A nossa primeira paragem por terras gregas foi o que, há mais de 2000 anos atrás, era um solo sagrado venerado pelos habitantes das diferentes cidades-estado gregas. Segundo a lenda, Zeus lançou duas águias de cantos opostos da Terra e ambas se cruzaram nos céus por cima de Delfos, indicando que era ali o centro do mundo. Suposta residência ancestral do Deus Apollo, Delfos começou a ganhar fama já por volta do séc. VIII a.C. pois era aí que os adoradores de Apollo podiam ouvir as suas palavras, ditas pela boca de uma sacerdotisa (pitia ou pitonisa). Até Hercules, depois de ter morto a sua mulher e filhos, sob o feitiço de uma deusa ciumenta, veio a Delfos saber como se poderia redimir dos seus pecados. A pitia disse-lhe que ele teria de servir o seu irmão durante 12 anos. Ora este encarava Hércules com desconfiança, vendo nele um rival com pretensões politicas, logo planeou a sua morte encarregando-o das missões mais arriscadas e das quais era quase impossível sair com vida. Foram esses os famosos 12 trabalhos de Hércules, todos eles cumpridos com sucesso pelo homem que tinha uma força de vontade de um Deus. Contudo, a história de Delfos não se baseia só em personagens míticos mas também, e principalmente, na veneração de todos os estratos sociais da época, desde os cidadãos anónimos até a réis e imperadores, como Alexandre, o Grande, que fez uma visita para saber como lhe iria correr a sua aventura por terras longínquas. Os visitantes tinham de se banhar antes de consultar a oráculo que, sob o efeito de um transe supostamente induzido por vapores vindos do subterrâneo, respondia as perguntas feitas pelos crentes.
A era de ouro de Delfos foi entre os séculos VI e II a.C., quando a sua importância politica e religiosa atingiu o seu auge e o santuário era composto por um complexo de templos (mandados construir pelas cidades como meio de veneração), um teatro com 5000 lugares sentados e um estádio com 7000 lugares e 200 m de comprimento (actualmente o mais bem preservado da Grécia), onde se realizavam os jogos piticos, um conjunto de eventos de carácter desportivo e recreativo que, de oito em oito anos, comemoravam a vitoria de Apollo sobre a serpente Piton.
Quando os romanos chegaram, em 191 a.C., o complexo de templos começou a entrar em declínio, e o seu estatuto começou a oscilar ao sabor dos caprichos do imperador romano até que, em 393, o oráculo foi abolido pelo imperador Teodósio, que cristianizou o império bizantino. Hoje são só ruínas de um passado glorioso, mas quando se visita este local ainda se consegue sentir qualquer coisa especial, algo a que não será alheio a espectacularidade da paisagem envolvente, um vale com vertentes escarpadas que corre em direcção ao golfo de Corinto, o qual se pode ver ao longe.