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Uma introdução ao Egipto
O Egipto é um país constituído por mais de 90% de deserto, no entanto a maior parte da sua população, cerca de 75 milhões de habitantes, vive ao longo do rio Nilo, especialmente no seu delta. Situado no norte do continente africano, o Egipto é um país encravado entre alguns dos países mundiais com regimes mais controversos. A sul faz fronteira com o Sudão, com o qual mantém relações bastante tensas devido à partilha de água do Nilo. Mas, aos olhos do mundo, o regime de Khartum liderado por Omar Al-Bashir, é conhecido pelas enormes atrocidades e genocídios perpetuados na região de Darfur desde 2003. A oeste faz fronteira com a Líbia, um país bastante fechado a ocidente e liderado pelo governo de Kadafi. A este com o Mar Vermelho e o Golfo de Aqaba e a nordeste com Israel. Este país, de governo semita, comete verdadeiras atrocidades contra o povo palestiniano, inclusive na Faixa de Gaza que também faz fronteira com o Egipto. Finalmente, a norte o Egipto faz fronteira com o Mar Mediterrâneo.
O Nilo foi e sempre será a fonte de vida deste país. Foi nas margens férteis do rio que a civilização começou a prosperar, há cerca de 5 mil anos. Do ponto de vista religioso, o Egipto é maioritariamente muçulmano. Apenas 10% da população é cristã, de facção Copta. Como tal, a sociedade egípcia tem os valores culturais e religiosos bem enraizados. Os homens não bebem álcool nem jogam e raramente usam calções. As mulheres estão quase sempre tapadas e conservam o Hijab (lenço na cabeça). Apesar da crescente emancipação que a mulher egípcia conquistou a partir dos anos 70, um movimento na década de 90 conseguiu convencer as mulheres a voltarem à sua postura tradicional com véu e roupas largas.
Do ponto de vista político, a figura mais marcante deste país foi o seu ex-presidente Nasser, que conseguiu abolir a monarquia e criou a república do Egipto em 1956. Juntamente com Nehru e Tito foi um dos fundadores do Movimento dos Não Alinhados no período da Guerra Fria. Do ponto de vista económico, o Egipto é uma sociedade extremamente rural, pelo que a sua principal actividade é a agricultura. No entanto, investimentos recentes na indústria, recursos energéticos e turismo tem vindo a melhorar a situação económica do país. Na actualidade, o Egipto enfrenta grandes desafios provocado pelo processo de globalização. As multinacionais invadiram o seu território e os hábitos tecnológicos ocidentais já estão enraizados. No entanto, o acesso a determinados bens é cada vez mais um privilegio dos mais ricos, agravando-se o fosso social. Esta situação é tanto mais grave porque começam a surgir ressentimentos devido a constante mediatização dos hábitos e dos bens através do cinema e programas de televisão ocidentais. A atitude dos turistas também tem aqui um papel importante. Estes, na sua maioria, alojam-se em hotéis de luxo, comem em restaurantes faustosos e usufruem de luxos inacessíveis à maioria da população egípcia. Mas nós não somos como a maioria dos turistas... e como tal, para nos embrenharmos na cultura egípcia, na nossa primeira noite ficamos alojados no coração do bairro muçulmano (desaconselhado pelos guias de viagem) e fomos ver um espectáculo de danças sufi. Um verdadeiro regalo para todos sentidos e uma grande introdução a este país.
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