A delicada arte de viver
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A delicada arte de viver


Esses dias assisti a um filme que muito mexeu comigo e que me fez chorar do inicio ao fim, não apenas algumas lágrimas perdidas, escondidas ou de emoção, mas lágrimas e choro de verdade.

Mas por que esse filme mexeu tanto assim comigo?

Tentando analisar, primeiro ele trata de um tema no qual penso muito: não é possivel que tudo corra sempre tão bem assim. Eh que na verdade não tenho graves problemas, ao contrário de pessoas que cruzo todos os dias que passam por uma doença grave, perderam uma pessoa importante ou passam por dificuldades financeiras. Mas a vida não pode ser sempre simples e fácil assim, pode? Um dia a roda da fortuna muda de lado, não é?

O filme começa dessa forma, com um casal que se ama, auto-suficiente, até que um acidente os separa...

O tempo passa, a mulher refaz a vida dela se concentrando no trabalho mas sem muita vida pessoal, até que ela encontra um colega de trabalho com quem se sente bem. Mas as pessoas ao seu redor não veem essa historia com bons olhos, ela tão bonita e o homem tão feio e "insignificante"!!!

Nunca fui bonita nem simpática, sempre vivi uma certa inadaptação social e não sabia direito o que fazer para ter amigos ou ter um amor correspondido. Até mesmo a minha avo me disse recentemente no telefone que eu parecia bonita nas fotos, eu que sempre fui tão feinha e sem graça!!!

Felizmente isso nunca me impediu de amar e ser amada algumas vezes de volta. 

Tive alguns amores não correspondidos, como o G, que povoou minhas fantasias durante boa parte da minha adolescência. Até o dia em que uma amiga contou que eu gostava dele, e a sua reação foi "Quem?" Realmente ele não sabia quem eu era, a tal amiga explicou em detalhes e ele respondeu "aquela gordinha?"

Depois teve o D, amor de verão durante anos a fio, mas a nossa historia nunca avançou, nunca evoluiu na "cidade grande". Eu poderia ter me perdido naqueles olhos verdes que fixavam o fundo da minha alma, mas a vida quis de outra forma.

Então apareceu o C, com quem realmente me senti amada, mas que assim como chegou na minha vida, cheio de amor, planos e projetos, desapareceu  2 anos depois.

Muita gente não acredita ou não acreditou nos meus sentimentos sinceros pelo O, afinal era tanta diferença de idade e de experiência de vida. Durante 2 anos vivi um sonho, mas quando fui obrigada a acordar vi que nada daquilo era verdade. Se tudo o que eu vivi foi uma grande decepção ou uma mentira, não posso reclamar, pois o mais importante é que ele esteve ao meu lado em um dos momentos mais dificeis da minha vida, quando minha mãe passou por uma cirugia importante e esteve muito ruim. Ele foi a minha força naquele momento e por isso não guardo rancores,n nem mágoas, e até consigo lembrar dele com um sorriso e desejo seu bem.

Eu poderia ter amado o C e vivido uma linda historia, mas eu nunca soube expressar meus sentimentos, tinha medo de dizer o que eu queria (um grande erro, aprendi mais tarde). Creio que o perdi porque ele achou que eu não queria nada sério, que soh queria curtir o momento. Quando percebi que dei bobeira já era muito tarde.

Mas então conheci o C E, que me trouxe tanta paz de espirito e com ele eu não me sentia nem inferior nem superior, lá estava eu em um momento da vida em que já não me preocupava tanto com os olhares dos outros. Aprendemos e vivemos muitas coisas juntos, como minha evolução profissional, minha primeira viagem internacional. Mas ele estava saindo de um longo problema de saude e esteve muito fechado para o mundo, acredito mesmo que fui sua primeira abertura apos muito tempo. Tendo em vista o meu passado, eu queria ir mais longe, não queria perder tempo, mas 3 anos de namoro e ele não estava pronto para "crescer". Para "seguir em frente" muitas vezes temos que deixar algumas pessoas para trás.

Nunca pensei em morar especialmente na Europa ou na França, mas queria aprender um outro idioma e entre o francês e o alemão, consegui um bom preço na Aliança Francesa e horários que coincidiam com o meu (pouco) tempo livre. Quando surgiu pela primeira vez a possibilidade de vir morar na França eu conversei com ele, um pouco na esperança de que ele me fizesse uma proposta mais interessante para eu ficar em Porto Alegre. Proposta essa que nunca veio. 

Será que se eu tivesse aprendido alemão hoje estaria morando na Alemanha e casada com um alemão?
(mais uma dessas questões que a gente se faz pela vida afora e que que ficará sem resposta)

De vez em quando acontece de me dizer que a hesitação dele mudou toda a minha vida. Mas agora me parece que se ele não tivesse tido esse ataque de pânico ai sim minha vida teria sido verdadeiramente transformada. 

Foi então que o Sylvain entrou na minha vida. E nunca mais voltei a morar no Brasil. Vou como turista, como vista, e me sinto estrangeira. Apesar de me considerar ainda psicologa nunca mais exerci diretamente a profissão (sempre fui atraida por numeros, tabelas, objetivos e metas), mesmo se ela está presente no meu quotidiano. Quando eu estudava matemática (bacharelado) na UFRGS era uma das piores aspirantes ao titulo de "matemático", mas fora desse circulo restrito as pessoas ficam surpresas com a minha facilidade para os numeros! Tudo depende do ponto de partida, não é verdade?

Muitas pessoas acreditam que a vida não é pré-determinada e que todas as historias são uma rede de coincidências. Porém esses mesmos que compartilham desta convicção, quando em algum momento de suas existências eles retornam para contemplar o passado, eles se dizem que todos os acontecimentos vividos foram inevitáveis.


Ah, falei tanto e não falei que filme foi esse que tanto mexeu comigo:

Se você quiser chorar até se sentir completamente libertada(o) de todas as lagrimas que estavam presas no mais profundo do seu ser, assista ao filme.

Ou vai ver você assistira (ou mesmo jah viu) e não sentiu nada... Vai saber ?



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