Para iniciar a caminhada, tomei a linha District do metrô no centro da cidade e soltei na estação Tower Hill, que fica perto de um dos marcos da cidade, a Torre de Londres. A Torre, às margens do Tâmisa, hoje está situada bem perto do centro financeiro londrino, onde se destaca a silhueta moderna do edifício que recebeu o bem humorado apelido de "Gherkin" (pepino em conserva no inglês britânico).
A Torre, localizada num lugar estratégico do rio para defesa da entrada da cidade, foi construída por Guilherme I no final do século XI e abrigou tanto as Joias da Coroa quanto uma prisão marcada pelos seus detentos famosos aprisionados na Torre Branca, o coração da fortaleza. A prisão foi desativada, mas a visita às suas instalações e às Joias da Coroa é imperdível. Dentre as Joias, se destaca a Coroa Imperial, com 2.800 diamantes e algumas safiras e esmeraldas, usada na coroação em 1936 de Jorge VI, assim como 16 anos mais tarde na da sua filha, a rainha Elizabeth. A Torre de Londres abriga ainda uma exposição de armamentos. Dignos de nota são os uniformes vermelhos dos guardiães da Torre, os Yeoman Warders, com um desenho que data da época dos Tudor.
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A Ponte da Torre de Londres |
Colada à Torre, a
Ponte da Torre (Tower Bridge) com suas torres góticas visíveis à distância foi inaugurada em 1894 e era originalmente uma ponte levadiça, cujos braços de 1.100 toneladas eram levantados até 1976. Para quem deseja uma vista abrangente do Tâmisa, pode tomar o tour da Ponte, que além do seu topo também visita a sua sala de máquinas.
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A nova Prefeitura de Londres, vista da Ponte da Torre - fonte: wikimedia.org |
Atravessei a a ponte e passei ao lado sul do rio, de onde se têm as melhores vistas da Torre e dos arranha-céus da City, o centro financeiro. A Ponte desemboca direto na nova
Prefeitura de Londres, um prédio com desenho arrojado inaugurado em 2002.
Antes de passar pela ponte seguinte, um navio de guerra cinza chama a atenção no meio do rio. Trata-se do
HMS Belfast. Permanentemente ancorado no Tâmisa, o cruzador foi o maior navio inglês a participar da Segunda Guerra Mundial e atualmente abriga uma filial do Museu Imperial de Guerra (War Imperial Museum) reconstituindo seu passado.
Afastada algumas quadras da margem para o sul, hoje está situada a mais nova e alta atração turística de Londres, o pontudo
edifício Shard. No 72º andar a 245 metros se encontra um observatório, de onde se tem uma visão total da cidade. Quem quiser chegar direto ao Shard, deve descer na estação de metrô London Bridge. Não visitei o edifício, o mais alto de toda a União Europeia, por ainda estar na fase final de construção quando estive na Inglaterra.
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Um dos barcos de cruzeiro passando sob a Ponte do Milênio |
A partir da Prefeitura, um calçadão margeia o Tâmisa, contando ocasionalmente com carrocinhas ambulantes e bancos onde se pode parar e se sentar apreciando a paisagem e o vai e vem dos barcos navegando pelo rio. O calçadão é interrompido durante um pequeno trecho, onde se tem que andar por ruas interiores. Após 1,5 quilômetro de caminhada bastante agradável, chegamos a um dos marcos da virada do milênio, a Ponte do Milênio. Diante da ponte, está um dos museus mais fantásticos de Londres, o
Tate Modern, especializado em arte contemporânea, e que inclui trabalhos de Picasso, Matisse, Salvador Dalí e Andy Warhol. Um programa essencial para quem se interessa por arte moderna. O museu, que ocupa uma antiga estação de força, é a filial mais recente do tradicional Tate Britain e um serviço de barco une as duas partes.
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A Ponte do Milênio com a Catedral de St.Paul ao fundo |
Aqui fiz um desvio de rota e atravessei a
Ponte do Milênio, uma construção para pedestres feita especialmente para comemorar a virada do milênio em 2000. Na época, houve problemas estruturais devido à superlotação e a ponte foi então fechada e depois reaberta. A ponte desemboca na
Catedral de St. Paul, o mais conhecido templo londrino com seu domo inconfundível. A catedral é a obra-prima de Christopher Wren, que a reconstruiu após o Grande Incêndio de 1666. Inaugurada em 1708, lembra a Catedral de São Pedro de Roma em vários aspectos. Quem a visitar à uma da tarde poderá ouvir o maior sino tocador na Europa, o Great Paul. A cada hora, toca um outro sino, o Great Tom. Os apelidos não deixam de ser interessantes, já que Londres também sedia o mais famoso sino europeu, o Big Ben (cujo nome na verdade se refere ao sino do Parlamento, não ao relógio como a maioria pensa).
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A cúpula da Catedral de St. Paul |
Se você ainda não estiver cansado, mais 1,5 quilômetro de caminhada pelo Tâmisa nos levam à
London Eye. Esta roda-gigante, também inaugurada para os festejos da virada do milênio, fornece uma vista inigualável dos principais marcos de Londres de dentro de suas 32 cabines. Maior roda-gigante da Europa, tem um diâmetro de 120 m, e fica aberta das 10 às 21h30min na primavera e verão.
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A London Eye |
Na realidade, já tinha embarcado nela na manhã do dia anterior. Reservei e paguei minha entrada pela internet (www.londoneye.com, atualmente por
£26.25) e peguei uma fila muito pequena para embarcar. Escolhi um dos primeiros horários, às 10 e meia da manhã. Cada cabine tem capacidade para 25 pessoas e lembra vagamente o bondinho do Pão de Açúcar. Do alto da roda, durante o seu giro de 30 minutos, podemos ter uma vista fenomenal do centro londrino, admirando o Palácio de Buckingham, o Parlamento com o Big Ben, a Abadia de Westminster e os parques que fazem a fama de Londres. Em dias claros (não foi o caso, como dá para ver pelas fotos), a visão alcança 40 quilômetros de extensão. Lá em cima, tive uma constatação surpreendente: os célebres ônibus vermelhos de dois andares possuíam teto... branco!
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A cabine da London Eye |
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O Parlamento e o Big Ben vistos da London Eye |