Um pouco da história Micaelense 1
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Um pouco da história Micaelense 1


Embora não existam registos de quem exatamente "descobriu" as ilhas dos Açores, o que se sabe é que foi povoada na primeira metade do século XV (talvez 1432 ou 1444), possivelmente a 29 de Setembro, dia de S. Miguel, patrono então de Portugal e que deu o nome à ilha, tendo como primeiro capitão mandatário Gonçalo Velho Cabral.


Monumento nas portas da cidade (Ponta Delgada)

Os primeiros povoadores, atraídos pelas terras férteis e reduzidos impostos, trouxeram consigo gado, aves, sementes de trigo e de legumes para se fixarem e cultivarem as terras, num local abundante em vegetação, designado hoje como "Povoação", uma vila e sede de concelho de uma das freguesias mais bonitas que vi nesta ilha (as "Furnas").


Local da entrada dos primeiros povoadores da ilha


Esta zona é conhecida como o "celeiro da ilha" devida à alta fertilidade dos seus terrenos e a consequente elevada produção de cereais e batata.


Centro da vila


Ao percorrerem a costa oeste, esses povoadores encontraram uma zona plana ao nível do mar e aí se fixaram, dando origem à povoação "do Campo".  Como ficou isenta de impostos, pouco tempo depois começou a ser chamada vila franca, atraindo cada vez mais pessoas o que deu origem à primeira capital da ilha, conhecida hoje como "Vila Franca do Campo".


Vista de Vila Franca (a partir da ermida da Nossa Senhora da Paz)


Aos primeiros povoadores sucederam-se outros, oriundos  principalmente da Estremadura, Alto Alentejo, Algarve e Madeira, assim como judeus, mouros e até estrangeiros como Franceses (existe uma terra no noroeste chamada "Bretanha").


Moinho na Bretanha

O rápido crescimento económico deveu-se essencialmente à localização geográfica e às características dos solos, importantes para a produção de açúcar e plantas tintureiras de pastel ou urzela (líquen), e a partir das quais se obtia um corante azul para tingimento de tecidos.

Vila Franca do Campo, elevada a vila em 1472, era o mais importante porto comercial e alfandegário da ilha até que em 22 de Outubro de 1522 sofreu um violento terramoto, estimando-se que tenham morrido quatro mil pessoas. Outras zonas do norte da ilha (como Ribeira Grande) também sofreram fortes abalos sísmicos.

Os sobreviventes desta catástrofe natural foram então para Ponta Delgada, que se tornou cidade e capital da ilha em 1546...até hoje.

No século XVI, em S. Miguel ocorreram importantes lutas, tais como a batalha de Vila Franca em 1582, com a vitória dos partidários de Filipe II de Espanha sobre os apoiantes de D. António I de Portugal e no século XVII existiram ataques corsários, com especial destaque nos da armada inglesa. Até pode ser vista a marca do impacto de um projéctil na torre sineira de uma igreja de Vila Franca do Campo, de um ataque datado de 1624.

Torre da igreja S. Miguel Arcanjo

Com o declínio do comércio internacional das plantas tintureiras, em detrimento dos corantes sintéticos, começou a escassez para os Micaelenses, os habitantes da ilha de S. Miguel. Então surgiu a necessidade de uma nova alternativa: o cultivo da laranja, provavelmente trazida de Macau.

A laranja, exportada regularmente para a Inglaterra, a partir da segunda metade do século XVIII permitiu o elevado desenvolvimento económico e o consequente aparecimento de palácios e mansões, na paisagem de uma nova classe social: a burguesia, com os ideais de defesa do rei D. Pedro contra as ideias absolutistas de D. Miguel. Contudo...

Mas agora basta de histórias (mas que continuam no próximo post)!

Achei Vila Franca um charme! Depois de provarmos umas iguarias gastronómicas um pouco diferentes  (depois eu escrevo sobre o assunto) ao almoço fomos passear pela vila. Entre ruelas encontramos muitas igrejas e ermidas (existem mais de dez), um convento e os paços do concelho, um bonito edifício do século XVIII, encimado por uma esfera armilar (instrumento astronómico).


Igreja da Misericórdia (é do século XV e uma das mais bonitas)

Paços do Concelho


A norte de Vila Franca existe a ermida da Nossa Senhora da Paz, um templo do século XVIII com vistas absolutamente deslumbrantes sobre a vila.







E com muita pena minha, por razões meteorológicas, não podemos ir até ao ilhéu de Vila Franca, situado a 1200 metros do porto, um cone que contém no seu interior uma caldeira circular cheia de água e onde se pode(ria)m tomar uns belos banhos (sniff...sniff...).









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