Como é viajar no cruzeiro da Disney ao Alasca
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Como é viajar no cruzeiro da Disney ao Alasca



O Disney Wonder ancorado em Ketchikan, no Alasca

          Conforme mencionei no post inaugural da série, embarquei em um cruzeiro ao Alasca pela Disney. Para falar a verdade, originalmente eu nem sabia que ela operava para lá. Meu irmão e cunhada já tinham feito a pesquisa prévia e planejado tudo para viajar com as crianças e simplesmente me agreguei à trupe. Há várias alternativas de operadoras para o cruzeiro de sete dias pela costa do Alasca e a Disney cobra bem pelo privilégio de se viajar com seus personagens e pela qualidade de seus serviços. Paguei caro pela viagem (bem mais do que se fosse por outra companhia), mas o saldo foi muito positivo. Voltei encantado; mesmo sendo adulto, é impossível você não se contagiar com a magia oferecida por uma operadora especializada em entretimento por várias gerações. A paisagem maravilhosa ajuda bastante, mesmo com o tempo ruim que pegamos em algumas paradas.

          Quando se pensa em viajar em um cruzeiro Disney, o que vem à cabeça normalmente é o Caribe. Mas o Alasca com todo seu gelo até combina com a última moda em termos de Disney, o mundo de Frozen. Como é então navegar rumo ao Alasca nesse cruzeiro? Descrevi abaixo como foi passar uma semana no navio durante essa aventura, com suas muitas qualidades e alguns (poucos) deslizes.

O convés do quarto deque, com as montanhas da costa da Colúmbia Britânica enfeitando a travessia

O navio: O Disney Wonder já tem uma certa idade, foi construído em 1999. Tem comprimento de 294 metros e capacidade para 2.700 passageiros além dos tripulantes. Apesar de já um pouco vetusto, suas instalações estavam muito bem cuidadas, sem nenhum sinal de desleixo. 

Os viajantes: Um cruzeiro da Disney pressupõe maioria absoluta de famílias com crianças, certo? Errado, pelo menos na nossa viagem. Havia muita gente sem crianças acompanhando, o que foi uma grande surpresa para mim. Não sei se contribuiu o fato de viajarmos no cruzeiro inicial da temporada, na primeira semana de junho, quando muitas escolas americanas ainda estão encerrando o ano letivo. Quanto à nacionalidade, como era de se esperar a maioria absoluta era de americanos, com alguns brasileiros a bordo.

Vista parcial da cabine onde dormi

Embarque: Foi feito em Vancouver sem maiores problemas - no terminal do Canada Place a fila estava longa, mas fluiu rápida. Facilitou termos preenchido de antemão o check-in online e o termos trazido impresso. A Disney divide o embarque por horários, o que ajuda a evitar tumulto. Embarcamos no turno do meio-dia (o primeiro era às 11 e o navio partia às 4). Cabines liberadas à 1 e meia (aproveitamos e almoçamos no intervalo) e bagagem no quarto até as 5, tudo correu conforme previsto. Nossos passaportes brasileiros foram retidos pela tripulação e devolvidos antes do desembarque. Na parada de Skagway os pegamos para fazer o passeio por trem até a Yukon Bridge, no Canadá.

Cabines: Para um navio, achei o tamanho da cabine muito bom, 17 m². Fiquei numa cabina interior, a menor e de preço mais barato do cruzeiro. Bem confortável, a cabine ficava no sexto deque (são dez no total) na popa. Como o cruzeiro para o Alasca passa a maior parte do tempo longe do mar aberto, navegando pela chamada Inside Passage, o balanço não foi um problema. Na maior parte do tempo, nem era notado.

Em cada cabine estão disponíveis telefones portáteis gratuitos para uso de cada viajante dentro do navio. Desta forma a comunicação entre os membros da família fica facilitada.


A foto de Walt Disney emoldura a entrada do teatro do navio

Entretenimento: Os shows noturnos foram absolutamente sensacionais, com duração de pouco menos de uma hora. Três musicais no nível da Broadway (Disney Dreams, Golden Mickeys - meu favorito, e Toy Story), um show de mágica e um de ventriloquismo, ambos muito bons. Nunca pensei que um ventríloquo fosse me entreter por 50 minutos, mas aconteceu! Os espetáculos são apresentados duas vezes a cada noite. Como nós estávamos no segundo turno do jantar, assistíamos aos shows das 18h15min. O Walt Disney Theater tem capacidade para umas 1200 pessoas, sem lugar marcado. A decepção foi a terceira noite; não houve show e em seu lugar foi apresentado o mais recente filme do George Clooney, Tomorrowland, que tinha estreia mundial naquela semana. Infelizmente não era permitido tirar fotos durante os shows.

O átrio em dia de navegação, com a estátua da Pequena Sereia: autógrafos de personagens e duplas cantando 

O transatlântico conta ainda com um cinema que passa filmes da Disney e da Marvel durante todo o tempo.

Além dos espetáculos à noite, bons cantores em duplas estavam sempre se apresentando nos espaços dos deques 3 e 4. Existem várias salas de recreação para as crianças maiores de três anos, onde elas aproveitam o dia para alívio e descanso dos pais. Há determinados horários nesses "clubinhos" quando crianças pequenas podem entrar acompanhadas de um responsável. Para os adultos estão disponíveis dois bares (um piano-bar) e uma discoteca noturna. Não há cassino, só sessões de bingo. Senti falta de mais atrações para os adultos nos dias de navegação. Uma biblioteca no navio, por exemplo, seria muito bem-vinda.

Os Monstros S.A. recebem crianças para a aguardada foto no átrio

Os personagens Disney: Para quem viaja com crianças, uma das atrações mais aguardadas do cruzeiro são as aparições dos personagens favoritos da petizada. Foram várias aparições, anunciadas no jornalzinho distribuído na noite anterior nas cabines. Havia personagens da Disney e da Pixar, mas nem sinal dos heróis da Marvel. Normalmente ficavam no lobby central tirando fotos com cada família, e a fila podia ficar grande. As fotos eram depois vendidas a 20 dólares cada, mas quem quisesse podia tirá-las por conta própria (foi o que fizemos). Além disso, personagens Disney ainda apareceram durante uma das refeições, indo a cada mesa para o clique. Alguns personagens como os de Frozen mereciam sessões especiais para as quais tínhamos de nos inscrever com antecedência.

         Um evento que causou expectativa foi o anúncio pela Disney de que este seria o primeiro cruzeiro com uma festa tendo como tema o megassucesso Frozen. As festas temáticas dos navios da Disney são famosas pela sua produção. Bem, a festa Freezing constava de atores fantasiados dos personagens do filme reproduzindo algumas cenas com coreografia. O único problema é que, fazendo jus ao seu título, a festa aconteceu ao ar livre no convés superior às dez da noite no meio dos mares do Alasca. Literalmente congelante, para dar sentido ao título! Diferentemente dos americanos, não aguentei nem cinco minutos naquela friagem.

Almoço apreciando a paisagem no convés superior: alternativa interessante para dias mais quentes

Comida: Os jantares a la carte, incluídos no preço do cruzeiro, se dividem em dois turnos, que você escolhe antes do embarque. Os horários eram infelizes: 17h45min (cedíssimo) ou 20h15min (mais tarde que o ideal, pelo menos para nós). Escolhemos o segundo turno. O navio possui três restaurantes, que seguem um esquema de rodízio: cada dia você vai a um; sua mesa é pré-determinada com um número e os garçons são sempre os mesmos para sua mesa. Achei o esquema superinteressante, dá uma sensação adicional de variedade.  Dentre os menus de cada dia, houve espaço para os temas Frozen (comida escandinava) e Toy Story (tex-mex). Para quem não gostasse do menu temático (foi o meu caso com comida mexicana), havia sempre opções seguras como peito de frango com batata assada. Um prato bastante frequente era o astro da culinária local, o salmão. Como norma, a comida em todos os jantares esteve bem gostosa. Bebidas não alcoólicas servidas em copos são gratuitas e repostas à medida que o copo esvazia.  

Há um restaurante mais exclusivo no deque 9, o Palo, com reservas e pagamento à parte. Nós preferimos não ir (não adianta, para mim gravata e cruzeiro são palavras incompatíveis). O casal americano que dividia a mesa conosco foi na última noite e adorou. Falaram que a refeição foi soberba e que a vista do pôr-do-sol pelas vidraças do restaurante foi inesquecível.

 Quanto ao almoço, na maioria das vezes comemos no bufê do convés, cuja parte externa aparece na foto acima. A comida era muito menos elaborada que a dos jantares, mas dava para o gasto. Tanta oferta  levou a uns quilinhos a mais ao desembarcarmos, ainda mais com os quiosques do convés oferecendo pizza, cachorro quente, sanduíches, hambúrguer, refrigerante e chocolate quente a qualquer hora do dia, tudo com sabor e à vontade. Paga mesmo por incrível que pareça só a pipoca oferecida no teatro e no cinema. Vá entender...

Minha cunhada e meu sobrinho curtem a visita inesperada durante a refeição

Serviços: Este era um ponto com que eu estava ressabiado antes de embarcar. Minha única experiência anterior em cruzeiros, pela Costa Cruzeiros no Natal de 2011, foi péssima. Desta vez foi totalmente diferente. A tripulação do cruzeiro da Disney foi muito atenciosa. Nosso ótimo garçom Juan em particular já chamou a atenção logo na primeira noite - ao servir o prato principal e verificar que meu sobrinho de dois anos tinha adormecido no colo da mãe, sem que ninguém solicitasse tomou a providência de cortar o filé em pedaços de forma que minha cunhada só precisasse usar uma das mãos para comer. 

 Um ponto com que todo brasileiro se assusta é a gorjeta. A Disney sugere um valor de 12 dólares por dia, distribuídos pelo camareiro, garçom, assistente de garçom e maître. A não ser que você comunique o desejo de um valor diferente, essa quantia (84 dólares por viajante) será debitada do seu cartão de crédito no fim da viagem.

Nadadores mirins na piscina aquecida do convés superior

Excursões: As excursões opcionais, como sempre mais caras que se adquiridas fora do cruzeiro, foram objeto de muita discussão na minha família. Valia a pena adquiri-las no cruzeiro? No final a comodidade e a segurança (para o caso de um atraso improvável na volta do passeio) prevaleceram e compramos as excursões do cruzeiro mesmo. As inscrições abriram em meados de março e havia vários horários disponíveis. Um fator que não levamos em conta foi o fato de as excursões sempre terem início em um salão do navio. Ou seja, se você marcou uma excursão no meio do período de permanência do navio no porto, tinha que voltar ao navio para pegá-la. Para nós, isto só teria se configurado em problema em Juneau, onde o navio aportou fora do centro. Felizmente nesse dia nossa excursão começava quinze minutos depois de o navio ancorar. Com respeito a cada excursão, vou detalhá-las nos posts de cada parada, mas foram satisfatórias e tudo correu direitinho de forma organizada, com uma pequena exceção em Juneau mesmo, onde nos colocaram na excursão errada, com o erro sendo corrigido a tempo,

Muito interessantes foram duas palestras feitas por um especialista nos primeiros dias de navegação, sobre a fauna do Alasca (tipos de ursos, águias e baleias, entre outros) e suas geleiras, com destaque para os glaciares Sawyer e Mendenhall, que visitaríamos nos próximos dias. Um toque inteligente  para aumentar nossa expectativa e apreciação do que estava por vir. 

Falando em excursões (que só podem ser canceladas até dias antes do embarque), houve uma surpresa: elas foram debitadas no cartão de crédito no dia de início do cruzeiro, antes de acontecerem. Achei esquisito, mesmo porque poderiam não ocorrer em caso de condições meteorológicas extremas.

A silhueta inconfundível presente nas chaminés do Disney Wonder

Desembarque: A parte mais desagradável de qualquer cruzeiro teve algumas escorregadelas. O desembarque se iniciava às 8 e nosso voo para Toronto estava marcado para as 2 da tarde, já que a Disney recomenda marcar voos de saída de Vancouver para o meio-dia em diante. Após tomarmos o café e pegarmos de volta nossos passaportes, descemos por volta das 9. Nossas malas ainda não tinham chegado ao terminal. As malas eram divididas por setores, identificados por personagens, e tivemos que amargar uns 40 minutos em pé no saguão desconfortável do terminal até aparecerem as malas com a cara do Pato Donald. Ô, Disney, por que não informar o horário previsto de desembarque de malas para cada personagem? Assim poderíamos esperar mais confortavelmente dentro do navio.

Para piorar, a minha mala não apareceu: depois descobri que a etiqueta do Donald havia se despregado e a colocaram numa área de extravios. O pior é que ninguém me informava onde ficavam essas malas e passei mais meia hora desesperado catando a minha bagagem. Na hora só pensava que devia ter escolhido a opção de desembarque expresso, onde você mesmo carrega sua mala o tempo todo na saída do navio.

Transporte para o aeroporto:  Como éramos cinco e táxis normalmente só carregam quatro pessoas até o aeroporto de Vancouver, resolvemos nos dividir: Meu irmão e a família pegaram um táxi, enquanto eu encarei o shuttle da Disney, pelo qual paguei 25 dólares no dia anterior (o custo é por pessoa, se meu irmão tivesse optado pelo shuttle teria pago 75 dólares; o táxi saiu por 37 dólares canadenses com gorjeta - US$ 30,50). Para quem quer economizar e tem pouca bagagem a melhor opção é o Skytrain, que custa 9 dólares canadenses e cuja estação fica a uma quadra do terminal marítimo. 

As filas para o táxi e para o shuttle no terminal estavam monstruosas. Meu irmão acabou chegando bem antes no aeroporto com o táxi. O motorista do ônibus ainda fez o favor de só parar na área internacional do embarque, me obrigando a andar até a ala doméstica. Para irritar ainda mais quem estava com horário apertado, o ônibus ainda fez um desvio no pátio de estacionamento do aeroporto, para que uma funcionária da Disney  subisse a bordo para explicar como se faz um check-in (oi??).



Mais uma foto do convés: a piscina diante do cenário glorioso do Sawyer Glacier; à esquerda o balcão de pizzas

Só para finalizar, um detalhe que registra o clima de eterno otimismo dos cruzeiros Disney: todos os sites meteorológicos podiam apontar chuva para o dia seguinte (como de fato ocorria), mas a previsão que constava do jornalzinho distribuído nunca passava de um descompromissado "cloudy"....

  No próximo post, começamos a desbravar a costa sudeste do Alasca, relatando a parada em Skagway, a cidade que parece saída de uma fita de faroeste.

* Este é o segundo post da série sobre o cruzeiro ao Alasca. Para visualizar os demais, acesse  Navegando pela costa do Alasca.


 Postado por  Marcelo Schor  em 29.07.2015 



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