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Punta Ninfas
Punta Ninfas situa-se a 90km de Puerto Madryn e é um dos melhores lugares do mundo para observar elefantes-marinhos. São precisas quase duas horas para percorrer a distância entre os dois locais já que a estrada não é asfaltada. Punta Ninfas é um promontório rochoso com mais de 200m de altura em relação à praia onde centenas de elefantes-marinhos se espreguiçam e assistem ao rebentar das ondas. Aproveitei o dia da Nação Argentina (25 de Maio) para visitar este local. Como era feriado, vários argentinos fizeram o mesmo e aproveitavam o dia de descanso para pescar na praia a poucas dezenas de metros da maior espécie de focas. Tal como todas as focas, os elefantes-marinhos têm membros posteriores atrofiados e deslocam-se arrastando-se no terreno. A cauda parece uma membrana dupla e é possível ver os seus dedos. Esta cauda é a razão pela qual são muito bons nadadores. O elefante-marinho foi perseguido, inclusive nas costas da Argentina, e caçado para extrair gordura, óleos e a sua pele. Hoje é uma espécie protegida e as populações defendem-nos com unhas e dentes. Têm consciência da sua importância em termos ambientais, mas especialmente, em termos económicos. Chegam todos os dias turistas à procura de estar frente-a-frente com estes mostros marinhos. Os locais já perceberam que estes animais podem ser uma enorme fonte de receita. No mês de Maio, a colónia de elefantes-marinhos de Punta Ninfas tem poucos indivíduos, não chega a meia centena. No verão austral, entre Dezembro e Fevereiro, a colónia recebe mais de mil individuos desta espécie. Agora restam as fémeas que estão a amamentar as crias e alguns juvenis que ainda não estavam preparados para a migração de inverno. No entanto, a visita a esta colónia foi uma experiência incomparável. Os elefantes-marinhos olham-me, seguem os meus movimentos com os seus olhos negros, meigos e indefesos. Parecem pedir-me "brinca comigo". Vou girando a cara, ora para a esquerda, ora para a direita. Eles vão seguindo os meus movimentos. Deito-me nos calhaus da praia e estico-me na sua direcção. Vou arrastando-me até chegar bem perto. Não parecem importar-se e alguns até parecem competir por um pouco de atenção. Os elefantes-marinhos mais jovens exibem cicatrizes e feridas. Algumas resultam das lutas que travam entre si na procura de um espaço. Outras resultam de embates que travam com as rochas quando tentam sair do mar. Os machos adultos são muito maiores que as fêmeas e podem atingir 4 toneladas. Infelizmente, nenhum macho adulto se encontrava na colónia, pois são estes que exibem verdadeiras trompas. As narinas começam a desenvolver-se quando o macho tem cerca de 3 anos e depois são usadas para emitirem sons graves e aterradores e intimidarem os restantes machos do grupo. Na actualidade ainda me foi possível ver estes animais a menos de um metro de distância. Quando soube que assim seria não pensei duas vezes e agarrei esta oportunidade com unhas e dentes. Fala-se que a partir do próximo ano a colónia será fechada e não será possível descer a falésia para privar com estes animais. Obviamente que se entende tal medida, mas, no fundo, será necessária? As colónias da Península de Valdés estão já isoladas e, ao contrário destas, vêem a quantidade de indíviduos a diminuir e não a aumentar. Até que ponto impedir este contacto será vantajoso? Os pescadores locais deixarão de poder descer a falésia e recolher aqui o seu peixe. Será que esta proibição levará ao aumento de individuos na colónia? Ou acontecerá precisamente o contrário, também os elefantes-marinhos terão tendência a deslocar-se para outro local? O futuro nos dirá. No entanto, uma coisa é certa. Estes animais não vêem nos humanos qualquer ameaça e parecem satisfeitos com a minha presença. Para mim, foi um prazer compartir esta tarde com eles. Há muito tempo que não me sentia tão relaxada e em paz.
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