Christopher é o nome do negro garifuna que comanda a lancha que me transporta de Dandriga até Tobacco Caye, um caye (ilha) na costa do Belize. Uma família partilha o barco comigo: um jovem americano cheio de rastas que casou com uma rapariga garifuna e os seus três filhos: um rapaz mestiço cheio de rastas, que penso ter cerca de 8 anos, e duas lindas meninas mais novas completamente garifunas. Os miúdos vibram quando a lancha chega ao recife de coral. As águas transparentes e os peixes a moverem-se à volta do barco é o motivo de tanta excitação. Olho para a frente e vejo a minha primeira visão do paraíso: uma ilhota de areia branca coberta de palmeiras rodeada por recife de coral e com meia dúzia de cabanas de madeira construídas sobre a água. Os miúdos excitados perguntam ao pai:
- Vamos ficar aqui? Will we stay here?
O pai responde afirmativamente. Eu, longe dos meus 6 ou 8 anos, sinto vontade de juntar-me a eles e saltar de contentamento dentro do barco.
Combinamos com o Christopher a hora e o dia em que nos virá buscar ao paraíso e nos levará de volta para o "mundo real". Christopher pergunta-me:
- Are you sure?
- Probably not, but I have to do it!!!
Quando saio do barco e os meus pés tocam as areias de coral, sinto que deveria ficar aqui mais tempo e talvez abdicar de visitar alguns lugares na Guatemala. Ainda me sinto tentada a fazê-lo mas a minha ânsia de conhecer tudo trava-me.
Tobacco Caye é uma das ilhas menos visitadas de Belize e assim deve permanecer. A ilha é tão pequena que em menos de 10 minutos é possível circulá-la. A praia de areia branca está cheia de palmeiras e quase não há lugar para colocar uma toalha estendida. O melhor é fazê-lo num dos molhes de madeira ou no varandim da cabana.
Se o paraíso existe é assim que eu o imagino. A ilha não tem restaurantes, serviços ou lojas. Há um pequeno bar onde se reunem as pessoas durante a noite. Existem 6 alojamentos com pequenas cabanas; Umas sobre a água outras no meio do palmeiral, cuja taxa incluí dormida e 3 refeições diárias (pequeno-almoço, almoço e jantar).
Os dias do paraíso são simplesmente divinais. Os raios de sol entram pela janela da cabana às 7h da manhã. O barulho do mar e a claridade acorda-me e, sentada na rede, vejo os pescadores recolherem as redes. Às 8h toca a sineta para o pequeno-almoço. Fruta, pão, sumos e ovos para começar o dia de forma energética. Não há muita coisa para fazer por aqui e talvez por isso não hajam teenagers barulhentos ou o mesmo tipo de mochileiros que se vêem em Caye Caulker.
Os dias são passados entre mergulhos no recife de coral à procura de raias, tartarugas, peixes e corais, passeios de canoa pelas águas transparentes das caraíbas ou ler um bom livo numa cama de rede sobre a água, escutando o som do paraíso.
O almoço sai religiosamente ao meio-dia e consiste em refeições leves sempre acompanhadas por fruta. Quem procura vida nocturna está no local errado. O jantar é servido às 18h, imediatamente depois do pôr-do-sol, e o bar funciona apenas duas ou três horas por noite. Depois das 21h só se ouve o barulho do mar e o vento a soprar entre os ramos das palmeiras.
As noites trazem milhões de estrelas que cobrem o céu de branco e iluminam o mar e a noite. Para quem permanece acordado depois das 23h, as estrelas são a única companhia.
Nesta altura do ano, a noite traz também chuvas tropicais acompanhadas de fortes trovoadas e ventos. As cabanas são perfeitas para escutar estes sons da natureza.
Quando deixo para trás Tobacco Caye faço-o com tristeza. Não quero partir. Na minha cabeça entoa a música do Phil Collins "Just one more night". Quero voltar. Um dia vou voltar. Tobacco Caye fará parte da lista dos lugares onde fui e vou voltar a ser muito feliz.
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