Viagens
Decepções de viagem
Volta e meia me perguntam: "mas você sempre gosta dos lugares que conhece?"
Eu diria que gostar de um lugar ou cidade é algo bem subjetivo e vai depender de nossos interesses, expectativas, além do humor, da companhia e mesmo do clima naquele dia.
Como meu principal interesse é conhecer lugares novos para mim, onde já se passou muita coisa antes (que geralmente aprendi através dos livros), nesse ponto nunca fiquei decepcionada. Por exemplo, nunca achei uma cidade "feia", já que me detenho aos detalhes e sempre me surpreendo com tantos pontos positivos!
Porém de vez em quando nos deparamos com algumas coisinhas das quais não gostamos e então vou tentar colocar aqui as minhas impressões:
- Paris: algo que me decepciona muito na cidade é que ela está longe de ser todo esse glamour que a gente ouve falar... Basta fugir dos pontos mais importantes e encontramos toda a miséria do mundo ali reunida, e tenho a impressão que as autoridades não fazem nada. Já comentei que detesto a Champs Elysées. A avenida é muito bonita com o Arco do Triunfo de um lado, passando pelo Grand Palais e a Place de la Concorde do outro lado, mas para mim ela não tem nada de glamour, mas de decadência. A rua está lotada de trombadinhas, mendigos e espertinhos. Sentar para beber alguma coisa ou almoçar é pedir para pagar caro sem qualidade, serviço ruim, e ainda ter que dar esmola ou se recusar de dar esmola a cada 2 minutos! Que me perdoem, mas pagar 10€ por uma água mineral só por estar sentado ali na Champs Elysées e ser lembrada a todo minuto de todas as misérias do mundo, estou fora!!!
A Place de la concore é muito bonita e merece sem dúvida mais atenção!
- Interior da França: quando saímos dos grandes eixos, o transporte público é bem precário, não existe taxi disponível nas ruas de pequenas cidades e nos domingos e feriados quase tudo fecha (o jeito é reservar esses dias para visitar museus e castelos, por exemplo, ou visitar parques, quando o clima ajuda!)
- Roma/Veneza: tivemos experiências muito desagradáveis no atendimento na Itália, pelo menos nessas duas grandes cidades turísticas. Em muitos restaurantes, além do preço afichado, tinha suplemento para tudo: serviço (nem sempre estava escrito a porcentagem, então a gente nunca sabia quanto iriam nos cobrar a mais), um extra pelo pão e queijo (certa vez agradecemos e dissemos que não precisávamos, ainda assim cobraram 5€ por pessoa e colocaram o mesmo pão e queijo na mesa ao lado!!!), preços das bebidas nem sempre visíveis (pagamos 7€ por cada prato de massa, no cardápio só tinha o preço da água e dos vinhos, pedimos 2 Cocas e na hora de pagar cada COPO de refrigerante nos custou 8€!!!). Sem contar que a gente olhava ao lado o prato dos italianos e pedíamos a mesma coisa, mas o nosso prato chegava com metade do conteúdo...
Na volta comentamos com outros turistas que estavam no trem conosco e eles tinham vivenciado a mesma coisa, e uma francesa que tinha sido casada durante 30 anos com um italiano e morou todo esse tempo na Itália (atualmente viúva) nos disse: "assim são os italianos..."
Encomendar uma pizza era a única certeza de que a quantidade seria razoável, mas já a qualidade... Depende
Que saudade na "minha" França em que a gente vai ao restaurante e paga exatamente o preço afichado... Mas lá em Roma, se o prato de massa custava 10€ a gente podia sair com uma conta de 60€ no final para duas pessoas!
(20€ de pratos, 10€ de couvert, 16€ de refrigerante e incluir o serviço. Isso sem contar a gorjeta!)
Em Veneza também fiquei chocada com os vendedores ambulantes de falsificações bem diante dos policiais e autoridades!!! Inclusive em um dia, eles estavam todos com as bolsas expostas sobre um tecido no chão, bem ao lado do Palacio Ducal, eles recolhem pois a polícia chega, assim que a polícia passava, eles estendiam o tecido e realinhavam as bolsas, à menos de 10 passos NAS COSTAS dos policiais!!! E assim um atrás do outro! Será que esses policiais nunca aprenderam a olhar para trás? Mas a gente percebe que não há um interesse real das autoridades em acabar com isso. E o pior é que Sylvain viu esse mesmo tipo de vendedores um domingo na Champs Elysées...
- Viena: os museus são absurdamente caros. A cada vez era 12€ daqui, 12€ dali... Se não gastamos muito em transporte, alimentação e hospedagem, o rombo no orçamento para o turista é realmente as visitas. Também não existem restaurantes e opções para todos os lados!
- Londres: essa é uma opinião bem pessoal, mas eu acho a cidade tão grande e austera que para ver as imagens de "cartão postal", as imagens que eu queria ver de Londres, cada ponto ficava muito longe um do outro. Tudo é longe de tudo! O metrô também não deixa lá muito perto dos lugares de visita (além de ser caríssimo!). Então, se a gente decide "flanar" o dia inteiro, acabamos passando muito mais por lugares "feios" (na minha opinião, pois o que é a beleza?) do que bonitos. O jeito é entender o funcionamento dos ônibus e tentar se virar intercalando ônibus e metrô. Diferente na minha opinião de Paris, em que a gente pode caminhar o dia todo e cada construção nos impressiona...
- Suiça: Sylvain não gosta da Suiça, para ele as pessoas que aborrecem na Suiça, ele diz que não tem nada para fazer lá (francês costuma dizer que na Suiça só tem montanhar e vacas!)! Não concordo 100% mas tenho que concordar que Zurique e Genebra não me pareceram cidades lá muito animadas... As lojas fecham cedo e se não é verão a gente não encontra mais ninguém na rua (ao contrário da Alemanha com seus bares e animação garantida e São Petersburgo em que as pessoas passeiam até de madrugada sob a neve!!!). Encontrar um restaurante também é um desafio: se a gente não reserva um dos poucos restaurantes, provavelmente fica sem lugar, e o jeito vai ser se contentar com uma cafeteria ou fast-food. Na Suiça tudo também é absurdamente caro, mesmo para quem ganha em euros... Uma lembrancinha como um chaveirinho vai custar cerca de 10€!!!
Ok, não vou exagerar, na Suiça tem fondue, chocolate e São Bernardo, não posso reclamar!!!
- China:
A pior lembrança da China foi o trânsito louco (você tenta atravessar uma rua e vem uma moto não-sei-lá-de-onde e na contramão!!! Mesmo olhando várias vezes antes de atravessar, Sylvain estava com o coração na mão, ele que já odeia trânsito e carros (reclama da poluição, acha que todo mundo deveria utilizar os transportes públicos e proibir carros, motos e assemelhados nas cidades), achava que eu seria atropelada a cada 5 minutos. Quase fiquei louca (não sei se mais com o trânsito ou com ele)! E essa mania de chinês de buzinar a cada 5 metros?!? Se já era ruim essa buzinada toda enquanto pedrestre (cada sobressalto, poderia ter tido uma crise cardíaca!), era ainda pior como passageira! Para mim era impossível pregar o olho apesar do cansaço.
Além disso, muita gente nos locais turísticos. Se isso por si só mais me interessou que incomodou, o problema eram os grupos de turistas com guias e alto-falantes! Vocês imaginam, em pleno lugar que deveria ser de magia e tranquilidade, esses guias falando alto no alto-falante e uns 50 seguidores de cada vez amontoados? O jeito era aguardar que eles passassem (pois a visita deles era bem corrida, felizmente!) e aproveitar antes da chegada do próximo grupo!
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