presença habitual de arco-íris na base torna a cascata ainda mais pitoresca.
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Cascata Seljandsfoss |
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Cascata Seljandsfoss |
Não posso deixar de mencionar a excursão noturna mais difundida, para se avistar a aurora boreal, o show natural de cores e brilhos que toma conta do céu, com uma observação fantástica na Islândia. Infelizmente, este fenômeno só acontece entre os meses de outubro e abril, e somente nas noites mais claras. Quem sabe numa próxima oportunidade...
Espero que tenham gostado desta série de relatos . Confesso que antes da viagem, olhava com ceticismo o comentário de alguns viajantes relatando que haviam se apaixonado pelo país e estavam loucos para voltar a ele. Mas o mesmo aconteceu comigo - fui atingido pela “Islandiomania”.
Para terminar, conto aqui um fato que aconteceu comigo no primeiro dia. Tendo chegado ao hotel vindo do aeroporto às cinco da tarde e sabendo que só anoitecia perto da meia-noite (aliás “noite” é um termo relativo, não chega a ficar totalmente escuro), resolvi conhecer o centro da cidade. Sabia que, saindo do hotel, deveria subir a rua dois quarteirões, chegando à rua principal Laugavegur, e então dobrar à direita para em dez minutos de caminhada chegar ao centro. Após passar pelos dois quarteirões de subida, me deparei com uma rua de nome quilométrico – Mannrétindavegur. Resolvi assim mesmo seguir a rua e verifiquei que era mesmo a artéria principal, estando o seu nome alterado em todas as placas do percurso de mais de um quilômetro. Encucado com a troca de nomes (afinal, ‘Laugavegur’ significa algo como ‘Rua das Fontes de Água Quente’, nome bastante apropriado para uma rua islandesa), ao retornar abordei o assunto com o recepcionista do hotel. A resposta, vertida do inglês, foi a seguinte:
- Estamos comemorando os cinquenta anos da Anistia Internacional na Islândia. Para comemorar a data, a Prefeitura trocou o nome da rua principal por uma semana para “Rua dos Direitos Humanos”.
Cinco dias depois, parti sem que as placas tivessem voltado ao nome original. Certamente vou verificar quando retornar a Reykjavik...
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O "novo" nome da rua principal, a Laugavegur |
* Este é o último de uma série de cinco posts sobre a Islândia. Para visualizar os demais, acesse: Islândia, um país diferente
Postado por Marcelo Schor em 19.01.2012
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