O que ando fazendo por aqui, querendo ou não...
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O que ando fazendo por aqui, querendo ou não...


Estava fazendo uma atividade muito chata e aí lembrei do post recente da Glenda do Coisa Parecida. Não pelos mesmos motivos, mas me identifiquei um pouco porque realmente pouquíssimas pessoas sabem o que estou fazendo aqui na França. A curiosidade vai desde "como ocupo os meus dias" até "como ganho a minha vida.

O mais engraçado é que muitos comentários in off das pessoas que não me conhecem realmente, mas que tiveram contato (direta ou indiretamente) comigo pelo defunto orkut, que dão uma olhadinha no blog ou que simplesmente me viram uma vez de longe em um evento por aqui vão em dois sentidos extremamente opostos: a) Existe uma parte que acha que sou dondoca, que era rica no Brasil ou então que me casei com europeu rico!!! Ah, e que não faço nada o dia inteiro; b) Existe também uma outra parte que acha que passo trabalho aqui na Europa, catando lixo para sobreviver (essa estou exagerando!), trabalhando em subempregos mal-pagos e/ou clandestinos.

Infelizmente terei que decepcionar esses dois públicos! Madame aqui só no estado civil, já que em francês toda mulher casada é Madame (e agora até querem que só exista essa opção de "madame" nos fomulários oficiais, como você pode ler bem explicadinho no blog da Mirelle). Mas também não estou aqui fazendo faxina para sobreviver (mesmo que admire quem o faça, pois além de ser um trabalho digno e cansativo, ainda é bem-pago por essas bandas). Faxina já chega a da minha casa!!! Se um dia eu precisar, farei, mas até hoje pude escolher e me sinto contente de trabalhar em um grande grupo francês, com um salário correto e diversos benefícios interessantes, apesar de ter lá os seus "contras" do sistema francês e de não estar exercendo exatamente o que eu gostaria. Na empresa em que eu trabalho para crescer além de ter que ter uma formação em uma Grande Escola de Comércio (as mais reputadas são caríssimas, difíceis de entrar, mas é lá que são formados os futuros diretores nos diversos setores e dirigentes de empresa), ainda temos que ter um perfil top model fashion, o que não é exatamente meu perfil... 

Então, nem milionária nem pobretona, faço parte da classe média francesa. Somos um casal onde os dois trabalham, o que nos permite de aproveitar um pouco em termos de passeios e atividades culturais de certa forma que no Brasil o mesmo padrão de vida exigiria provavelmente um "supersalário". Por outro lado, sem filhos estamos na classe que paga mais imposto (em janeiro ainda tivemos mais um susto!) e para aproveitar de outras formas abrimos mão de certos confortos que muito brasileiro de classe média tem, como faxineira, manicure e cabelereiro toda semana!

Para manicure e cabelereiro me falta paciência mesmo! Para mim o serviço tem que ser rápido e eficiente, e o tempo vai passando e esqueço de telefonar para marcar hora... Ou então temos que ir sem hora marcada e esperar com toda as mães que levam toda a criançada que faz a maior bagunça no salão... Ou então me falta tempo mesmo (por exemplo, quero ir na sexta antes de viajar, mas na última hora acabo saindo muito tarde do trabalho e o salão está fechado!)

Mas já uma faxineira eu adoraria ter, não porque sou uma exploradora de escravos modernos, mas porque se tem alguém procurando trabalho em uma área na qual não sou qualificada ou que não quero trabalhar, prefiro dar o trabalho a essa pessoa... Mas além de pensar duas vezes antes de desembolsar no mínimo 10 euros por hora para esses serviços domésticos, tenho muita dificuldade em confiar em alguém na minha casa. Minha mãe sempre tentou e sempre fomos testemunhas das decepções, de gente que roubava calcinha e meia-calça vestindo umas sobre as outras na hora de ir embora, ou uma que roubou 50 reais da minha reserva. Outra vez voltamos de um feriadão de carnaval e a pessoa tinha "desaparecido" com tudo que tinha no congelador, geladeira e despensa, sem contar todas as garrafas de vinho, espumantes e whisky! A última foi uma nova que veio indicada, alguém da família dela disse que ela precisava trabalhar, o marido estava desempregado há meses. Minha mãe entra em um acordo financeiro com ela, que aceita, mas que pediu um adiantamento pois não tinha dinheiro para o transporte nem para nada. Minha mãe que nunca foi boba, não é de fazer caridade mas ficou penalizada, deu o dinheiro e está esperando a moça até hoje...

E nessas atividades domésticas que querendo ou não tenho que fazer, se tem uma coisa que me tira fora do sério (ok, sou muito intolerante mesmo, admito que tem muita coisa que me tira do sério!) é ter que pregar botões!!! 

E por aqui, até mesmo nas marcas consideradas de boa qualidade, sempre preciso reforçar os botões! Eh verdade que praticamente nada mais em vestuário é fabricado na França, na etiqueta vem geralmente escrito "criação francesa", mas "fabricado no Marrocos, Tunisia, Turquia, China, Paquiatão, Sri Lanka... Mas pro que não ensinam esse povo a pregar botões? (seu um dia eu ficar desempregada, mesmo com meu péssimo desempenho na atividade de pregar botões e total desconhecimento da profissão, quem sabe consigo uma vaguinha da área?)

A preguiça me impede de reforçar sistematicamente, mas então é aquele "corre-corre" quando o botão cai no mau momento. Como em pleno passeio pela Ilha de Murano, na Itália. E eu que não era nada disciplinada e nunca tive kit de costura na vida, tive sorte de encontrar um no supermercado da ilha!!!

 Eu ali completamente sem jeito vendo que dois botões estavam por um fio só, tentando ao mesmo tempo manter o casado fechado com o friozinho que estava fazendo... 
Um desconforto só até conseguir resolver esse probleminha!

Desta vez ataquei um casaco que ainda não tinha usado esse inverno pois tinha caído um botão no ano passado! (mais 2 casacos, sem contar uma camisa do marido que ele veio todo queridinho me pedir para pregar um botão da manga, acho que tenho trabalho por mais de uma hora!!!)

E você, o que não gosta de fazer mas não consegue evitar no dia a dia?



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