“Una chica portuguesa en Colónia. ¿Qué encanto.”, diz-me a senhora na entrada do Museu de Portugal. “No vienen muchos portugueses acá. ¿Por qué? ¿No lles gusta Uruguai. A verdade é que não sabia bem responder a esta questão mas saiu-me a resposta mais óbvia: “En Portugal no hay mucha plata… y Uruguai es muy lejo”.
Fundada em 1680 pelos portugueses, Colónia de Sacramiento é uma cidade de estilo colonial cujo centro histórico está muito bem preservado. Esta jóia arquitectónica foi fundada por Manuel Lobo, o governador português do Rio de Janeiro, para concorrer em termos comerciais com as cidades espanholas na foz do rio da Prata, nomeadamente Buenos Aires. Esta última localiza-se em frente, na outra margem do rio. Dito desta maneira, podemos ser levados a pensar que se vê Buenos Aires daqui. A realidade é que não, já que o rio, neste sector tem 50km de largura, distância que separa as duas cidades.
Durante a ocupação portuguesa a cidade prosperou à custa do contrabando e dos ataques aos barcos espanhóis. Inúmeras batalhas foram travadas entre as duas nações e Colónia de Sacramiento acabaria por cair na mão dos espanhóis definitivamente em 1777, o que acabou por levar ao seu declínio.
Hoje, Colónia de Sacramiento é a jóia da coroa do Uruguai. Os habitantes deste país têm um forte orgulho nesta cidade e no seu bairro colonial. Vindos de Buenos Aires, chegam centenas de turistas de ferry ao porto. Qualquer visita ao Uruguai tem, obrigatoriamente, que incluir a cidade de Colónia.
Apesar do centro histórico ser relativamente pequeno, a verdade é que é um passeio extremamente agradável. Uma visita a Colónia tem que passar pela compra do bilhete de entrada nos museus (50Ur) Indígena, Português, Municipal, Arquivo Regional, Casa Nacarello e do Azulejo. No entanto, Colónia é muito mais do que estes museus. Colónia são as ruas, o ambiente colonial que se respira enquanto se percorre as ruas com calçada portuguesa ou a sensação que se tem quando se sobe ao farol.
Outrora, os portugueses fundaram esta cidade. Hoje, o nosso país já se esqueceu das cidades além-mar e os portugueses já não têm o desejo de conhecer os territórios fundados pelos seus antepassados. Poucos portugueses vêm ao Uruguai e para a questão que me coloca a senhora na entrada no museu ainda não tenho outra resposta.