Mas se Silves foi uma importante cidade islâmica também foi sede do bispado do Algarve, até ao século XVI, na Sé: o principal monumento gótico no Algarve.
Está localizada no Largo da Sé e foi edificada entre os séculos XIII e XIV, talvez erguida sobre uma antiga mesquita (apesar de não existirem evidências de tal).
A nave principal apresenta 18 metros de altura e existem duas naves laterais com altares de talha dourada.
O seu interior alberga a pedra tumular de D. João II, aqui sepultado em 1495 (posteriormente translado para o Mosteiro da Batalha). Também, aqui, foram sepultados bispos e famílias nobres de Silves tais como: João Do Rego (juíz de Silves e Alcaide de Alvor, do século XV), seu genro Gastão da Ilha (escudeiro do infante D. João), D. Fernando Coutinho (bispo de Silves e Lamego, presente nas negociações do Tratado de Tordesilhas e defensor dos Judeus, do século XVI), Egas Moniz Teles (fidalgo de D. Manuel I, desta família sairam os primeiros povoadores da Madeira, tanto que existe lá uma povoação com o nome de Porto Moniz). O interior da Sé pode ser visitado quase todos os dias e o bilhete de entrada custa 1€.
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Pormenores do interior da Sé |
Na década de 80 do século XX, no local decidido para construir a cantina Municipal, pela Câmara de Silves foram descobertos importantes vestígios arqueológicos únicos e em bom estado conservação, a nível mundial. Trata-se do poço cisterna, um reservatório de água dos séculos XII-XIII, do período Almoáda e a peça central do Museu de Arqueologia, inaugurado em 1990, tendo sido abandonado o plano inicial da construção da cantina.
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Em cima: entrada do Museu Municpal Em baixo: Poço cisterna |
Esse poço cisterna apresenta forma circular com 4 metros de diâmetro e 18 metros de profundidade. Tem a particularidade interessante de se poder circular por uma escadaria, com 1,20 m de largura, em forma de caracol, à sua volta, pela qual se podia alcançar facilmente água.
É possível ainda observar várias colecções de artefactos arqueológicos, dos diferentes períodos de ocupação da cidade, divididos por três pisos diferentes, desde o Paleolítico até aos séculos XV-XVII, séculos que demonstram bem a influência das rotas comerciais e contactos da cidade com outras regiões do mundo.
Mas entre eles, o período que mais se destacou foi, sem dúvida, o Muçulmano e está bem representado na exposição do terceiro piso: "Silves Islâmica: 5 séculos de ocupação", tendo sido o período Almoáda (XII-XIII) um dos mais importantes.
Verificou-se que muita da alimentação consumida pelos Muçulmanos, nesses tempos (através dos vestígios arqueológicos), consistia em: carne (cabra/ovelha predominante sob a forma de cozidos ou guisados, ausência de porco, como proibe a religião Muçulmana), mariscos e gastrópodes (a maioria era ameijoa, berbigão, ostra e caracóis terrestres) e peixe (essencialmente dourada e pargo).
Outros achados arqueológicos podem ser ali observados: projectéis de lanças, objectos de cozinha para confecção de alimentos (fogareiro, bilhas, potes, panelas, frigideiras), artefactos de decoração (como alfinetes de cabelos), fuso (para a fiação de lã). Um dos símbolos mais encontrados por toda a cidade são uma "pequena mão" para tocar à porta das habitações que representa a mão de Fátma (uma das filhas do profeta Maomé), símbolo muçulmano e que servia para proteger a casa do mau olhado.
O Museu de Arqueologia também integra a muralha da cidade desse período.
Depois foi possível observar a Câmara Municipal e o Centro de Interpretação Islâmica, um espaço dividido em três áreas diferentes: terra (importante enquanto material de construção), água (importante na irrigação de hortas) e poesia (poemas de dois importantes governadores da cidade:
Al-Muthamid e
Ibn Ammâr). Aberto desde 2002, tem entrada gratuita e encerra aos Domingos.
Estivemos, também, no jardim da praça do primeiro poeta referido (anteriomente) e na recente e moderna Biblioteca Municipal.
Próximo está a ponte Romana com vista para o Rio Arade e onde vimos estas bonitas gaivotas.
Um pouco afastada, no lado nascente (na estrada para Messines) está a Cruz de Portugal, monumento nacional com imagens alusivas à crucificação de Cristo, representados numa cruz de natureza calcária com 3 metros de altura e data de 1824.
Estar nesta cidade, com o encanto das suas casas de traços mouriscos, o Rio Arade, o vale fértil à volta cheio de árvores de fruto como laranjeiras, amendoeiras e alfarrobeiras aliados ao grandioso castelo no cimo fizeram-me recordar velhas histórias cheias de lendas de princesas, jovens donzelas e príncipes mouros.
A não perder em Silves: os restaurantes "Marisqueira Rui" (com qualidade, apesar de carote) e o "Recanto dos Mouros" (refeições saborosas mais económicas).
Junto à Câmara Municipal existe, também, uma loja de vários produtos em cortiça tais como: guarda-chuvas, porta-moedas, postais, sapatos, chinelos, malas, carteiras e até cadernos.
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