Deixando para trás o manto gelado do Vatnajokull, dirigimo-nos para leste, e afastamo-nos dos glaciares. Mas quase todo o território islandês, mesmo que actualmente não tenha a presença de glaciares, já a teve no passado, sendo a morfologia do terreno hoje um testemunho de como os glaciares moldaram a paisagem. Os fiordes são talvez o exemplo mais claro deste testemunho.
Quem olha para um mapa da Islândia, um dos pormenores que salta logo à vista é o facto da sua costa, tanto a oeste, como a leste, ser extremamente recortada. Os fiordes são essas reentrâncias de mar que recortam a costa como se de papier-maché se tratasse. Mas quem desenhou esta linha costeira não foi o mar. Tal qual a tesoura que corta o papel em finos recortes, quem desenhou esta linha costeira foram os glaciares que já se estenderam até ao mar. Ao longo de milhares de anos erodiram os vales e montanhas pelo seu lento movimento, e quando uma nova era mais quente surgiu, gradualmente foram retrocedendo, ou mesmo desaparecendo, enquanto o nível do mar subia e a água avançava no terreno. Lentamente chegou-se à paisagem que hoje nos deslumbra: montanhas que se estendem até ao mar, separadas por largos vales inundados de água do mar, em sucessão ao longo da linha costeira. Os fiordes do leste da Islândia são assim um testemunho imponente do poder do gelo sobre a paisagem, e uma lembrança que a Terra é um planeta em dinâmica permanente.
Não iriamos percorrer todas as estradas costeiras para visitar todos os fiordes, mas faríamos um esforço por conhecer uma amostra representativa destes. Vindos de oeste, o primeiro fiorde que se nos apresenta é o Berufjordur, com a cidade de Djupivogur sediada na sua extremidade sul. O tempo por aqui parecia estar bastante melhor do que nas regiões por onde tínhamos passado anteriormente. O sol espreitava e a diferença na temperatura notava-se. Os glaciares tinham mesmo ficado para trás!
Djupivogur é uma vila piscatória por excelência. Na realidade, é o porto mais antigo dos fiordes de leste, existindo desde o século XVI. Não tem grandes atracções por si só, mas tem um conjunto de infra-estruturas bastante boas quando se nota na sua população: 460! O porto é um bom local para se passear um pouco, absorver o ambiente tranquilo e admirar a arquitectura em madeira de algumas casas tradicionais.
Seguindo caminho, passamos pelo vale mais aberto da Islândia, Breidalur, e pela pequena vila de Breidasvik. A estrada aqui segue exactamente o contorno dos fiordes. Não existem pontes que atravessem entre vales, nem serviço de ferries, por isso não outra opção senão seguir as curvas recortadas da costa.
Mas o tempo caminha depressa e tínhamos de cortar algum caminho se queríamos chegar ao nosso destino em tempo útil. Sendo assim, percorremos a margem sul do fiorde seguinte, Fáskrufjordur, mas já não seguimos a estrada costeira. Enveredamos pelo longo túnel que nos levou até junto à cidade de Reydarfjordur, no início do fiorde homónimo. Seguimos viagem em direcção à cidade interior de Egilsstadir, uma espécie de metrópole da região, mas o nosso repouso nessa noite não podia deixar de ser num fiorde.
Assim, decidimos percorrer a estrada 93, em direcção a Seydisfjordur.
Assim, decidimos percorrer a estrada 93, em direcção a Seydisfjordur, uma estrada de montanha. Ficamos surpreendidos pelo panorama que nos esperava. Pouco depois de iniciarmos a subida, verificamos que, em pleno verão, as montanhas estavam cheias de neve e gelo, em placas que atingiam por vezes um metro de espessura e que se estendiam quase até à estrada. A estrada estava em obras de conservação, estando o piso cheio de gravilha, por isso tivemos de circular devagar e assim pudemos apreciar melhor a paisagem.
Durante a descida, a neve foi desaparecendo, mas tivemos a companhia de um rio junto à estrada e várias quedas de água. Para completar o quadro, a paisagem do fiorde e da vila em baixo enchiam-nos as medidas. Pena é que quando chegamos lá baixo, o tempo começou a ficar nublado e pouco depois estava a chuviscar! No entanto, ficou provado que quem diz ser este o fiorde mais bonito da Islândia estará provavelmente correcto!
Ainda ponderamos a hipótese de ficar essa noite num hostel, mas os três da vila estavam esgotados. Assim, regressamos ao plano original e montamos a nossa tenda no parque de campismo. Depois de jantarmos uma massa italiana, e pormos os posts do blog em dia, regressamos à nossa tenda, onde passamos mais uma noite quentinhos nos nossos sacos-cama da North Face, forrados pela Climashield.
No dia seguinte, deixaríamos os fiordes para trás e entraríamos no território vulcânico da Islândia.
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