Copán é um sítio arqueológico situado nas Honduras, junto à fronteira com a Guatemala, e rivaliza com Chichén Itzá e Tikal como uma das mais conhecidas ruínas maias. A nossa "Rota dos Maias 2012" não ficaria completa se não visitássemos Copán.
Resolvemos fazer uma visita-relâmpago de 2 dias a partir de Antigua, apanhando um shuttle bus às 4 da manhã, atravessando a fronteira, chegando à cidade de Copán Ruínas por volta das 10.00h e visitando as ruínas logo a seguir (pois fecham às 16.30h). Regressámos no dia seguinte, fazendo o percurso inverso, chegando a Antigua por volta das 18.00h.
Copán distingue-se de todos os outros sítios, não pela grandiosidade dos seus edifícios, mas sim pelo detalhe e o número de inscrições que se encontram nos seus monumentos, notavelmente as suas estelas.
São precisamente as numerosas e belíssimas estelas encontradas no local, para além da chamada Escadaria dos Hieróglifos" (63 degraus com aproximadamente 2000 glifos), que nos contam a história da família real de Copán, como e quando a cidade foi fundada e como foi governada ao longo de séculos durante o Período Clássico.
A maioria das estelas localizam-se na Gran Plaza e estão datadas de 613 a 738 d.C. Ao contrário de outras encontradas noutros locais, estas têm representadas figuras humanas à frente, com hieróglifos na parte de trás e dos lados. Todas merecem ser vistas com algum pormenor.
A sul da Gran Plaza, passando por um campo de jogo de bola e a Escadaria, encontra-se uma série de edifícios e pátios interiores ("acrópole"), onde podemos encontrar uma pirâmide que, no seu interior, contém o chamado "Templo de Rosalila", dedicado ao 10º rei de Copán (571 d.C.) e considerado tão sagrado que, quando a pirâmide foi construída, o templo foi deixado intacto no seu interior. Descoberto em 1989, é considerado o edifício revestido em estuque melhor preservado já descoberto em todo o mundo maia.
O túnel que está aberto ao público, numa extensão de 25m, mostra apenas uma pequena parte do templo, por trás de uma janela de vidro. Pelo menos, foi o que lemos no guia, pois resolvemos não entrar no túnel. Porquê? Porque o governo das Honduras deve querer equilibrar o défice do país apenas com as receitas de bilheteira de Copán: 15 USD para as ruínas, 15 USD para os túneis (Rosalila e outro) e ainda 7 USD para o Museu de Escultura, ou seja, 37 USD para ver tudo! Sem igual em todo o mundo...
Resolvemos, sim, visitar o museu, que reúne uma colecção fabulosa de máscaras e objectos encontrados no local, algumas estelas originais (as correspondentes no recinto são réplicas) e reconstruções impressionantes de edifícios, com pedras originais. Para além disto, no centro do museu, encontra-se uma réplica à escala real do Templo de Rosalila. Para quem quer apreciar o esplendor da cultura maia, é obrigatória uma visita a este museu.
Mas nem estes objectos, estelas, edifícios, templos e inscrições que chegam até nós são suficientes para deslindar um dos grandes enigmas (talvez o maior) da civilização maia: porquê o seu fim? Sabe-se que o último rei de Copán subiu ao trono em 822, mas a partir daí começa o mistério.
Todos os arqueólogos têm uma teoria acerca do colapso da civilização maia clássica, mas quanto mais se estuda, mais questões se levantam. Aumento exponencial da população, levando a uma desflorestação excessiva, que por sua vez terá levado à erosão dos solos, quebra nas colheitas, deslizamentos e inundações no inverno? Descrédito da classe governante e sacerdotal face aos novos desafios e pressões, levando ao colapso interno da estrutura social? Pressões externas por parte de cidades-estado rivais, em busca do "espaço vital" que tanto necessitavam?
Todas estas questões são válidas e passíveis de maior estudo e validação no terreno, mas um ponto comum entre elas é a inquietante semelhança com os tempos que estamos a viver em 2012. Por isso, deixamos aqui uma sugestão: o estudo da civilização maia, da sua ascensão e queda, poderá levar-nos a uma maior compreensão da nossa própria sociedade, dos seus erros e limitações, e aquilo que poderemos para o futuro. Talvez assim poderemos escapar ao mesmo destino que se abateu sobre os maias e iniciar assim realmente um novo ciclo de vida neste fim do 13º baktun.
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