Istambul: Gálata e Dolmabahçe
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Istambul: Gálata e Dolmabahçe


O estreito de Bósforo e a Torre de Gálata em Beyoğlu
          
            Ao se mencionar Istambul a um turista brasileiro, a grande maioria pensa logo nas suas atrações mais famosas, como a Basílica de Santa Sofia, a Mesquita Azul, o Palácio Topkapı e o Grande Bazar. Todas imperdíveis e situadas na região de Sultanahmet, na margem sul do Corno de Ouro, a reentrância do Estreito de Bósforo que divide a parte europeia de Istambul. Entretanto, a região ao norte do Corno, Beyoğlu, considerada mais ocidentalizada, também guarda alguns tesouros históricos que certamente merecem a atenção do visitante.

Vista do cais de Eminönü 

            Beyoğlu está ligada ao centro histórico de Istambul pela Ponte de Gálata. A ponte sobre o Corno de Ouro, inaugurada em 1994 após o incêndio da anterior,  tem uma estrutura diferenciada. Por cima, passam os veículos; o andar de baixo, fechado e reservado a pedestres, sedia um mercado. Pode-se então alcançar Beyoğlu a partir do cais de Eminönü caminhando-se por um dos dois andares ou ainda pelo moderno bonde que atravessa a ponte. Diversos pescadores  se instalam diariamente na mureta da ponte, que termina no Mercado de Peixes de Karaköy. À medida que se caminha pela ponte, o panorama do bairro histórico Sultahnamet,  deixado para trás, vai se abrindo aos olhos, com destaque para os inúmeros minaretes das mesquitas que dominam o horizonte.

O contraste entre o antigo (mesquita de Dolmabahçe)  e o novo na avenida costeira. À direita, o estádio do Beşiktaş.

             Da cabeceira da ponte em Karaköy à principal rua comercial de Beyoğlu , a Istiklal Caddesi, pode-se pegar um prático funicular em metrô  (conhecido como Tünel, foi o terceiro metrô inaugurado no mundo em 1875, após os de Londres e Nova Iorque; tem somente duas estações, percorrendo uma subida por 575 metros) ou encarar uma ladeira. Quem optar pela ladeira passará por um dos pontos mais famosos de Istambul: a Torre de Gálata. A torre atual, com 60 m de altura e facilmente identificada na paisagem,  foi construída em 1348  pela colônia genovesa de Constantinopla (aliás, Beyoğlu  nunca pertenceu a Constantinopla, tendo sido incorporada a Istambul somente no século XX) como torre de vigilância em substituição à antiga. No passado, a torre foi alvo de exóticos experimentos de voo livre, incluindo um aparentemente bem sucedido no século XVII, em que um homem voou com uma asa artificial da torre até o lado asiático de Istambul, atravessando o Bósforo. Hoje a torre possui um restaurante no seu último andar, onde acontecem shows de dança do ventre, junto a um mirante com excelentes vistas para o Corno de Ouro, o Estreito de Bósforo e a antiga Constantinopla.

Trecho comercial da Istiklal Caddesi, principal artéria de Beyoğlu

           Por sua vez, a Istiklal Caddesi (Avenida da Independência) se constitui na principal via de compras de Istambul, percorrendo dois quilômetros antes de acabar na Praça Taksim, ponto onde se concentram vários hotéis. Coração do antigo bairro de Pera, que chegou a ser conhecido como "A Paris do Oriente Próximo", é uma avenida elegante; tem o tráfego reservado a pedestres e bondes, com edificações do século XIX que sediavam várias embaixadas. Provavelmente é o local com aspecto mais europeu de toda a cidade. Aqui encontramos também galerias comerciais, dos quais a mais famosa e a Çiçek Pasajı, galeria de luxo que antes abrigava um mercado de flores. 
            
Sentinela guardando a entrada do Palácio Dolmabahçe

           Seguindo por três quilômetros pela orla após Karaköy, já no bairro de Beşiktaş, encontra-se ainda o segundo palácio mais famoso de Istambul - o Dolmabahçe (pronuncia-se dolmabartchê). Este palácio foi a residência dos sultões otomanos a partir do século XIX. O sultão Abdülmecid I decidiu abandonar Topkapı e construir um novo, mais confortável e opulento palácio, inaugurado em 1856,  já no período de visível declínio do antes potente Império Otomano. O palácio ainda foi o centro administrativo do Império até a queda deste e posterior mudança da capital para Ankara na década de 20 do século passado.  Ao contrário de Topkapı, Dolmabahçe segue o estilo francês e mantém todo o seu luxuoso mobiliário preservado e aberto a visitação. Entre o Portão Imperial e o prédio do palácio existe um amplo jardim, com destaque para a Fonte dos Cisnes. Por sinal, o nome do Palácio já alude aos jardins, pois significa "jardim aterrado" em turco.

A Fonte dos Cisnes e a fachada do Palácio Dolmabahçe
         O que mais chama a atenção ao se percorrer o interior do palácio é a ostentação, presente em cada detalhe. É justamente esta quase inacreditável ostentação que faz com que sua visita seja imperdível. Nos salões ricamente ornamentados se destacam os enormes candelabros, em especial o maior lustre de cristal da Boêmia, trazido da Inglaterra, com 750 lâmpadas e 4,5 toneladas. Durante a visita guiada, se passa pelo Salão Cerimonial, onde o pesado lustre está pendurado, pelo luxuoso Salão Süfera, onde os embaixadores aguardavam a audiência com o Sultão, e pela impressionante Escadaria de Cristal, em formato de ferradura dupla  e adornada com corrimão de bronze, mogno e apoios em cristal Baccarat (!) . Estando na Turquia, não é de se estranhar que os tapetes do Palácio sejam outro destaque, pela beleza de seus desenhos e pela textura de seda, lã e algodão, incluindo ainda fios de ouro ou prata.
 
O magnífico lustre no Palácio

         Outro destaque do museu é o quarto onde faleceu Mustafa Kemal Atatürk, presidente da Turquia entre 1923 e 1938, e fundador da República Turca (Atatürk significa "pai dos turcos"). Todos os relógios do palácio estão parados na hora do seu falecimento, 9:05 da manhã de 10 de novembro de 1938.  

Os jardins do Palácio

          Já que mencionamos o líder turco, o próximo post da série será dedicado à capital Ankara, onde se encontra o Mausoléu de Atatürk, um dos monumentos mais visitados em todo o país.



  Postado por  Marcelo Schor  em 10.10.2012  

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