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O centro de Liubliana, com a Ponte Tripla atravessando o rio Ljubljanica |
A Eslovênia é um pequenino país parlamentarista, o primeiro a se tornar independente da antiga Iugoslávia há 22 anos. Muitos a confundem com a Eslováquia, país da Europa Central, e com a Eslavônia, região do norte da Croácia. Com o tamanho de Sergipe, possui 2.060.000 habitantes, o que a torna um dos países com menor densidade populacional da Europa. Com grande parte da superfície coberta de florestas e atravessada pelos Alpes Julianos, há uma grande preocupação com a preservação da natureza. Considerada o país mais desenvolvido da área da Iugoslávia, pertence à Comunidade Europeia e à OTAN desde 2004, adotando inclusive o euro e tendo indíces altos de desenvolvimento humano. Atualmente sofre uma crise econômica e política, com uma nova primeira ministra no poder desde março, seguindo a dissolução do governo anterior após uma onda de protestos populares.
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A promenade ao longo do rio, cheia de restaurantes com mesas ao ar livre |
Sua infraestrutura turística é ótima, e grande parte da população fala outros idiomas além do esloveno (língua eslava da família do croata), facilitando em muito a visita do turista. Os eslovenos são considerados um povo educado, confiável e trabalhador. Ao contrário da vizinha Croácia e da Bósnia, a guerra da independência contra a Sérvia durou somente dez dias, trazendo pouco prejuízo, o que permitiu à Eslovênia experimentar um grande desenvolvimento desde esta época.
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A Ponte Tripla, a Praça Prešeren e a Igreja Franciscana |
Liubliana (ou Ljubljana na grafia eslovena) foi a primeira parada da viagem. A capital da Eslovênia, com 220.000 habitantes, é uma cidade supersimpática com um centro histórico compacto e cativante. Por coincidência ou não, seu nome é quase igual ao da palavra ljubljena, que significa "querida". Como o país viveu seis séculos sob o domínio dos Habsburgo até a formação da Iugoslávia após a Primeira Guerra Mundial, sua arquitetura é basicamente austro-húngara, lembrando bastante Salzburgo pelas construções cortadas por um rio com uma fortificação no alto do morro. O tempo não ajudou muito, mas mesmo nestas condições deu para perceber porque a cidade encanta os visitantes que a conhecem. Para completar, é considerada uma das capitais mais seguras do mundo, e segundo o folheto turístico disponível nos hotéis, o único crime digno de nota é o furto de bicicletas, que por sinal abundam nas ruas - basta notar a quantidade delas que aparece nas fotos. Cuidado para não ser atropelado! A proibição de venda de álcool nas lojas após as 9 da noite também colabora para a segurança.
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A estátua de Prešeren e a Farmácia Central |
O ponto de encontro dos eslovenos no centro é a Praça Prešeren (o s com acento tem som do ch português), batizada em homenagem ao maior poeta esloveno, France Prešeren. Na praça ficam a Igreja Franciscana da Anunciação com sua chamativa fachada cor de rosa, e a Farmácia Central, um prédio em estilo neorrenascentista. Ligando a praça à parte mais antiga da cidade, a curiosa Ponte Tripla atravessa o rio Ljubljanica. A ponte original foi construída em 1842. Logo ficou pequena para o tráfego de veículos, e em 1931 ganhou a companhia de outras duas pontes a ladeando, cruzando o rio em ângulos diferentes. Uma ideia interessante, já que em qualquer outro lugar teriam derrubado a original e construído outra mais larga e moderna.
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A Ponte dos Dragões e o Mercado |
Por sinal, Liubliana também é famosa pelas outras pontes que cruzam o rio. A mais conhecida é a Ponte do Dragão, cujas cabeceiras são ladeadas por quatro dos animais mitológicos. O dragão é considerado o símbolo da cidade, demonstrando a coragem da população. Sua origem está ligada à lenda grega onde Jasão e os Argonautas teriam matado um monstro na região, após terem recuperado o velo de ouro. Outra lenda local conta que nas madrugadas o dragão balança o rabo pontudo a cada virgem que passa à sua frente.
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A Prefeitura à esquerda na praça, com a Fonte Robba ao centro |
A cidade antiga propriamente dita fica do outro lado do rio, imprensada entre ele e o morro do Castelo. Atravessando-se a Ponte Tripla e andando um quarteirão chegamos ao seu marco principal, a Praça da Cidade. Na praça em estilo barroco se situa a Prefeitura, um prédio do século XV e a Fonte Robba, erigida em 1751, com três titãs que representam três rios que cortam a Eslovênia, incluindo-se o Ljubljanica.
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Fonte Robba e Catedral |
Da cidade antiga parti para ver Liubliana de um ângulo diferente, do Castelo situado no alto do morro. O Castelo de Liubliana, que foi reconstruído no século XVI após um terremoto, foi residência real nos séculos seguintes, se tornando depois uma prisão. Para chegar lá tomei um funicular perto da Ponte dos Dragões, mas existe um caminho até o alto para quem quer economizar ou se exercitar. Confesso que me decepcionei, pois esperava mais. O castelo é uma mistura de estilos, não sendo muito atraente. O que me motivou a subir, a vista da cidade a partir da torre, poderia ser mais abrangente. É verdade que contribuiu o fato de não poder vislumbrar os Alpes, que aparecem em cartões postais emoldurando a cidade ao longe em dias ensolarados.
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Vista a partir da Torre do Castelo, que aparece à direita. Em destaque, a Catedral e parte da Ponte Tripla |
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A Praça do Congresso e a Universidade de Liubliana |
Ao se passear pelas vielas de Liubliana, chamam a atenção sapatos pendurados nos fios. A brincadeira começou há alguns anos e hoje diversas ruas de pedestres do centro têm dezenas de tênis dependurados. Nestas caminhadas, ainda deu para conhecer alguns marcos do centro antigo como a Catedral e o Mercado, situadas bem perto da Prefeitura, e a Praça do Congresso, já na parte mais nova do centro, com o bonito prédio da Universidade, construído como um palácio no início do século passado.
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Uma das muitas fontes que enfeitam a margem do rio Ljubljanica. Ao alto, a torre do Castelo |
Quando estava ali, a chuva que ameaçava cair desde que chegamos à cidade resolveu dar sinal de vida, e enquanto aguardava o tempo melhorar, resolvi me refugiar em um bar e experimentar um dos pratos típicos que encontrei em todas as repúblicas balcânicas: o burek. Trata-se de um folheado originário da Turquia, com várias possibilidades de recheio. Escolhi o de queijo com espinafre; não estava propriamente ruim, mas achei muito gorduroso para os padrões a que estamos acostumados.
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Os sapatos dependurados: uma constante |
Faltou conhecer o parque da cidade, o Tivoli, mas não houve jeito com a chuva. No dia seguinte, não tivemos chance para percorrer novamente as ruas de Liubliana. Partimos cedo para a costa da Croácia, parando nas profundas Cavernas de Postojna ainda em território esloveno, objeto do próximo post.
* Este é o segundo post da série sobre países da extinta Iugoslávia. Para visualizar os demais, acesse Atravessando os Bálcãs: Croácia, Eslovênia e Bósnia. Lá também se encontra o mapa do roteiro efetuado.
Postado por Marcelo Schor em 18.07.2013
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