Falei anteriormente nas maiores atrações e melhores pontos de interesse na ilha de S. Miguel mas se tiverem tempo existem muitos outros locais, bem bonitos e dignos de uma visita. Vamos lá?
A começar pelo nordeste...uma das zonas mais floridas de S. Miguel, um encanto e um deleite para os sentidos. E estou a falar não só de um concelho chamado "Nordeste" como também de toda a região desse lado da ilha. Sem grandes histórias para contar...mas que pouca importa...afinal aqui é a própria natureza que se encarrega de o fazer.
S. Miguel apresenta um perfil geográfico bem demarcado em duas áreas montanhosas separadas por uma área plana no centro. Há uma década atrás, as estradas eram difíceis e demoradas entre o lado nordeste da ilha e a capital, mas hoje em dia isso mudou, com a construção de auto-estradas que reduziram o tempo de viagem mas também as bonitas vistas.
Um desses exemplos é a apaixonante cascata da Ribeira dos Caldeirões, uma atração imperdível mas passada, facilmente despercebida, na luxuriante paisagem, mesmo ao lado de um bonito moinho, cujo funcionamento está dependente das águas da mesma.
Na periferia da Reserva Natural da Lagoa do Fogo (centro da ilha), existe uma outra queda de água: Caldeira Velha, uma nascente de água quente que cai sob a forma de uma pequena cascata numa lagoa onde é possível tomar banho (nós não tomamos devido à hora tardia), numa zona sobejamente verde, rica em fauna e flora.
Depois de pararmos pelas freguesias de "Algarvia", "Lomba da Fazenda" e "Nordeste" onde se relembraram velhos tempos e se viram bonitos edificios fomos até aos alegres miradouros espalhados pelo nordeste da ilha, não sem antes visitarmos as piscinas naturais da Boca da Ribeira.
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"Uma algarvia em Algarvia" |
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Igreja Matriz do Nordeste |
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Piscinas naturais de Boca da Ribeira |
Um pouco por toda a ilha existem várias piscinas naturais, resultantes da atividade vulcânica e esculpidas pela ação dos ventos e mares. Infelizmente, devido ao tempo agreste do mar que se fez sentir, durante todos os dias da nossa viagem, nunca conseguimos tomar quaisquer banhos nestes locais. No lado oeste de S. Miguel, a poucos quilometros das Sete Cidades, visitamos as piscinas naturais da Ponta da Ferraria, cujo aquecimento é feito por uma caldeira natural e cuja estrutura vulcânica é bem visível (mas "mete medo ao susto", para lá chegarmos, devido ao íngreme declive).O miradouro da Ponta do Sossego é para mim, sem dúvida, o mais bonito (leia-se "florido") e o mais bem preparado para receber os piqueniques dos turistas e locais. As suas vistas para o mar e natureza são espantosas.
E claro que não resisti a tirar grandes planos das flores presentes, nos espaços ajardinados, deste amplo e maravilhoso espaço.
Virando um pouco a sul, encontramos o miradouro da Ponta da Madrugada e o miradouro do Pico Longo, com excelentes vistas não só para o mar como para as suas paisagens verdejantes com pequeninas casas que mais parecem peças de um jogo.
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Vista para o mar (Ponta da Madrugada)
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Vista da paisagem rural (Ponta do Pico Longo)
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No noroeste, um último olhar de um miradouro sobre a freguesia de Mosteiros, um pitoresco vilarejo cheio de piscinas naturais (na realidade são inúmeras rochas vulcânicas que defendem a freguesia do mar).
Mas deixemos o norte e vamos para sul, de vez. A poucos quilometros de Ponta Delgada, existe uma pequena vila (que também existe como cidade no Algarve) chamada Lagoa. Além de termos jantado lá duas vezes, fizemos uma breve visita às instalações da fábrica de cerâmica "Vieira". A matéria prima: o barro, nem existe na ilha (vem do continente e da ilha vizinha Santa Maria) mas não falta o engenho e a arte destes artesãos que o convertem em autênticas obras sob a forma de louças decorativas ou azulejos.
Pertencente sempre à mesma familia, esta empresa opera desde 1862 e todo o processo é bastante artesanal, desde a modelagem na velha roda de oleiro até à pintura manual, predominante azul.
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Fabricação de uma peça na roda de oleiro |
Depois das peças terem sido executadas ficam em repouso e posteriormente são pintadas e levadas à mufla (um enorme cozedor) onde são cozidas a elevadas temperaturas (na ordem dos 1000ºC) durante mais de 10 horas.
Em resumo...senti admiração e desejo mas sobretudo desejo de voltar aos Açores. Apesar dos sismos, intempéries e outros desastres naturais (quem não se lembra da catástrofe natural ocorrida em 1997, em Ribeira Quente?) que sempre existiram (bem descritas no jornal Açoriano Oriental, o jornal mais antigo de Portugal), a mãe natureza foi generosa e dotou os Açores de uma vasta riqueza natural.
A observação de cetáceos num belo passeio de barco, a visita ao interior do ilhéu de Vila Franca, uma boa caminhada até à praia da Lagoa do Fogo, a prova do bolo levedo quentinho acabado de fazer nas Furnas e conhecer outras ilhas, particularmente a ilha do Pico com a altitude mais elevada de Portugal e a beleza natural da ilha das Flores foram actividades que ficaram por fazer. E são razões mais que suficientes para dizer: quero voltar aos Açores!
Mas ainda falta um último
post sobre estas ilhas, desta vez sobre as delicias gastronómicas (e não só) de S. Miguel.