Viagens
Passeio de helicóptero ao Grand Canyon
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O helicóptero pousado no Grand Canyon |
No final de outubro viajei a trabalho para Las Vegas junto com alguns colegas. Como dispúnhamos somente de uma manhã livre, resolvemos fazer um tour de helicóptero ao Grand Canyon e escolhemos uma excursão da Papillon Helicopters. O passeio tinha duração de quatro horas e nos custou 324 dólares por pessoa pela internet.
A primeira surpresa aconteceu quando chegou o recibo da inscrição pelo e-mail. Teríamos que confirmar o passeio por telefone no dia anterior, sob ameaça de cancelamento. Meio estranho, já que o tour já estava pago, e a informação da hora em que nos pegariam em nosso hotel constava no texto. Enviamos por e-mail a reconfirmação 24 horas antes do passeio, mas não adiantou nada. Logo depois nos mandaram uma mensagem de retorno informando que o telefonema ainda era necessário. Ligamos para o número toll-free e aí então consideraram o passeio confirmado.
Pontualmente no horário marcado, um miniônibus passou no The Venetian, onde estávamos hospedados. Após outras pessoas embarcarem nos hotéis próximos, o motorista nos deixou num estacionamento nas cercanias do aeroporto de Las Vegas. Lá embarcamos em ônibus tradicional, já cheio de turistas recolhidos por outros veículos. Rodamos pela autoestrada até chegarmos a Boulder City, uma cidadezinha a 40 km de Las Vegas construída para abrigar os trabalhadores do Hoover Dam, de cujo aeroporto saem os helicópteros. Primeira conclusão: das quatro horas de passeio, uma boa parte é "comida" pelo traslado ida-e-volta até o aeroporto de Boulder City. Na realidade, 1h40min decorreu entre a passagem do miniônibus pelo hotel e a saída do helicóptero para o tour.
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O Lago Mead |
No check-in na sala do aeroporto, solicitamos à atendente que nós quatro ficássemos no mesmo helicóptero, o que ela aparentemente assentiu. Em seguida, cada um foi pesado e assistimos a um vídeo sobre o funcionamento do helicóptero, com ênfase na colocação do cinto de segurança, com encaixe de quatro fivelas, e na operação do salva-vidas inflável, para o pouco provável caso de o helicóptero cair no Lago Mead. Esperamos nossa vez de sermos chamados para o embarque com a sala bem cheia, apesar de ser uma manhã de segunda-feira. Aí aconteceu a segunda surpresa - nada adiantou o nosso pedido de viajarmos juntos. Fomos separados em dois grupos de dois; os lugares no helicóptero são previamente demarcados pela equipe com base no peso de cada turista. O nosso tinha seis lugares, dois na frente ao lado do piloto e quatro atrás. Quem quiser garantir os lugares da frente deve pagar um adicional, coisa que não fizemos (e me arrependi, vale a pena). Como tenho peso médio, infelizmente fiquei no pior lugar: a poltrona do meio. Fazer o quê? Mesmo assim deu para tirar fotos, com um pouco de reflexo e incomodando meu colega, que ficou na janela.
Ao entrarmos no helicóptero, além do cinto salva-vidas havia um fone de ouvido para abafar o ruído, o que me deu também a impressão de que receberíamos muitas informações ao longo do passeio. Ledo engano: nossa piloto (a única mulher piloto dentre todas as aeronaves que decolaram) foi um pouco econômica nas informações, falando o mínimo necessário sobre cada atração sobrevoada. Nossos dois companheiros que embarcaram em outro helicóptero também notaram a mesma parcimônia.
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O Hoover Dam represando o rio Colorado e a nova ponte inaugurada em 2010 |
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Nos aproximando do Grand Canyon, seguindo o outro helicóptero |
O helicóptero finalmente decolou e logo sobrevoou o Hoover Dam, uma magnífica obra de engenharia inaugurada em 1936 após cinco anos de construção. A barragem gera eletricidade para a Califórnia, Nevada e Arizona e se ergue na divisa destes dois últimos estados no rio Colorado, na ponta do Lago Mead. Este lago, que sobrevoamos logo a seguir a caminho do cânion, é o maior reservatório de água em volume dos Estados Unidos. Quando viajei há treze anos de Las Vegas para Phoenix, a estrada estreita passava exatamente sobre o topo da barragem, mas em 2010 foi inaugurada uma belíssima ponte à sua frente, pela qual o tráfego é desviado desde então.
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Entrando no Grand Canyon |
A melhor parte veio logo a seguir. O helicóptero se aproximou da parte oeste do cânion, passando rente ao topo dos morros, os ultrapassando como só um veículo deste tipo pode fazer. Pela janela, observávamos os outros helicópteros ao longe com o mesmo destino final. Logo penetramos na ravina principal do rio Colorado e seguimos por ela. A piloto nos mostrou o Skywalk, o observatório em forma de ferradura com chão de vidro que avança no alto do penhasco, construído em 2007 e que pertence aos índios Hualapai. De onde estávamos, voando no meio do desfiladeiro, me pareceu bem minúsculo.
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Após o pouso, vista do Rio Colorado em meio ao Grand Canyon |
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Outro ângulo do rio Colorado |
O Grand Canyon é um desfiladeiro de 446 km de extensão ao longo do rio Colorado, com paredes de até 1.800 m de altura, formando paisagens únicas no deserto do estado do Arizona. Merecidamente foi eleito uma das sete maravilhas naturais do mundo. Cerca de 45 minutos após a decolagem, aterrissamos nele. O helicóptero pousou em terreno mais ou menos plano, situado um pouco acima do nível do rio, em meio a um cenário deslumbrante esculpido ao longo de milhões de anos. Estávamos sozinhos no meio da natureza, uma vantagem enorme se compararmos com a multidão que entope os observatórios nos mirantes do cânion, o admirando de longe. Após tirarmos as fotos inevitáveis, mesas de piquenique nos aguardavam com um lanche composto por um sanduíche de peru (bem gostosinho por sinal), um pacote de batatas fritas, uma taça de espumante, uma garrafa de água mineral e um cupcake de sobremesa.
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A mesa de piquenique. À esquerda, conversando em pé, nossa exímia piloto |
Antes de partir, observei nossa piloto recolher numa sacola de lixo os detritos por nós deixados; nota-se a preocupação com a preservação do meio ambiente, inclusive na ausência de instalações sanitárias no local do pouso. Retornamos então num voo rápido e direto ao aeroporto de Boulder City. Tanto a ida quanto a volta foram supertranquilas, sem solavancos, balanços ou outros contratempos. No aeroporto o miniônibus nos aguardava para o retorno a Las Vegas.
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Nosso helicóptero em meio ao cenário indescritível do Grand Canyon |
Como já havia conhecido o Grand Canyon em outra oportunidade, quando apreciei a paisagem num mirante do alto do desfiladeiro, fiquei satisfeito com o passeio. Porém me decepcionei um pouco com a curta duração da passagem pelas ravinas; poderiam ter explorado melhor o cânion pelo ar. Para quem visita o local pela primeira vez e dispõe de mais algum tempo, sugiro escolher o pacote que combina o passeio de helicóptero com uma visita ao Skywalk.
Publicado por Marcelo Schor em 13.11.2013
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