Depois do relaxe do último dia de Nowruz, era tempo de voltar ao "trabalho". E, para nós, isso implicava voltar aos dias intensos de férias, calcorreando o Irão central e tentando ver o máximo possível, tendo em conta as restrições temporais.
Era agora tempo de, num só dia, visitar as principais atracções de Esfahan, aquela que dizem que é a cidade mais bonita do Irão. Acordámos cedo (claro!), e a mãe da Mahsa ainda teve a amabilidade de nos dar o pequeno-almoço. Saímos de "casa", nos arredores da cidade, e seguimos as indicações que a Mahsa nos tinha dado. Apanhamos 2 táxis partilhados, e a fama dos taxistas de Esfahan não se confirmou: não sei se foi do nosso ar já meio iraniano, ou se eles são mesmo assim para todos os turistas, o que é certo é que não nos pediram mais do que demos e ainda nos davam troco!
Chegamos assim à praça Enquelab-e Eslami, junto à ponte Si-o-Seh. O céu estava completamente limpo, e o sol brilhava intensamente. As diversas pontes de Esfahan, sobre o rio Zayandeh, são uma das suas principais atracções, sendo obrigatório um percurso ribeirinho. Construídas no séc.XVII, parecem saídas de um conto-de-fadas e são um ponto de encontro para os habitantes locais, que aqui vêm para conviver e refrescarem-se.
Resolvemos deixar isso para o final do dia (a pensar em fotos com o pôr-do-sol a bater nas pontes...) mas acabaria por ser uma má opção pois o tempo foi tornando-se mais cinzento ao longo do dia.
Seguimos assim, a pé, em direcção à cidade velha. A primeira paragem foi na mesquita Hakim, a mesquita mais antiga de Esfahan. Com partes com mais de 1000 anos de idade, a sua arquitectura é realmente distinta de todas as outras que veríamos nesse dia. Infelizmente, ainda não estava aberta e por isso tivemos de a admirar apenas por fora.
Dali, fomos para o bazar, que ainda estava a acordar, estando ainda muitas lojas fechadas e outras a abrir lentamente, após estarem fechadas durante os treze dias do Nowruz.
Em direcção à praça Imam, visitámos a Mesquita Jameh, uma das mais belas do Irão. Construída inicialmente no século XI (do qual ainda sobrevivem as duas cúpulas sobre salões norte e sul), foi reconstruída no século XV e alberga diferentes estilos islâmicos correspondentes às diferentes restruturações que sofreu ao longo de 800 anos de história.
O salão das orações e o salão de inverno convidam à reflexão silenciosa, enquanto o salão do sultão Uljeitu impressiona pelo fabuloso mihrab e pelas inscrições corânicas e motivos florais.
A cúpula de Taj al-Molk, em tijolo, é uma maravilha da engenharia, tendo sobrevivido a 900 anos recheados de abalos sísmicos.
Depois desta maravilha, o nosso destino era a praça Imam, supostamente a 2ª maior praça do Mundo (já perdi a conta às praças que visitei e que se gabam deste galardão...), mas declaradamente a mais bonita do Irão.
No entanto, devo admitir que estava à espera de algo mais. Primeiro, imaginava a praça mais pequena (é realmente muito grande!), mais aberta e com as diversas mesquitas à sua volta. Mas a praça é completamente fechada com edifícios (à excepção de uma ou outra via rodoviária), sendo que as duas grandes mesquitas se encontram "retiradas", sendo apenas visíveis as fachadas dos respectivos portais. Não obstante, ambas as mesquitas são jóias da arquitectura iraniana.
Como se estava na hora de oração, resolvemos visitar primeiro o palácio de Ali Qapu, diametralmente em frente a uma das mesquitas. Mais do que os seus pormenores arquitectónicos e históricos, vale pelas vistas fabulosas da praça que se tem do seu patamar.
Quando descemos, dirigimo-nos à mesquita do Sheikh Lotfollah, construída no séc.XVII. Sem minarete ou pátio interior, foi construída para ser destinada a local de oração das mulheres. A sua cúpula e os painéis em azulejo do portal são maravilhosos e o salão das orações é uma sala cheia de tranquilidade e beleza, que aproveitámos para assimilar, enquanto descansávamos do bulício e do calor que se faziam sentir na praça.
A seguir, viria aquela que é a Grande Mesquita, a mesquita de Imam, aquela que é, provavelmente, a mesquita mais famosa do Irão e uma das mais bonitas do mundo.
Um verdadeiro complexo de edifícios, está ligado à praça pelo grande portal de entrada de 30m de altura, e na oblíqua em relação ao comprimento da praça, de modo a estar alinhado em direcção a Meca. É nesta mesquita que os motivos florais, os azulejos de tons azuis e as "estalactites" nos tectos dos santuários atingem o seu máximo esplendor.
A cúpula atinge 51m de altura, e tem um tecto duplo, que dizem que é a explicação para o fenómeno que se pode presenciar no centro da sala: batendo com o pé numa laje negra aí localizada, consegue-se ouvir cerca de 10 ecos!
Estava agora na hora de um passeio pelo bazar que rodeava a praça, com as lojas a ocuparem as arcadas dos edifícios à sua volta. Mas o nosso dia ainda não tinha acabado...
Fomos a pé até à beira-rio e iniciámos o percurso das pontes, caminhando juntamente com muitos iranianos, que passavam aí o final de tarde. A ponte mais bonita, além daquela que tínhamos visto logo de manhã (e depois de passarmos a ponte de Chubi), é a de Khaju. Com 2 andares de arcadas e 110m de comprimento, e também servindo como barragem, atrai tanto os turistas como os locais e foi junto a ela que decidimos descansar um pouco no final deste dia.
Voltámos a apanhar 2 táxis partilhados de volta, mas desta vez fizemos a último troço do caminho a pé, na esperança de encontrar um mini-mercado onde pudéssemos fazer algumas compras para o dia seguinte, em que faríamos a viagem de autocarro para Yazd. E tivemos sorte... Compramos pão, queijo e manteiga e estávamos preparados para a viagem!
Regressamos ao prédio onde Mahsa e a sua família moram (não sem antes termos ido tocar a um apartamento diferente!), onde fomos recebidos com a hospitalidade iraniana. Jantámos e, a seguir, enquanto a Carla foi para um quarto ver um filme com a Mahsa e a irmã, eu fiquei na sala a ver o programa sobre futebol de Segunda-Feira (sim, também existe por aqui!). Sem direito ao trio de comentadores habituais em terras lusas, mas com direito a uma entrevista de mais de duas horas ao presidente da federação iraniana de futebol, e mesmo não entendendo patavina daquilo que diziam, pude sentir que o futebol também é desporto-rei por estas bandas... O Queiroz que se cuide!
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