Eu já não sou mais a mesma
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Eu já não sou mais a mesma


Hoje estou com 34 anos. Quem diria que o tempo passaria tão rápido assim!

 Maranhão, 1983                                                   Marrocos, 2014

De vez em quando me pego a pensar que tipo de pessoa eu seria se a minha vida tivesse seguido um outro rumo e eu ainda morasse no Brasil. Certo, nasci e cresci lá, foi no Brasil que vivi a maior parte da minha vida, mas tenho certeza que esses anos vivendo fora foram ainda mais fundamentais para a consodalização da minha personalidade.

Eu já fui muito fechada, tímida, mais difícil de lidar e de agradar. Acho que o tempo vai nos ajudando a relativizar as coisas, mas acredito que o que me fez mudar realmente foi morar fora.

Tive que abrir mão das minhas centenas de livros que ficaram lá na casa dos meus pais, um quarto inteiro de livros (de psicologia, de literatura, de tudo), de muitos sapatos que adorava e que aqui não me são de nenhuma utilidade e de roupas. Eu que antes era tão apegada aos meus amados "bens materiais", hoje não sinto (praticamente) nenhuma falta deles, posso muito bem viver sem.

Sempre gostei do Brasil e fui muito feliz lá, mas é engraçado que hoje, quando volto ao Brasil, já me sinto uma "estrangeira" passeando pelas ruas e lugares que antes me eram tão familiares... olhando tudo com olhos de estrangeiro.  Mesmo se na casa dos meus pais (onde morei por 28 anos) meu quarto tenha fica intacto, hoje me sinto uma visita. Nesse meu antigo quarto, com meus antigos objetos, é como se nada daquilo nunca tivesse me pertencido! Pertencem a uma outra época, eu diria mesmo a uma outra vida e a uma outra pessoa, aquela que eu fui um dia e que não sou mais. Um ano depois eu já não me identificava mais com tudo aquilo.
Praça da Alfândega, julho de 2013.

Algumas pessoas me olham atravessadas quando digo que onde me sinto realmente em casa é na minha casa, aqui na França, país onde resido há pouco mais de 5 anos.

E também aprendi a compartilhar... Antes tinha dificuldades em dividir o espaço, roupas e maquiagem com minhas irmãs, atualmente não vejo nenhum problema em emprestar. Aprendi com quase 30 anos (não sem dificuldades!) a dividir o mesmo teto (a mesma cama e o mesmo banheiro!) com uma pessoa completamente diferente de mim e que na época eu conhecia tão pouco.

Eu que cresci no meio do mato, rodeada de plantas e animais, hoje me alegro de viver na "cidade grande", perto de tudo e com fácil acesso a tantas coisas que durante muito tempo estiveram tão longe da minha realidade.

Se eu tivesse que viver tudo de novo, provavelmente teria feito as mesmas escolhas.



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