C'um diabos: o que está a fazer um ovni sobre uma lagoa, em pleno baixo Alentejo?
E embora não se trate de nenhuma montagem fotográfica também não é nenhum disco voador, para alivio geral. Trata-se, sim, do escoador da barragem do Monte da Rocha, tirada na manhã do primeiro domingo do mês de Abril, um dia (felizmente) solarengo de um Alentejo, supostamente seco. Contudo, como tem chovido bastante nos últimos meses a barragem está no seu limite e a qualquer momento pode haver a descarga de água para o seu interior, um momento de invulgar e rara beleza (valeram as dicas senhor Carlos Reis, do blog www.sulesueste.blogspot.com, a quem agradeço).
Acompanhada dos meus pais e marido, o nosso passeio começou em Panóias quando tentamos encontrar uma
cache junto à linha, em bom estado mas abandonada, dos caminhos de ferro da localidade.
Sem
cache e apesar da decrépita e vandalizada estação, aproveitei para tirar as primeiras fotos das vistas no local, excelente para a observação de animais, nesta região do país tão singular.
As planícies alentejanas fartas com suínos, vacas, ovelhas, cabras e cavalos pastavam nos seus campos verdejantes e as estevas, agora, floridas de branco aguarelavam a paisagem. Como foi bom sentir o calorzinho na cara neste dia tão primaveril e a quietude, da natureza envolvente, neste lugar.
Chegamos então à barragem do Monte da Rocha, uma importante barragem na região cuja função é principalmente a agrícola (rega) e o abastecimento público. Projetada em 1965 mas só finalizada e inaugurada sete anos mais tarde, ocupa uma área de quase 250 quilómetros quadrados sobre o leito do rio Sado.
Após o belo passeio pelas margens da barragem, quase termos sido devorados pelos mosquitos e carraças e muitas fotos depois, fomos então para Ourique, a capital do porco alentejano.
Esta vila com pouco mais de 3000 habitantes recebeu foral do rei D. Dinis, em 1290. Com o delicioso cheiro a flor de laranjeira, na rua principal, subimos, então a pé, até ao miradouro Ramiro Sobral, um lugar admirável, outrora um castelo árabe edificado no século VIII mas que restam apenas (infelizmente), agora, poucos troços das muralhas.
Apesar das obras pode ser admirado o bonito jardim (onde aproveitei para tirar as macro-fotos das flores que adoro) com farta vegetação e um reservatório de água no centro, além das vistas panorâmicas sobre a vila e planície alentejana. Quiçá onde poderá ter ocorrido a famosa batalha de Ourique, que segundo a lenda D. Afonso Henriques terá lutado contra cinco reis mouros e obtido o seu estatuto de futuro rei (até existe uma estátua de D. Afonso Henriques comemorativa do facto, neste jardim).
Terminamos o passeio com um belo almoço, com doses generosas e económicas de migas com porco frito e costeletas de vitela, no restaurante "Mundial", aí mesmo, em Ourique.
Existem outras atrações na região como o percurso arqueológico do Castro da Cola mas esse, com certeza, ficará para uma próxima visita!