No dia em que chegamos a San Ignacio, fomos visitar umas ruínas maias que não estavam no nosso itinerário, pois nos nossos planos não pensávamos que teríamos tempo para isso (os dias seguintes seriam completamente ocupados pelas tours a Caracol e a gruta ATM). E como, às vezes, aquilo que não é esperado constitui uma bela e agradável surpresa, foi o que aconteceu com o sítio arqueológico de Xunantunich.
Depois de uma breve viagem de táxi partilhado (com um motorista especialista em futebol, como todos os outros), uma ainda mais breve viagem de ferry impulsionado à mão e uma subida a pé de cerca de 1,5 km, chegamos as ruínas, situadas a uns escassos quilómetros da fronteira com a Guatemala (daí a presença de militares na entrada do recinto).
Xunantunich floresceu no Período Clássico, tendo sido aliado da cidade de Naranjo (do outro lado da fronteira actual). Talvez por não ser umas das maiores cidades da região (pensa-se que a sua população nunca terá ultrapassado os 10.000 habitantes), sobreviveu ao colapso inicial da civilização maia clássica, ainda que com alterações visíveis na estrutura da cidade, com a diminuição da malha urbana. A cidade acabaria por ser abandonada por volta do ano 1000.
Apesar da área escavada ser relativamente pequena, a estrutura posta a vista é fenomenal e corresponde ao auge da cidade, entre os séculos VII e IX. Duas praças, orientadas sensivelmente no eixo norte-sul, estão rodeadas de edifícios por todos os lados, sendo que a norte e a sul se encontram os maiores do recinto, El Castillo (Estrutura A-6) e a Estrutura A-13 (com uma praça interior e que constituía uma área residencial). A meio, encontra-se uma pirâmide (Estrutura A-1) da qual se tem perspectivas fabulosas para os dois lados do recinto.
El Castillo constitui uma estrutura impressionante, erguendo-se até cerca de 40 m da praça, sendo de uma época anterior às outras estruturas à sua frente. Foi remodelado várias vezes, com a construção de edifícios que cobriam o anterior. Pode subir-se ao seu topo, através de uma escada de madeira lateral, podendo no caminho apreciar-se o friso do lado este do edifício de cerca de 800 d.C. (na realidade, uma réplica construída por cima do original), no qual a figura central representada é o deus da chuva, Chac (a descida pode ser feita pelo lado oeste, podendo observar-se outra parte do mesmo friso).
Do alto da pirâmide pode observar-se todo o recinto e a selva que a rodeia... Uma vista fabulosa!
A sul de El Castillo, existe um grupo de pequenos edifícios, o Grupo C, que corresponde a uma zona da cidade abandonada aquando do início do colapso das grandes cidades (retirada de pessoas e bens para zonas mais seguras?). Como as ruínas fechavam as 4 da tarde, não tivemos tempo de visitar este Grupo, assim como o pequeno Grupo B, a oeste da praça.
Após a descida, passamos pelo sempre presente campo do jogo de bola, subimos a Estrutura A-13, e depois dirigimo-nos ao centro de visitantes para observar algumas peças encontradas no local. Mas, se as ruínas fechavam as 16.00 h, estas salas já estavam fechadas 15 minutos antes! Funcionalismo público... ;)
Restava-nos voltar a fazer o mesmo percurso de volta (e certificarmo-nos que não perdíamos o último percurso do ferry!) e regressar a San Ignacio, de onde nos próximos dias partiríamos para mais aventuras na "Rota dos Maias 2012".
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