Overland pela África Austral, parte II - De Swakopmund a Windhoek
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Overland pela África Austral, parte II - De Swakopmund a Windhoek



Ao 8º dia de viagem, dissemos adeus a Swakopmund, e saímos da cidade em direcção a norte, pela estrada junto ao mar, numa zona que é chamada de "Costa dos Esqueletos", devido ao elevado número de naufrágios que têm dado a esta costa. Até os marinheiros portugueses, os primeiros ocidentais a vê-la, lhe chamavam "Areias do Inferno", pois qualquer naufrago que aqui viesse dar, não teria qualquer hipótese de sobrevivência. O terreno junto à costa é completamente plano e ausente de vegetação ou vida animal.


Depois de presenciarmos o resultado de um naufrágio recente, seguimos subindo para o interior, onde algumas dezenas de quilómetros à frente se erguem imponentes as montanhas de Spitzkoppe, completamente isoladas no terreno plano (mas a cerca de 1000 m de altitude), atingindo cerca de 700 m acima do solo desértico. No livro sobre a geologia da Namíbia, que compramos em Swakopmund, leio que esta paisagem foi sendo esculpida pelos agentes erosivos durante um tempo para além da compreensão de um simples humano, desgastando a rocha menos dura e deixando estes picos resistentes. Estas montanhas cresceram de cima para baixo! A natureza é verdadeiramente prodigiosa.


Mas os humanos também há muito que calcorreiam esta paisagem, Pudemos admirar gravuras aborígenes na face das rochas, e tivemos uma perspectiva fabulosa das montanhas ao pôr-do-sol, tal como os nossos antepassados o terão visto. Foi aqui que passamos a noite, a mais fria até então. Durante a madrugada, o termómetro deve ter atingido os zero graus celsius. Os nossos sacos-cama de montanha, preparados para estas condições, são os nossos melhores amigos.


No dia seguinte, continuamos para norte, mas não sem antes fazer um desvio a noroeste para conhecer a região da tribo dos Himba, perto da fronteira com Angola. Aí tivemos a oportunidade de visitar uma aldeia que serve também como orfanato. Estando só presentes mulheres e crianças, vestidas (ou despidas!) de forma tradicional e com pinturas corporais, este foi um momento único de presenciar um modo de vida que corre o risco de extinção no nosso mundo globalizado.


Ao final do dia, ficamos num campo na cidade de Outjo, às portas do Parque Nacional de Etosha. Os 2 dias seguintes seriam aí passados. O terreno onde se situa este famoso parque de vida selvagem é uma continuação do deserto, muito seco e, em geral, com pouca vegetação. O que o torna único são os "water holes", fontes de água, naturais ou artificiais (água bombada do subsolo), que os animais usam para sobreviver neste terreno tão árido.


Sendo assim, é possível ver numerosos animais, de diferentes espécies, convivendo no mesmo espaço. É só esperar... Ficamos em 2 acampamentos diferentes, no interior do parque, e em cada um existia um "water hole" iluminado durante a noite, podendo uma pessoa passar lá a noite, se assim o entender. No primeiro, vimos dois leões macho junto a um pequeno elefante que tinham morto e rinocerontes matando a sede. A vedação parecia fraca protecção se um daqueles leões decidisse atacar, mas a verdade é que eles não nos vêem como presa ou ameaça, mantidas as distâncias devidas.


No segundo, pudemos observar uma verdadeira procissão, ao final da tarde e início da noite, de uma manada de elefantes, seguidos de girafas, zebras e rinocerontes. Durante o dia, a estrela da companhia foi um leopardo (avistado pelos olhos treinados de uma companheira nossa), que decidiu descansar à sombra de uma árvores a escassos metros da estrada. Lindo!


Ao 12º dia de viagem, dissemos adeus ao Etosha e partimos em direcção à capital da Namíbia, Windhoek, na qual demos um passeio no nosso camião, mas na qual não nos demoramos. Era tempo da nossa segunda noite de descanso em hotel, e de desfrutarmos um pouco de conforto. Isso, e copiarmos 66 Gb de fotos dos últimos 4 dias para o computador e para 2 discos externos. Na manhã seguinte, depois de um pequeno-almoço delicioso, e depois de conhecermos mais 5 elementos que se juntaram ao grupo (após a saída de um casal sul-africano cuja viagem terminava em Windhoek), totalizando agora 24 pessoas (o número máximo que o camião transporta), rumamos à próxima etapa da nossa viagem, atravessando a fronteira com o Botsuana.



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