Passeio de barco pelo Estreito de Bósforo
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Passeio de barco pelo Estreito de Bósforo


O encontro do estreito de Bósforo com o Mar Negro, separando Europa da Ásia (de onde foi tirada a foto)
         Quando viajei para Istambul, na Turquia, um dos passeios que mais nos recomendaram fazer foi o cruzeiro pelo Bósforo. O passeio vale realmente a pena, pelas  paisagens às margens do estreito e pelas lições de história  que fomos rememorando à medida que os lugares iam passando.

          Reservamos um dia da estadia de cinco noites em Istambul para a empreitada e nos encaminhamos para o cais de Eminönü, junto à ponte de Gálata. Por volta das dez e meia da manhã embarcamos no ferry da IDO, a companhia turca de navegação, que percorreria todo o estreito até atracar em Anadolu Kavağı, perto da sua embocadura no Mar Negro (atenção ao alfabeto turco - a letra ı,  um i sem ponto, é uma letra diferente da versão habitual com ponto. A palavra Kavağı soa algo como caváâ). 
Mesquita de Mecidiye em Ortaköy, ainda em Istambul
         O estreito de Bósforo, com 31 quilômetros de extensão, tem uma localização geográfica bem peculiar, dividindo as Turquias europeia e asiática. Liga o Mar de Mármara ao Mar Negro, e na sua extremidade meridional se encontra a metrópole de Istambul. Com isto, qualquer cruzeiro de barco pelo Bósforo se inicia passando por bairros da orla de Istambul muito pitorescos, como Ortaköy, onde se pode apreciar a mesquita barroca de Mecidiye, erigida pelo mesmo construtor do Palácio de Dolmabahçe a mando do sultão Abdul Mecit em 1855. Isto sem falarmos na visão da Torre de Gálata ainda no próprio cais e do próprio Dolmabahçe.

         O percurso até Anadolu Kavağı dura uma hora e meia, e faz escala em cinco portos ao longo do Bósforo, se alternando entre as costas europeia e asiática e cruzando algumas pontes com diversos estilos arquitetônicos ao longo do trajeto. Nem sentimos a  passagem do tempo, tamanha a beleza das margens e diversidade de paisagens.
     
A Fortaleza da Europa e a Ponte Mehmet em Bebek
  
        Após deixar Istambul, o barco atravessou a região de Bebek, junto à Ponte Mehmet, onde se localiza a Fortaleza da Europa, no ponto exato onde o Bósforo é mais estreito (desculpem o trocadilho). Esta fortaleza foi construída neste ponto estratégico pelo próprio sultão Mehmet em 1452, um ano antes deste invadir Constantinopla e transformá-la no que seria Istambul. Bebek, uma localidade bastante aprazível, é sede da Universidade do Bósforo e possui uma promenade que acompanha o estreito. Achamos a área tão agradável que voltamos lá num dia posterior, por ônibus. Soltamos no início da promenade e caminhamos por toda a orla, passando pela fortaleza até a ponte. Um passeio muito relaxante em meio aos vários pescadores que esticavam seus caniços ao longo da margem do estreito.

O casario da vila de Yeniköy
         O barco foi singrando lentamente o estreito, passando por vilas em ambas as margens. As do lado europeu têm casas mais vistosas, com destaque para Yeniköy, no meio do percurso. Há casas belíssimas na sua orla, algumas contendo desenhos elaborados em suas fachadas. As primeiras yalıs, como são chamadas, foram residências de verão construídas às margens do Bósforo por vizires e paxás no século XVIII. 

A vila de Anadolu Kavağı

         Anadolu Kavağı é a última parada do ferry antes do seu retorno. Normalmente, o barco fica estacionado três horas para as pessoas almoçarem.  A pitoresca vila de pescadores tem alguns atrativos, mas o negócio é vencer a preguiça e subir o caminho bem íngreme até as ruínas do Castelo  de Yoros, no alto do morro que domina a vila. Anadolu  Kavağı está situada precisamente no ponto onde o estreito se alarga para encontrar o Mar Negro, no lado asiático e portanto na Anatólia - daí o seu nome. O castelo tem portanto uma localização privilegiada, se vendo tanto uma grande extensão do estreito para o sul quanto o seu encontro com o mar, com visão dos dois continentes, Europa e Ásia.  Uma autêntica aula de geografia ao vivo, conforme mostram a foto abaixo e a de abertura do post.
  
O estreito de Bósforo visto das ruínas do Castelo, com a Turquia europeia na outra margem
        Yoros é também chamado de Castelo Genovês, pois foi uma possessão genovesa no século XV. O castelo foi erigido algumas décadas antes, onde na Antiguidade existia um templo dedicado a Zeus. Conta-se que nestes primórdios, quando se desejava bloquear a passagem de barcos de guerra pelo estreito para atacá-los, uma corrente maciça era colocada interligando o castelo à fortaleza fronteira de Rumeli Kavağı, no lado europeu, atravessando o Bósforo. Yoros foi bastante utilizado para defesa pelos otomanos, mas com o passar dos séculos caiu em desuso, e sem manutenção adequada hoje só existem ruínas, que podem ser livremente exploradas pelos turistas.
   
As ruínas do Castelo de Yoros

          Antes de voltarmos ao barco, almoçamos em Anadolu  Kavağı , já famintos pelo esforço dispendido na subida. Como se trata de uma vila de pescadores, o que não falta são restaurantes oferecendo peixes saborosos a preços razoáveis.
 
          Na volta a Istambul, coincidindo com o cair da tarde, fomos brindados com uma visão deslumbrante da cidade histórica. Um final maravilhoso para um excelente passeio; certamente foi um dos pontos altos da nossa estadia na maior cidade da Turquia e que nos deixou boas lembranças.

Silhueta de Istambul no cair da tarde, com a Mesquita de Suleyman em destaque
        No próximo post, detalhamos algumas das atrações de Istambul vislumbradas no cruzeiro,  como a Torre de Gálata e o Palácio de Dolmabahçe.



  Postado por  Marcelo Schor  em 04.10.2012  

         Posts já publicados sobre a Turquia:
  • Istambul: Gálata e Dolmabahçe
  • O monumental Mausoléu de Atatürk em Ankara
  • As paisagens lunares da Capadócia
  • Passeio de balão na Capadócia



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