A criação do blog tem relação com suas experiências em viagens, realmente? Conte um pouco dessa história.
Eu decidi criar o blog quando voltava de uma dessas viagens e comecei, ainda no avião, registrar as coisas legais que tinha vivenciado. Fiquei pensando no quanto de mulheres ainda se sentem inseguras ou dependentes para realizarem uma experiência dessas. Foi quando eu realmente constatei que viajar sozinha não é nenhum bicho de sete cabeças. Aliás, a grande maioria dos comentários que recebo é exatamente nesse sentido. Mulheres que agradecem pela “força” e encorajamento encontrados no blog.
O planejamento para viajar sozinho é diferente? Fale sobre essas particularidades.
Sim, o planejamento é bem diferente. Primeiro, uma coisa que para nós mulheres não é fácil, é racionalizar na hora de arrumar a bagagem, ou seja, estar sempre lembrando de que não teremos ninguém para nos ajudar a carregar as malas, para cima e para baixo. Então, é deixar o secador de cabelos para trás, diminuir o número de sapatos e bolsas, e por aí vai. Um aspecto importante a ser considerado é com relação às condições de segurança oferecidas nos lugares a serem visitados. Eu fico sempre muito atenta a esse aspecto para poder dar dicas para as seguidoras, como, por exemplo, o cuidado com táxis em Buenos Aires. Finalmente, não escolher lugares onde você estará mais sozinha do que já está, como praias paradisíacas, mas isoladas.
O que você aprendeu viajando sozinha e que agora leva para toda viagem que faz? Aprendi, em primeiro lugar, que é muito importante termos boas informações sobre o lugar escolhido: a história, a cultura, os costumes. É comum vermos pessoas terem suas expectativas frustradas ao chegarem a um lugar e não encontrarem aquilo que esperavam. Estando sozinha, então, é muito pior. Aprendi a ter sempre um bom livro à mão, pois, à noite, é uma ótima companhia no quarto do hotel. Procuro livros ambientados nos lugares por onde viajo, pois, além de me distrair, aprendo mais sobre os locais. Eu teria uma lista enorme para recomendar. Por exemplo, li os Maias, de Eça de Queiroz, em Lisboa (senti-me como se fizesse parte da história, andando por aquelas lindas ruas do Bairro Alto ou da Baixa). Também, como disse antes, aprendi a organizar uma mala “enxuta”. E, apesar das inúmeras inovações tecnológicas, levo sempre um caderninho para registrar minhas impressões.
Conte algo que você fez ou que aconteceu de legal em uma viagem que fez sozinha e que, acompanhada, provavelmente, não aconteceria.
O que mais interessante pode acontecer em uma viagem solo é a boa disposição para conhecer outras pessoas que estão na mesma condição. Conheci uma peruana em Roma, e fizemos ótimos passeios; uma argentina, em um trem noturno de Barcelona para Milão (fechamos o carro restaurante); um arquiteto japonês, incrível, em Nice, na França, e por aí vai... Se estivesse acompanhada, não teria tido essas oportunidades. Algumas dessas amizades mantenho-as até hoje, por meio das redes sociais.
E os perrengues, acontecem muito quando se viaja sozinho? Já aconteceu algo com você?
Os perrengues sempre podem acontecer, independente de estar sozinha ou não. Isso aconteceu quando me preparava para ir de trem, em cabine, de Madri para Paris, e os ferroviários entraram em greve. Enfiaram os passageiros em uns ônibus comuns e nem pensaram em ressarcir os gastos. Fazer o que?
Como se precaver de alguns possíveis problemas quando se viaja sozinho.Não há como se precaver. Você pode estar na Nicarágua, Chile ou México e acontecer um terremoto... O pior que pode acontecer para um viajante é perder os documentos, dinheiro e cartões de crédito. E, sem ninguém para recorrer, é pior ainda, principalmente estando no exterior. Por isso, é preciso ter um cuidado redobrado. No caso das grandes cidades, eu sempre procuro me informar sobre o endereço dos consulados do Brasil. O importante, para uma mulher, além de procurar manter a calma, é confiar no seu apurado sexto sentido. Aquele que nos avisa quando o sinal está vermelho.Viajar sozinho traz muito do autoconhecimento e da autorreflexão? É bom para conhecer limites e aprender?
Sim, quando estamos sozinhos aprendemos a nos colocar à prova, tomar as rédeas do nosso próprio destino, ser inteiramente responsável por nossas escolhas, e isso nos fortalece. Tenho certeza de que qualquer mulher que teve essa experiência volta melhor, mais confiante em suas possibilidades e limites.
Quais são as dicas de ouro para quem quer viajar sozinho?
Existem muitas dicas e elas estão todas no meu blog. Mas, uma coisa é certa: estar bem consigo mesma e saber se comunicar em inglês, nem que seja um pouquinho, quando estiver no exterior.