Desde que os primeiros Europeus, os Portugueses, chegaram ao Japão no século XVI e trouxeram consigo o chá, que este se popularizou entre a aristocracia Europeia, especialmente em Inglaterra quando a infanta Catarina de Bragança e rainha de Inglaterra, no século XVII, levou consigo este hábito.
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Campo de cultura de chá |
Com o declínio do cultivo da laranja, surgiu o ressurgir da economia açoreana com a introdução de novas culturas: o tabaco, a batata doce, o ananás (descrito anteriormente num outro
post) e o chá, que rapidamente obteve uma forte importância social e comercial. O clima ameno, a ausência de geadas e a insolação pouco intensa foram os principais fatores pelo favorecimento do plantio e desenvolvimento desta cultura, na ilha de S. Miguel, o único local produtor de chá em toda a Europa.
Contudo, enquanto na Primeira Guerra Mundial a maioria das fábricas encerrou, ficou apenas a fábrica Gorreana devido ao apoio governamental de África. Esta empresa produziu o seu primeiro chá em 1883 e desde 1926 começou a produzir a sua própria electricidade, a partir de uma ribeira aí existente, no local do Gorreana, freguesia da Maia, concelho de Ribeira Grande, situada no norte da ilha.
Atualmente, além da fábrica do Gorreana existe também a fábrica de Porto Formoso situada na freguesia desse mesmo nome, tendo surgido na década de vinte, perto de Ribeira Grande e com a mesma natureza de solo (argiloso e de ph ácido).
Na fábrica do chá Gorreana vimos as plantações de chá e inicialmente um video explicativo com todas as etapas da produção do mesmo, cujas vendas ascendem as 60 toneladas de chá por ano, grande parte exportada para as outras ilhas e Portugal Continental assim como para o estrangeiro (E.U.A, Canadá e Alemanha). De salientar que não são utilizados quaisquer pesticidas, herbicidas ou fungicidas em todas as etapas da produção, desde a plantação até ao produto final, todas controladas aqui neste local.
O crescimento da planta
Camellia sinensis leva seis anos antes de ser feito a primeira colheita, sendo esta última efetuada de Março a Setembro. Somente as três primeiras folhas de cada rebento verde fresco é que são aproveitadas para fazer chá e para fazer 1 kg de chá pronto para infusão são necessários 4 kg de folhas de chá fresco.
Depois de colhidas, as folhas passam por secadores durante 10 horas. Depois, dependendo do tipo de chá assim é feito o restante processamento. É de salientar que algumas das máquinas utilizadas são tão antigas quanto a própria fábrica, como este esterilizador.
Para o chá preto, as folhas são preparadas nos "enroladores" mas ficam inteiras, daí o seu ótimo sabor no produto final. Depois de arrefecidas, são arejadas, fermentadas, secas, separadas por tamanho e peso antes de ficarem em repouso e escolhidas à mão antes de serem embaladas. A partir de todo este processo, saem daqui os chás: "orange pekoe", "pekoe" e "broken leaf", todos chás pretos, mas com o sabor do mais para o menos aromático, do mais forte para o mais fraco e do mais dispendioso para o mais acessível, respetivamente (consoante a proveniência das folhas de cada rebento verde que lhes dá origem).
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Enrolador |
Para o chá verde, as folhas depois de colhidas passam imediatamente por vapor de água para interromper a sua oxidação, enroladas e passadas por um secador, três vezes antes de serem embaladas. O seu sabor é mais delicado e para mim é um dos melhores chás que provei até hoje.
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Secador |
Em Ribeira Grande, além de termos visto a fábrica dos licores "A Mulher do Capote" vimos alguns edificios arquitetónicos e outros pormenores bem interessantes desta bonita cidade (que só conseguimos ver quando lá fomos na segunda vez), tais como: