Uma semana depois da inauguração dos Passadiços do Paiva, o Viajar entre Viagens preparou a mochila com o pic nic, juntou um grupo de amigos e foi percorrer o famoso vale do rio Paiva. Outrora um local só acessível aos mais aventureiros, aqueles que desafiavam as fortes correntes e rápidos em barcos de rafting ou kayaks, o vale é agora acessível a todos.
O rio Paiva é um dos rios mais limpos do mundo e foi considerado na década de 90 o rio menos poluído da Europa. Embora muito tenha acontecido desde então, o rio Paiva continua a ter um caudal bastante limpo, com água pura nesta secção e é considerado por muitos dos amantes da natureza, o rio mais bonito de Portugal. Com tantos títulos e elogios, não podíamos deixar passar em branco a oportunidade de conhecer o vale do Paiva.
A Câmara de Arouca, com o apoio de fundos europeus, construiu um percurso em madeira de cerca de 8 km, quase todo em estruturas suspensas no vale. O percurso liga Espiunca ao Areinho, em Canelas (bem ao lado de Alvarenga) sempre acompanhando as vertentes rochosas e escarpadas ao longo da margem esquerda do rio Paiva. O percurso integra agora o Geoparque de Arouca.
O percurso pode ser feito nos dois sentidos e se for sozinho terá que voltar para trás, o que perfaz um total de 16 km, já que se trata de um percurso linear. No entanto, como tínhamos vários carros, dividimos os carros pelos dois locais e fizemos apenas o percurso para um dos lados, permitindo-nos ter bastante tempo para aproveitar a paisagem, parar para comer, beber, tirar fotografias e até ir a banhos nas magníficas praias fluviais que encontramos no percurso.
DICAS GERAIS
- Vá com amigos e leve dois carros. Deixe ficar um em Espiunca e outro no Areinho (próximo de Alvarenga), isso permitir-lhe-á fazer apenas o percurso de 8 km e não terá necessidade de voltar para trás.
- Há um parque de estacionamento na praia do Areinho, em Canelas (Alvarenga), onde há um bar.
- Há também vários lugares para estacionar, nomeadamente um parque improvisado num grande campo de terra batida em Espiunca. A cerca de 50 metros do parque, ainda na povoação, há um pequeno café.
- Efectue o percurso no sentido Areinho - Espiunca. A subida inicial é bastante dura, mas são cerca de 400 metros. Depois disso, o perfil do percurso é sempre no sentido descendente, o que lhe permite usufruir melhor da paisagem.
- Leve muita água consigo. Nós só encontramos um ponto de recolha de água perto de Espiunca.
- O percurso tem bastantes sombras e muitos locais onde pode fazer um pic nic. Nós recomendamos que o faça perto na praia fluvial do Vau, um lugar lindo, cheio de poças de água nas rochas e com sombra.
- Coloque bastante protector solar.
- Sente-se pouco seguro e desconfortável nestes percursos? Não desista. Ao longo do percurso existem telefones SOS semelhantes aqueles que existem nas autoestradas e várias saídas de emergência.
- Leve calçado confortável e desfrute da paisagem.
A NOSSA EXPERIÊNCIA NO PERCURSO
Nós não somos exemplo para ninguém... começamos a caminhar era meio dia e estavam cerca de 35º C! O calor apertava e não corria qualquer vento. Éramos 8, uma das quais uma criança de oito anos (que se portou muito bem e não teve dificuldades nenhumas em fazer o percurso). A praia do Areinho convidava-nos para um mergulho, mas todos sabíamos que se cedêssemos à tentação iríamos deixar o tempo passar e ficar com moleza para fazer o percurso, especialmente depois de ter visto a subida inicial.
Começar no Areinho é a melhor opção. A subida inicial faz lembrar a Muralha da China (versão de madeira) já que o passadiço serpenteia as cristas quartzíticas onde o rio talha um vale em garganta profundo. A garganta do Paiva é um dos geossítios classificados no Geoparque e não há dúvida que a sua beleza é fenomenal. As vistas são avassaladoras e vale a pena parar com alguma frequência para regularizar a respiração e ao mesmo tempo contemplar a paisagem.
A subida inicial não demora mais de 30 minutos e como prémio do esforço despendido há dois miradouros de nos deixar ficar sem ar. O desnível ronda os 200 metros mas com muito calor a subida pode ser extenuante. A paisagem é maravilhosa e está ao nível dos melhores percursos que já fizemos nos Pirenéus e nos Picos da Europa.
Depois dos miradouros, há que descer. E, a partir daqui é quase sempre a descer. Essa foi a grande vantagem de começar em Alvarenga. Ao longo do nosso trajecto fomos apanhando bastante sombra, o que tornou o percurso muito agradável e minimizou o efeito do calor. O percurso foi feito quase sempre em passadiço de madeira.
A determinada altura resolvemos parar numa sombra para fazer o pic nic. Como tínhamos começado bastante tarde, comemos antes de chegar ao Vau, mas logo que lá chegamos percebemos que tínhamos feito a opção errada. A praia do Vau tem um belo areal, descontinuo, com bastante espaço para evitar multidões e tem também bastante sombra. É um belo lugar para almoçar e dar uns mergulhos.
Ao chegar ao Vau tivemos uma agradável surpresa: uma ponte de arame que permite ligar as duas margens do rio nesta zona. Embora o percurso não exija que se atravesse a ponte, fazê-lo é quase obrigatório. Do cimo da ponte é possível observar o rio de uma perspectiva completamente distinta daquela que as margens nos dão. Para além disso, dá belas fotografias e os visitantes parecem estar todos encantados. Todo este lugar é idílico.
Voltamos ao percurso. A determinada altura passamos por uma área onde o rio meandra em torno de um afloramento de rocha dura. É genial; neste local pode-se contemplar a o rio a envolver a rocha e o passadiço de madeira a acompanhar este percurso.
Um pouco mais à frente, alguns pormenores de geomorfologia fluvial concedem à paisagem características extraordinárias. Uma série de bancadas de quartzito e filões de quartzo dão origem a rápidos sucessivos e a uma sucessão de piscinas naturais em rochas alaranjadas e rosadas. A dinâmica fluvial do rio é mestre por estas bandas. Os amantes da água não vão resistir a este local para dar um mergulho.
Continuando, o percurso prossegue em direcção a Espiunca, onde uma grande praia fluvial fez as nossas delícias. O trilho termina junto à ponte sobre o Paiva, mas, no Verão, quando o caudal do rio é reduzido, é possível atravessar por baixo da ponte para chegar à praia fluvial. Nós optamos por só tomar banho aqui, mas depois arrenpendemo-nos. Há lugares bem mais bonitos, isolados e melhores para ir a banhos ao longo do percurso. Basta escolher um, ou vários, e desfrutar.
Sobre a ponte, e olhando na direcção contrária à aldeia de Espiunca, existe outro geossítio classificado de interesse particular no Geoparque. Trata-se de uma falha tectónica normal com rejeito de três metros que testemunha o ciclo orogénico Varisco na Península Ibérica.
No final do dia, estávamos todos radiantes e satisfeitos. Mas, como a maioria dos portugueses, resolvemos terminar a nossa aventura deliciando-nos com a gastronomia local, e não resistimos a um bom bife de Alvarenga.
Dica extra: Nós não tivemos tempo porque já iniciamos o percurso bastante tarde, mas recomenda-se uma visita ao Centro de Interpretação Geológica de Canelas (pedreira do Valério), a caminho de Espiunca, um dos poucos locais do mundo onde foram encontrados fósseis gigantescos de trilobites do Ordovícico (465 milhões de anos).
COMO CHEGAR
Os Passadiços do Paiva situam-se no concelho de Arouca, a aproximadamente 65 km do Porto, 120 km de Coimbra e Braga e 310 km de Lisboa.
Norte: Siga a A1 em direcção ao Porto. Daqui pode seguir a A32 em direcção a Vale de Cambra, onde sai. Aí segue para Carregosa/ Chão de Ave/ Arouca pela estrada nacional N224.
Sul: Siga a A1 no sentido Lisboa – Porto. Saía em Estarreja/ Oliveira de Azeméis/ Siga em direcção a Vale de Cambra/ Chão de Ave/ Arouca pela estrada nacional N224.
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