Amizades não correspondidas
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Amizades não correspondidas


(Preâmbulo)
Quem não tem histórias para contar de Amores não correspondidos?

Dos 8 aos 12 anos estive "apaixonada" por um rapaz da outra rua, que não sabia da minha existência, mesmo eu passando 38 vezes por dia na frente da casa dele, fazendo toda uma volta desnecessária para ir na padaria ou visitar alguém. 
Até que um dia, uma amiga (minha e dele) penalizada pela minha situação, resolveu interceder a meu favor:
- você não sabia que a Milena é louca por você?
- quem? quem é Milena?
(ela aponta de longe para onde eu estava e ele responde:)
- qual? a gordinha? nunca vi...

Dos 12 aos 16 foi uma história não correspondida com um rapaz que eu via na praia, nos meses de verão... Até que aos 16 anos ele percebeu que eu existia e durante MUITOS verões fomos namorados... de verão. 
Uma história tão bonita quantos as noites estreladas de verão e que "do riso fez-se o pranto" que foi derramado na primeira chuva de outono... No Sul do Brasil temos outono, infelizmente o verão não durava o ano inteiro...

Bem mais tarde, aos 24 anos, foi amor à primeira vista... da minha parte. Alguns meses depois ele escreveu à meu respeito:

"a mais pura tradução da doçura em uma mulher. Seus encantos não estão somente nesta cor morena maravilhosa que Deus lhe deu, mas no seu íntimo, calmo e sereno, doce e decidido, capaz de abdicar de tudo pela felicidade de quem está ao seu redor. Mas nem por isso deixa de ser ela mesma, de ter sua opinião formada, de saber exatamente o que quer. Só uma pessoa forte, com muita autoconfiança, consegue servir sem esperar retribuição. Retribuição esta que deve vir de forma espontânea como esta que estou fazendo.
Muito obrigado, Milena, por querer ser minha amiga e confidente... e por ter me ensinado tanta coisa através da simplicidade e da doçura de suas palavras. "

"E de repente, não mais que de repente, fez-se do amigo próximo o distante".

Também tive três relacionamentos que duraram bastante tempo e "posso dizer dos amores que tive, que não foram imortais, mas que foram infinitos enquanto duraram". E terminaram não por minha escolha.

Não posso reclamar, pois não fosse o fim da penúltima história não teria tido coragem de largar tudo e hoje viver plenamente uma história de amor que espero que seja a mais bela e a última...

(Entrando no assunto)
Mas se hoje o meu amor encontrou uma correspondência, não posso dizer o mesmo para as amizades.
Será que todo mundo vive amizades não correspondidadas?

Ok, sempre fui muito tímida e introvertida e tinha dificuldades em fazer amigos. Na universidade fui tentando trabalhar esse aspecto da minha personalidade, com menos ou maior sucesso.

Lembro que estava fazendo um estágio de Psicopatologia, éramos umas 6 estagiárias de Psicologia e tínhamos que chegar às 8h para "nos integrarmos" até às 8h30 quando de fato as atividades começavam. Um momento de bate-papo, descontração mas igualmente de troca de experiências. Eu tentava entrar nas conversas e interagir com as meninas da seguinte forma: por exemplo, se elas falavam de um filme que tinha visto, eu entrava na conversa para perguntar mais detalhes, ou para dizer que tinha gostado ou não. Para mim nada de mais banal. Até que no "amigo secreto" (ou oculto) de final de ano uma menina descreveu assim a sua "amiga" secreta: "ela sempre entra nas conversas em que não foi chamada..." 

Não preciso dizer que estavam me descrevendo. 

Eu que já tinha um certo receio de procurar interação com as pessoas, depois disso pensei que fosse melhor mesmo ficar no meu canto, se quisessem falar comigo que viessem e pronto. O que não facilitou muito as minhas amizades futuras. 

Vivendo aqui na Europa considero ainda mais difícil fazer amizades. Os "locais" geralmente já fazem parte de um grupo de amigos e não se abrem tanto e os outros estrangeiros acabam se fechando entre eles.

Acabamos conhecendo muitos brasileiros, um vai chamando ou apresentando o outro, e eu adoro. Conhecemos pessoas tão diferentes do meio e região de onde viemos e com quem nunca teríamos dialogado, e acho o máximo essa abertura. Mas ao mesmo tempo, como muitos dizem e eu concordo, acabamos encontrando pessoas com quem não temos nenhuma compatibilidade e a "relação" realmente não vai para a frente. 

Porém, o que mais tem acontecido comigo são amizades não correspondidas. A gente sai, conversa durante horas sobre tudo, passamos um bom momento... Eu fico achando que temos muitas coisas em comum, que com essa pessoa podemos conversar... E nunca mais nos vemos. Algumas somem, como os homens que não ligam nunca mais, mas outras nos deixam ali no banho-maria (para usar em caso de necessidade, talvez, ou falta coragem para dizer que "não bateu"?)

Lembro que tive um grupo de "amigas", até que um dia elas se encontraram entre elas, colocaram as fotos no facebook e escreveram: só faltou a Milena. Não resisti e escrevi: "talvez eu tivesse ido se tivesse sido convidada", afinal não tenho sangue de barata e pode ser que estivesse na TPM também. Sempre aquela desculpinha "não te convidamos porque você mora longe, sendo que para mim não tem distância, não tem tempo feio, se estiver disponível eu vou.

E todas as outras que convidam e desconvidam na última hora (ou não dão notícias, não confirmam), que nunca têm tempo e aí se aficham no facebook (mais uma vez) em companhia de outras amigas na festa para a qual você foi desconvidada?

Tenho a escolha de retirar da minha lista de amigos, mas ao mesmo tempo simplesmente eu só queria entender.

Mas talvez assim como o rapaz que a gente encontrou em uma festa e que nunca mais ligou, simplesmente não tenha nenhuma explicação.



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